Com o problema, Revecom precisa comprar mantimentos todos os dias para alimentar os silvestres. Amapá enfrenta falhas no fornecimento de energia desde o dia 3 de novembro.
A crise energética enfrentada há mais de 10 dias no Amapá afetou também os cerca de 300 animais silvestres que vivem na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) – Revecom, em Santana, na Região Metropolitana de Macapá. Com o apagão, o lugar já teve cerca de R$ 25 mil de prejuízo, principalmente com a perda de alimentação.
No entanto, com a ajuda de voluntários, os bichos estão sobrevivendo ao blackout. Para conseguir alimentá-los, a reserva, que já enfrentava problemas financeiros e continua com campanhas para auxiliar a manter o local, precisa comprar mantimentos diariamente, já que o rodízio de energia estabelecido não é o suficiente para a conservação.
De acordo com Paulo Amorim, gestor da reserva, o prejuízo foi contabilizado entre perdas de alimentos, logística e compra de insumos emergenciais, entre eles a compra dos suprimentos, que chegam a custar R$ 600 por dia.
“Eu jamais vou me esquecer do dia 3 de novembro. Pra mim foi um dos dias mais tenebrosos que eu já vivi. Em 36 horas, perdemos mais de 100 quilos de proteína animal, entre carne bovina e miúdos de frango. Perdemos também um freezer inteiro com vegetais, que agora temos que comprar diariamente e custam cerca de R$ 500, assim como a carne, que nos custa quase R$ 100 por dia”, detalhou.
Amorim falou que entre os vegetais perdidos estão cenoura, maçã, banana, manga e mamão, usados para alimentar animais herbívoros como a anta. A carne é utilizada para alimentar as aves do lugar.
Além do prejuízo com os insumos, o gestor descreveu que perdeu um refrigerador devido à inconstância do revezamento feito pela Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA).
“Foram momentos de terror, entramos em desespero, porque tínhamos que alimentar os animais e não tinha comida. […] Houve um desabastecimento relativo nos mercados, nem gelo nós encontrávamos. Logo no dia seguinte ao apagão, tinham filas quilométricas para comprar gelo, não tinha condições pra gente, pois aqui é só eu, minha esposa e mais quatro funcionários, que não podem sair daqui”, explicou.
O gestor disse que conseguiu gelo somente quando um amigo decidiu se voluntariar para comprar cerca de 150 quilos do produto, na tentativa de conservar os alimentos. Ele também destacou que o hortifrúti perdido ainda serviu para peixes e quelônios.
Amorim frisou que os animais não deixaram de se alimentar um dia sequer, pois conta com a ajuda de uma campanha que arrecada dinheiro para manter a reserva.