Pesquisadores do Amapá e dos Estados Unidos analisam idade de árvores gigantes da Amazônia

Foram coletadas amostras da maior castanheira já registrada no Brasil, de 66 metros

Um estudo inédito conduzido por pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos sobre as árvores gigantes encontradas na divisa dos estados do Amapá com o Pará, vai estimar com precisão a idade da maior castanheira já registrada no país, de 66 metros de altura, e dos Angelins vermelhos que chegam à 88 metros.

A coleta de amostras nas árvores foi realizada durante a última expedição do projeto Monitoramento Integrado das Árvores Gigantes da Amazônia, em janeiro de 2023. Os pesquisadores fizeram as coletas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru (RDSI) e na Reserva Extrativistas do rio Cajari (Resex), ambas no extremo sul do Amapá.

O estudo é realizado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amapá (Ifap) com apoio e financiamento da Universidade do Arkansa, nos EUA.

Pesquisadores do Amapá e dos EUA analisam idade de árvores gigantes da Amazônia — Foto: Francisco Barbosa/Arquivo Pessoal

As coletas foram realizadas pelos pesquisadores com apoio de estudantes de engenharia florestal e por pessoas de comunidades próximas às regiões das reservas onde as árvores estão. O coordenador do projeto e pesquisador do campus Laranjal do Jari do Ifap, Diego Armando, descreveu o importante passo na nova frente de pesquisa sobre as árvores.

“O objetivo maior era coletar materiais que permitissem estimar com precisão a idade das maiores árvores da Amazônia e suas vizinhas. A priori, os pesquisadores já sabem que se tratam de árvores centenárias com pelo menos 150 anos de vida”, informou o coordenador.

Pesquisadora Daniela Granato em uma avaliação nos anéis de crescimento de um Cedro — Foto: Francisco Barbosa/Arquivo Pessoal

Diego acrescentou ainda que essa é uma informação que pesquisadores de todo o mundo têm interesse em conhecer, e que pode ajudar a entender quais fatores levaram ao desenvolvimento diferenciado das árvores nessa região.

O estudo analisa a idade das espécies dos santuários das árvores gigantes e no entorno, contemplando as espécies de cedrela odorata (cedro), bertholletia excelsa (castanheira do Pará) e a diniza excelsa (angelim vermelho).

A expedição mapeou e coletou aproximadamente 50 indivíduos ou espécimes de cedro e 2 de castanheira. A coleta de angelim vermelho será feita ainda em janeiro, de acordo com os pesquisadores.

A pesquisadora Daniela Granato, da Universidade de Arkansa (EUA), em uma avaliação nos anéis de crescimento dos cedros já pôde estimar que as árvores desta espécie que estão ao redor das “gigantes” possuem cerca de 150 anos. 

“A nossa pesquisa no laboratório de dendrocronologia é voltada para o estudo do clima passado, utilizando anéis de crescimento de árvores de florestas. A cedrela odorata é uma das espécies que melhor mostra os anéis de crescimento. Estima-se que a Floresta Amazônica tenha uma biodiversidade de 16 mil espécies só de árvores”, 

informou Granato.

A pesquisa de campo e os próximos passos com análises em laboratórios conta com a participação de outras instituições como a Universidade Federal de Lavras (UFLA), a Universidade Federal do Vales Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Saiba mais: Conheça a árvore rainha da Amazônia, a gigantesca sagrada, Sumaúma

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