Rã de vidro: a perereca inédita para o Brasil que tem menos de 5 centímetros

Espécie foi encontrada em florestas de Serra do Navio, no Amapá. Anteriormente, animal só havia sido catalogado no Equador, Colômbia e Peru.

Excursões realizadas por estudantes da Universidade Federal do Amapá (Unifap), encontraram espécies da fauna que ainda não haviam sido registradas no estado. Uma delas, uma rã de vidro, nunca havia sido catalogada no Brasil.

O animal na verdade é uma perereca e tem pouco mais do que o tamanho de uma unha de um adulto humano (geralmente entre 2 e 5 centímetros). A espécie é a Cochranella resplendens e a comunidade científica só havia a identificado no Equador, na Colômbia e no Peru, na região Noroeste da América Latina.

Foto: LabHerpeto Unifap/Divulgação

Desta vez, dois indivíduos da espécie foram localizados a quase 2,2 mil quilômetros, em um assentamento rural e na Colônia de Água Branca do Amapari, ambos em Serra do Navio – município a 203 quilômetros de Macapá. 

A perereca chama atenção pela aparência: com vários tons de verde, manchas brancas e verde azuladas, e a transparência no ventre, que dá para ver até os órgãos internos funcionando. O animal também tem o ventre amarelo e não tem uma grande mancha de cor amarela fosca na cabeça (o que é observado em outras espécies de rãs de vidro).

“Ela não é uma rã, é uma perereca. As rãs de vidro são todas pererecas. Ela tem esse nome resplendens não porque brilha no escuro, como uma outra espécie de anfíbio, mas por conta dessas pintas que ela tem no dorso que parecem as estrelas”, descreve Vinícius Barbosa, estudante de biologia da Unifap, que integrou a excursão que descobriu a espécie no Amapá. 

Carlos Campos, Rodrigo Pinheiro e Santiago Castroviejo Fisher descreveram a espécie e tiveram artigo publicado em revista científica, em julho, o que qualificou a descoberta como inédita.


A rã de vidro encontrada no estado tem hábitos noturnos, passa a maior parte do tempo nas árvores, e se camufla bem entre elas, por cima das folhas.

Foto: LabHerpeto Unifap/Divulgação

Quanto à reprodução, os machos vocalizam bastante à noite, principalmente depois de uma boa chuva. Com a fecundação e gestação, a fêmea coloca os ovos na parte debaixo das folhas, os girinos eclodem, caem no corpo d’água e por lá se desenvolvem.

Os hábitos alimentares não são muito bem elucidados para essa espécie, mas suspeita-se que se alimenta de formigas e pequenos artrópodes como besouros e moscas, acrescentou Barbosa.

Outras espécies

Ao todo, foram 5 espécies inéditas encontradas nas excursões pelo interior do estado durante esse projeto, entre elas ainda havia serpentes e quelônios – algumas já haviam sido registradas no Brasil mas nunca no Amapá; uma delas ainda está em estudos para ser catalogada.

Para isso, os pesquisadores receberam uma licença específica concedida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Barbosa reforça que as descobertas da fauna amapaense sinalizam que por aqui há uma grande diversidade, e que ainda há muito o que investigar.

“Os novos registros são base para estudos de conservação, porque se a gente sabe quais bichos ocorrem, onde eles ocorrem, a gente pode delimitar planos de manejo voltados a conservação dessas espécies”, ressaltou.

*Com informações da Rede Amazônica 

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