A comunidade se localiza no alto do Rio Araguari, entre a Floresta Nacional do Amapá (Flona) e a Floresta Estadual do Amapá
O grupo integra a Associação Bom Sucesso, que é da comunidade Capivara, entre os municípios de Porto Grande e Ferreira Gomes. Elas realizam a extração de óleo de copaíba e andiroba para produção de sabonetes naturais.
A comunidade se localiza no alto do Rio Araguari, entre a Floresta Nacional do Amapá (Flona) e a Floresta Estadual do Amapá, que são unidades de conservação de uso sustentável.
Segundo a extrativista Arlete Leal Pantoja, membro da associação, tudo iniciou em 2014, quando uma professora indicou o potencial econômico da andiroba que tinha em abundância na comunidade.
“A gente começou a coletar seriamente a andiroba em 2014. Aí a gente começou a tirar óleo. Um ano depois fomos capacitadas para produzir sabonete de andiroba, sabonete de copaíba, vela repelente da andiroba. Aí começou todo o trabalho”, lembrou.
Além das trabalhadoras, quatro homens auxiliam na produção de quase 1 mil sabonetes por mês. Os produtos são escoados aos municípios de Oiapoque e Macapá, e também são vendidos pela internet.
Apesar do bom desempenho, as extrativistas enfrentam desafios, como a concessão da floresta à iniciativa privada para exploração madeireira, não-madeireira e de turismo. São 4 áreas selecionadas dentro da Flona, área de atuação dessas mulheres.
“Hoje o que preocupa muito a gente é essa história do manejo florestal que tá vindo aí, tipo da andirobeira que a gente sabe que ela é muito usado para a madeira. A gente fica pensando: será se vão derrubar elas também para transformar em madeira?”, contou Arlete.
De acordo com coordenadora para Clima e Serviços Ambientais da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Mariane Nardi, a bioeconomia é um conceito que associa o empreendedorismo com a sustentabilidade.
“A bioeconomia é um novo conceito que tem vindo para a sociedade e também sai um pouco daquela ideia do extrativista estagnado que só vai lá coletar. Então a gente vê pessoas empreendendo na floresta, alimentando a sua família e mantendo a floresta em pé. Você associa benefícios e produz conservação”, afirmou.
A Sema acompanha os modelos de bionegócios no Amapá, na intenção de fomentar a bioeconomia de acordo com a realidade de cada unidade de conservação, informou a titular da pasta, Josiane Ferreira.
“Nós ativamos os conselhos, nós voltamos a ter reuniões com as comunidades. O Estado do Amapá fornece cursos de boas práticas de extrativismo para que, de fato, a gente tenha a potencialidade da bioeconomia junto a essas comunidades tradicionais”, frisou.
Apesar de promissores, os bionegócios ainda são raros e as comunidades tradicionais contam com poucas políticas públicas de estímulos da bioeconomia.
“Esse fortalecimento da governança que é propriedade da Sema, e do ICMBio quando as unidades são federais, são essenciais para a gente poder estimular esses negócios. E as decisões têm que ser dialogadas com a população que vive ali na unidade de conservação. Isso possibilita que eles acessem o negócio com segurança”, destacou Mariane.
Existe planejamento de incentivos financeiros na forma de pagamento direto aos extrativistas, produtores rurais com objetivo de incentivar a bioeconomia nas comunidades na Amazônia. Enquanto isso não acontece, a Arlete segue almejando um futuro de sucesso para a associação.
“A gente tem sonhos de expandir o mercado, de buscar o sucesso de vendas. Meu maior sonho um dia é a gente ter uma mini usina de produção para que a gente possa vir de lá com os produtos todos prontos e expandir o mercado porque eu sei que tem mercado”, finalizou.
Escrito por Victor Vidigal e Willian Amanajás da Rede Amazônica