Áreas degradadas com plantas medicinais e árvores da Amazônia são recuperadas com ajuda de indígenas

A Associação do Povo Karipuna atua com a iniciativa em Oiapoque e uma das plantas que o povo tem sentido falta é o jenipapo, que pode ser usado para as tradicionais pinturas indígenas.

Uma iniciativa busca mudar a realidade e recuperar áreas degradadas em uma terra indígena no Norte do Amapá. O trabalho de recomposição da vegetação nativa, com cultivo de plantas medicinais e outras árvores da Amazônia, é feito por indígenas do povo Karipuna, que habitam na região de Oiapoque, a 590 quilômetros de Macapá.

A ação que é executada pela Associação Indígena do Povo Karipuna (AIKA) faz parte do Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Fogo no Brasil, executado pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS), com apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID/Brasil) e colaboração da Fundação Nacional do Índio (Funai), em uma parceria para a Conservação da Biodiversidade na Amazônia (PCAB).

Plantio de mudas importantes para indígenas da Amazônia. Foto: Divulgação/Associação Indígena do Povo Karipuna

Além do Amapá, o trabalho também é realizado em outras terras indígenas da Amazônia com colaboração de quem mora nessas regiões e é o principal beneficiado com a iniciativa, que ainda está na fase inicial.

Através do projeto, brigadistas e agentes ambientais indígenas vão mapear espécies de árvores e plantas que estão diminuindo na região da Terra Indígena Uaçá, que tem uma área de 470 mil hectares de floresta, onde vivem cerca de 4,4 mil indígenas.

De acordo com a vice-coordenadora-geral da AIKA e liderança indígena, Alcimara Karipuna, uma das atividades do projeto é fazer o mapeamento das espécies que cada comunidade pretende recuperar e montar um viveiro para distribuir as mudas posteriormente.

“As sementes e mudas são como crianças. Precisamos cuidar sempre, com atenção. Estamos sentindo falta de algumas espécies de plantas da medicina tradicional e do jenipapo que usamos na pintura corporal. Queremos trazê-las de volta. Essas espécies fazem parte da nossa vida”, 

resume Alcimara.

A iniciativa é resultado do edital de seleção de projetos propostos por Brigadas Federais Indígenas (BRIFs-I) em 2021, que selecionou oito propostas de diferentes entidades para iniciativas ambientais. Além do projeto da Associação Karipuna, foram selecionadas: TIs Araribóia, Caru, Governador, Kadiwéu, Krikati, Porquinhos e Xerente/Funil.

Com o conhecimento dos povos selecionados, a ideia é fortalecer as associações com equipamentos, meios de transporte, insumos para viveiros, entre outros itens, para que brigadistas desenvolvam atividades como a produção e o plantio de mudas para a recuperação de áreas afetadas, além da queima prescrita, uma técnica aplicada para a prevenção de fogo na época dos incêndios mais severos.

A expectativa é que as atividades também desenvolvam a conscientização e educação ambiental, além de trocas de experiências sobre viveiros de mudas e uso tradicional do fogo. Participam da iniciativa, além dos brigadistas indígenas, jovens, mulheres, anciãos e líderes locais das regiões da Amazônia e Pantanal.

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