Você sabia que Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, tem uma relação com o Amapá?

No final da década de 40, ‘Gonzagão’ foi pela primeira vez ao Amapá e por anos realizou shows, mas sua relação como Estado também conta com um caso inusitado. 

Considerado um dos mais geniais e populares artistas brasileiros de todos os tempos, Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, foi um dos principais responsáveis pela valorização dos ritmos nordestinos e pela criação de manifestações populares como o baião e a quadrilha junina.

‘Gonzagão’, como também era conhecido, conheceu grande parte do Brasil por meio do Exército e posteriormente com sua música. Um destes lugares foi o Estado do Amapá, na Amazônia, onde viveu uma história inusitada.

Portal Amazônia conta qual a conexão de Luiz Gonzaga com a cultura amapaense e que fez o nordestino vir para a região amazônica por cerca de 10 anos seguidos. Confira:

Foto: Reprodução

 O contato de Luiz Gonzaga com a Amazônia começou quando conheceu o primeiro governador do então Território Federal do Amapá, Janary Gentil Nunes, enquanto era soldado no exército.

No final da década de 40, ‘Gonzagão’ foi pela primeira vez ao Amapá e realizou um espetáculo no galpão do antigo Aeroclube do Amapá. Além deste, realizou vários outros shows durante suas viagens à capital do marabaixo. 

Composições

Em relação ao ritmo musical tradicional amapaense, Luiz Gonzaga fez até mesmo uma composição que leva o nome ‘Marabaixo’ com críticas à política governamental local, referindo-se às mudanças urbanísticas que ocorriam na cidade, com a retirada da população negra da frente da cidade para o atual bairro do Laguinho.

Vale ressaltar que o marabaixo é uma manifestação cultural e artística típica das comunidades afrodescendentes do Amapá, que inclui dança de roda, canto e percussão. Confira a composição: 

“Aonde tu vais rapaz?
Neste caminho sozinho 
Eu vou fazer minha morada
Lá nos campos do laguinho
As ruas de Macapá estão ficando um primor
Tem hospitais, tem escolas
Pros fios do trabalhadô
Mas as casas que são feitas
É só pra morar os doutô
Dia primeiro de junho
Eu não respeito o senhor
Eu saio gritando vivas
Ao nosso governador
Me peguei com São José
Padroeiro de Macapá
Pra Janary e Coaracy
Não saírem do Amapá”

Marabaixo – Luiz Gonzaga

Além dessa canção, o artista nordestino também compôs a música ‘Macapá‘, cantando sobre o ritmo do boi-bumbá, que aprendeu na região. Em um refrão famoso nacionalmente, ele cita “Ê boi, ê boi, ê boi do Macapá”.

Aventuras no Amapá 

No entanto, muito além das composições de músicas e sua presença em shows por Macapá, Luiz Gonzaga também se envolveu em algumas confusões. Em uma destas ocasiões, uma briga em um bar na disputa pela atenção de uma jovem da cidade fez com que Gonzaga passasse uma noite de detenção pela extinta Guarda Territorial, na Fortaleza de São José de Macapá. Esse fato foi inclusive noticiado no Jornal A Folha do Povo, na edição de 15 de maio de 1960.

Foto: Arquivo/CORREIO

Declaração  

No livro ‘Sanfoneiro do Riacho da Brígida: Vida e andança de Luiz Gonzaga’, que retrata memórias do Rei do Baião e alguns depoimentos de suas aventuras no Amapá, Gonzaga conta da sua emoção pela cerimônia pomposa com que foi recebido ao chegar em Macapá pela primeira vez.

“Quando pisei na escada, ouvi o homenzinho fazer um gesto frenético e a banda disparar no dobrado mais bonito do mundo, pareceu-me, pois destinava-se a homenagear-me. Foi uma das homenagens mais comoventes, para mim, inesquecível delicadeza do Coronel Janary Nunes”,

disse Gonzagão no livro.

Luiz Gonzaga faleceu em 2 de agosto de 1989, mas suas composições contam uma parte da história do Brasil assim como da Amazônia.

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