O avião do modelo Curtis C-46 Commando, era um bimotor utilizado para transporte militar na Segunda Guerra Mundial e depois foi transformado em avião comercial, sendo vendido para empresas como a Varig.
Quem visita Itacoatiara, no Amazonas, tem a oportunidade de conhecer alguns pontos turísticos importantes como a curiosa pedra pintada que possui uma figura rupestre com símbolos religiosos e inscrições, além de conhecer a orla da cidade que se estende por quase todo o Centro do município.
A cidade fica na Região Metropolitana de Manaus e é considerada a terceira mais populosa do Estado, com 104.046 habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Fundada em 1683 por padres jesuítas, a cidade, antes de receber o nome ‘Itacoatiara’, era chamada de Velha Serpa.
Entretanto, um dos pontos mais visitados é o aeroporto da cidade, que guarda uma curiosidade: a carcaça de um avião abandonado.
O avião é do modelo Curtis C-46 Commando, bimotor utilizado para transporte militar, principalmente durante a Segunda Guerra Mundial, pela Força Aérea Americana, em 1943. Foi operado pela USAAF/USAF até 1960, quando foi vendido e convertido em aeronave civil.
Seu comprimento chega a 23,26 metros, com uma altura de 6,63 metros. O alcance de voo chegava a 3.880 Km/h e uma altitude máxima de 8.410 metros. Somente o avião pesava 13.985 Kg e tinha uma autonomia de 8h50 minutos.
O modelo que está no aeroporto de Itacoatiara tem a denominação PP-NMH, cujo último operador foi a SAVA – Serviços Aéreos do Vale Amazônico. No Brasil, operou pela Navegação Aérea Brasileira (NAB) e pela VASP, quando esta empresa incorporou a NAB. Foi arrendado e depois vendido à SAVA, em junho de 1968, onde operou até 1976.
Ele foi construído em maio de 1943, com número de série 26508 e possui um par de motores Pratt & Whitney R-2800-51 Double Wasp de 2000 hp cada. O certificado de aeronavegabilidade expirou no dia 30 de maio de 1976.
Como ele foi parar na cidade?
Segundo relatos dos itacoatiarenses, a história que circula é que o avião teve que realizar um pouso de emergência na região após sofrer uma pane mecânica. Estima-se que o avião está a mais de 30 anos abandonado.
O Portal Amazônia buscou informações e conversou com o historiador e professor Dr. Francisco Gomes, que confirmou a veracidade da história relatada pelos moradores.
“O Serviço Aéreo do Vale Amazônico (SAVA) foi fundado em 1951, em Belém, e ele (o avião) fazia o trecho Belém-Manaus, operando no transporte comercial de cargas e passageiros neste circuito e vice-versa. Somente cinco modelos destes aviões (Curtis C-46) operaram no Brasil em 1970-1971. Foi justamente em 1971, que ele fazendo uma viagem entre Belém-Manaus, sofreu uma pane, com problemas mecânicos, descendo em Itacoatiara, e fez um pouso de emergência, devido a uma falha em um de seus motores. Foi então que a companhia resolveu abandonar a aeronave por conta dos altos custos da reposição de peças, reparos, etc”,
afirmou Francisco Gomes.
Se ela teve uma pane e foi abandonada, o que aconteceu com as peças? O historiador e presidente do Conselho Municipal de Turismo do município, Frank Chaves, contou que fim tiveram as peças, visto que é possível encontrar apenas a carcaça, e o avião se tornou importante para o turismo na cidade:
“Apesar de seu estado, tem se tornado um ponto turístico e espaço ‘instagramável’ da cidade, pois praticamente todos os moradores da cidade já tiraram pelo menos uma fotografia com o avião no fundo. Tem fotografias de noivos, de aniversário, de alunos, de ciclistas, de clips de cantores locais entre outros, mostrando o avião.
Essa aeronave parou no nosso aeroporto na década de 70 e nunca mais decolou. Ela estava com todos seus equipamentos, mas com o tempo, foram depredando. Apareceu há um tempo atrás, um hipotético dono que morava em Manaus, que viria aqui só tirar as peças, hélices, motor e etc, para levar embora. Ele foi o primeiro depredador ‘abrindo o flanco’ para continuarem tirando os pedaços desse avião que virou ponto turístico involuntário do município”,
revelou Frank Chaves ao Portal Amazônia.
A Força Aérea Brasileira (FAB) foi procurada pelo Portal Amazônia e, em nota, informou que ‘os dados são insuficientes para que se possa levantar o seu histórico.’
A situação atual
A equipe do Portal Amazônia também entrou em contato com o subsecretário municipal de Cultura, Turismo e Eventos (SEMCTUR), João Bosco Borges Ferreira, que afirmou que o Aeroporto Municipal Mariano Arico já está em reforma desde o ano passado e que a cidade possui planos para transformar o avião em um ponto turístico.
Segundo Frank Chaves, a respeito da reforma: “há planos da administração municipal fazer um restauro na aeronave e colocá-la em uma praça que será feita na parte frontal do aeroporto, visto que a obra que foi finalizada foi só da pista. A prefeitura aguarda ainda a liberação do segundo recurso, por isso não se tem previsão. Só se sabe que as tratativas nesse sentido já estão tramitando nos órgãos afins. Sobre o possível destino dos vôos que poderão ser destinado a Itacoatiara e vice versa após tudo finalizado, vai depender das empresas interessadas, visto que o nosso aeródromo é estratégico para a o sistema aeroviário da região e possivelmente funcionará como suporte ao Eduardo Gomes (em Manaus), pela proximidade. Há um tempo atrás, a empresa Azul publicou uma reportagem em um jornal, manifestando interesse em utilizar a nossa pista que tem 1.600 metros para fazer transbordo para a região”, disse.
Ainda de acordo com o historiador, desde o início do mandato, o prefeito Mario Abrahim tem se dedicado à reabrir o aeródromo que estava praticamente desativado a mais de 40 anos, operando só com voos particulares e de emergência, coincidindo com a nota emitida da FAB. “Atualmente, a operação de aeronaves de asa fixa no aeroporto de Itacoatiara-AM podem ocorrer apenas para atender necessidades de emergência médica“, informaram em nota.