Descoberta foi publicada em revista científica e compõe tese de doutorado de amapaense. Pesquisador ressalta que estudos sobre parasitas podem evitar danos principalmente ao cultivo de peixes em cativeiro.
Uma pesquisa de doutorado voltada a estudar um peixe bem conhecido pelos amapaenses, o aracu, identificou duas novas espécies de parasitas nas brânquias do aracu-caneta e do aracupintado. A descoberta foi certificada em um artigo publicado em revista científica internacional e foi um reconhecimento para um trabalho feito no Vale do Jari, no Sul do Amapá.
Os peixes podem carregar diversas outras espécies de parasitas, e muitos ainda não são nem catalogados.
O responsável pelo ensaio é Marcos Oliveira, aluno de doutorado de 28 anos, que estuda a biodiversidade amazônica e, nesse processo, acabou fazendo as primeiras descobertas da carreira científica.
As novas espécies integram a parasitologia pertencente ao grupo Monogenoidea; são elas: Urocleidoides jariensis e a Urocleidoides ramentacuminatus. O pesquisador frisou que o consumo do aracu com os parasitas não afeta a saúde humana, até porque não é hábito do brasileiro consumir as brânquias.
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De família ribeirinha de Jarilândia, distrito de Vitória do Jari, Oliveira contou que escolheu a região de origem para se aprofundar, pois teria o suporte necessário, como logística e conhecimento da região, para encontrar os peixes da Amazônia que iria estudar. Um dos principais motivos para ter escolhido o aracu foi a dieta do animal.
“Como a Amazônia possui uma riqueza de peixes muito grande, é praticamente impossível uma única pessoa estudar todas as espécies, então a gente tem que selecionar alguns grupos de peixes de forma estratégica para conseguir resultados importantes”, detalhou.
Segundo ele, a presença de muitos parasitas pode ser um problema fatal para os peixes criados em cativeiro, nas pisciculturas, por ser um ambiente de estresse constante. Na natureza, a morte é menos provável por causa do equilíbrio natural.
“Parasitas nas brânquias podem causar algumas lesões se estiverem em grande quantidade. O principal problema que pode causar é a dificuldade de respiração dos peixes, pois é na brânquia que acontece a troca gasosa”, falou.
Além de Oliveira, também assinam o estudo o professor orientador Marcos Tavares, do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Tropical (PPGBIO); e ainda o professor Marcos Vinícius Domingues e o aluno de doutorado João Neto, da Universidade Federal do Pará (UFPA), que colaboraram com a pesquisa.
Ele começou a coleta em janeiro de 2018, de onde já partiu para a identificação. Nas análises foi identificado que os parasitas existentes ali ainda não haviam sido catalogados.
“Não tinha nada parecido na literatura. No decorrer do tempo, começamos a conversar com pessoas que poderiam auxiliar a gente a descrever essas espécies, foi quando encontrei o professor Marcos Vinícius que topou participar dos estudos”, relembrou.
Para o pesquisador, é uma grande realização poder contribuir com a ciência, principalmente dada a origem humilde e da realidade que tinha quando criança.
“Para mim foi um grande marco, a realização de um sonho de graduando: descrever sobre uma espécie nova de um parasita é um marco na história da ciência”, disse.
A pesquisa continua, analisando outros parasitas encontrados no aracu.