Com mais de 120 anos, vestido de noiva já “levou” 23 mulheres da mesma família ao altar

A manauara Bárbara Jinkings será a 24ª noiva a subir ao altar usando o vestido centenário que faz parte de uma tradição familiar.

O casamento é um momento especial na vida de qualquer um, afinal, é uma cerimônia de união e amor. Para a manauara Bárbara Jinkings, o casamento vai ser especial por diversos motivos, mas um deles chama a atenção além do normal: o vestido de noiva.

Ao contrário de muitas noivas apaixonadas que buscam o vestido perfeito, o vestido ideal de Bárbara sempre esteve presente em sua vida e de sua família. Mas, para contar a história desse vestido, é preciso voltar para 1910.

Beatriz foi a primeira noiva a usar o vestido em 1911. Foto: Reprodução/TV Globo

Na época, o comerciante Carlos Stuardt mandou comprar o enxoval da filha Beatriz na Europa, algo que era costume do século passado na capital amazonense, que enriquecia com a extração da borracha.

Em uma viagem à Bruxelas, capital da Bélgica, Beatriz se apaixonou por um vestido e decidiu que ele seria o usado no grande dia. Após a cerimônia, guardou a peça com todo carinho e, certamente, não imaginava a tradição que estava criando.

Cerca de 30 anos depois, foi a vez de Klarisse, filha de Beatriz, subir ao altar. Para homenagear a mãe, Klarisse decidiu usar o mesmo vestido, que sofreu pequenos ajustes. A partir de então, todas as noivas da família passaram a casar com o vestido de Beatriz, que sofria alterações para se adequar ao corpo de cada noiva. 

Klarisse também usou o vestido da mãe. Foto: Reprodução/TV Globo

Atualmente 

Filhas, irmãs, sobrinhas e netas. Até 2022, o vestido casou 23 noivas da família. Agora é a vez de Bárbara, que está de casamento marcado para o dia 22 de julho. Ao Portal Amazônia, a noiva explicou que “não estava afim de casar com o tradicional vestido”.

“Eu passei boa parte da minha vida dizendo que eu não ia casar com o vestido, principalmente, porque era antigo. Só que com o tempo, a ideia passou a ser aceitável, ainda mais quando se pensa nos momentos felizes que a peça proporcionou para tantas mulheres. Não tem como ficar alheio a emoção de fazer parte de uma tradição familiar. Não é todo mundo que tem a oportunidade de casar com um vestido de 123 anos”, 

contou Bárbara.

Ela lembrou que o vestido casou mulheres de silhuetas diferentes, por isso, sofreu diversas modificações. Uma das maiores preocupações. “Ele é uma saia e blusa. Já casou mulheres de 1,50 a 1,80 metro de altura. Algumas tiraram a gola, outras colocaram. Umas deixaram as costas abertas, outras colocaram organza na borda da saia e por aí vai”, explicou a noiva.

Mulheres cuidam de vestido centenário. Foto: Reprodução/TV Globo

Antigamente, as mulheres da família se reuniam para bordar o vestido antes do casamento. No entanto, as noivas da atualidade não possuem as mesmas habilidades e contam com uma ajuda mais profissional para deixar o vestido pronto a tempo.

Para customizar o vestido, Bárbara contratou o estilista Handrei Matheus, que é filho de uma costureira “de mão cheia”. “Eu pedi para ele mandar só umas fotos de detalhes do vestido para não dar nenhum spoiler. Estou animada e preparada para levar essa tradição adiante”, afirmou.

Detalhe do vestido. Foto: Bárbara Jinkings/Acervo pessoal

Desafio 

Apesar de anos sendo estilista, essa é a primeira vez que Handrei Matheus atende um pedido tão especial. Ele afirmou que o tempo trouxe diversos obstáculos para a restauração, mas que, comparado a outras peças, o vestido está bem conservado. “Com o passar dos anos e cada noiva aplicando a sua personalidade a peça se desgastou. Eu conversei com a Bárbara e olhei as fotos das noivas anteriores para começar a adaptação”, contou.

O primeiro trabalho feito por Handrei foi a restauração da renda, que estava com as fibras fragilizadas. Em seguida ele fixou a renda em um tecido de tule francês para dar o devido suporte. Essa etapa durou quase um mês. 

A segunda parte veio com a adaptação da peça. O vestido não possuía bordado e agora o estilista está aplicando pérolas. “Além disso, estudamos técnicas de lavanderia para não danificar o tecido”, explicou.

Bárbara e Filipe. A noiva aguarda pelo dia do casamento. Foto: Bárbara Jinkings/Arquivo pessoal

Quer um spoiler? Bárbara já experimentou o vestido. Como o casamento é em julho. Os dois ainda tem um bom tempo para fazer os ajustes necessários para fazer a peça centenária ser um destaques do casório. Para o estilista, esse é um dos trabalhos mais importantes que desenvolveu e deseja honrar o legado criado até aqui.

Guinness 

E tem mais. Enquanto espera o grande dia, Bárbara deseja trazer um reconhecimento para a família: um registro no Guinness. Isso mesmo, a noiva inscreveu o vestido para entrar no livro dos recordes como a peça mais usada em um casamento. “Pesquisei e não vi nenhum recorde parecido lá”, garantiu. 

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