Dados do relatório da Sala de Situação de Monitoramento Hidrometeorológico do Acre apontam que o índice de materiais particulados inaláveis registrados nessa quarta-feira (11) é de 55,43 μg/m³. Valor recomendado pela OMS é de até 25 μg/m³.
Mesmo com o início das chuvas no Acre, período conhecido como inverno amazônico, a fumaça e poluição do ar não têm dado trégua em algumas regiões do estado. Na capital acreana, Rio Branco, a concentração de material particulado está muito acima do que é permitido para a saúde humana.
Dados do relatório da sala de situação de monitoramento hidrometeorológico do Acre, divulgados nessa quarta-feira (11), mostraram que a concentração de materiais particulados no ar da capital acreana é de 55,43 μg/m³.
Esse número é mais do que o dobro da qualidade ideal para respirar. A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que a quantidade de material particulado por metro cúbico aceitável é de 25 microgramas. Acima disso, a qualidade é ruim para a saúde das pessoas.
As leituras são feitas por equipamentos de monitoramento da qualidade do ar instalados na Universidade Federal do Acre (Ufac) e na sede do Ministério Público do Estado do Acre (MP-AC), no Centro de Rio Branco.
O relatório mostra também que às 18h horas de terça (10) foram encontradas concentrações de poluição a 25,02 µg/m³. Já manhã desta quarta, última verificação, a concentração de poluição saltou para 55,43 μg/m³.
Poluição dos países vizinhos
Ao G1, a diretora executiva da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), Vera Reis, explicou que parte da fumaça concentrada nas regiões acreanas vem de países vizinhos, como o Peru. Na província de Madre de Dios, no Peru, por exemplo, a concentração de material na atmosfera está acima de 57 microgramas.
“Já era para ter essa condição do ar bastante melhorada, no entanto, a população continua queimando. Mas, a gente tem notado que alguns países tem uma concentração de material particulado bem superior do nosso. Dependendo da condição do vento, fumaça não tem fronteira”, destacou.
Independentemente da poluição trazida de outros países para o Acre, Vera lembrou que em 2020 há uma situação atípica. Segundo ela, as pessoas continuam queimando em épocas em que não eram mais esperadas essas queimadas, como o mês de novembro.
“Com essa situação, as áreas que não estão queimando se agravam, porque a fumaça circula na direção do vento. Estamos na Amazônia, mas compartilhamos fumaça das áreas que ainda estão queimando. Acho que as pessoas estão correndo para aproveitar os últimos dias com um pouco de calor para queimar e começar o plantio”, destacou.
Cuidados com a saúde
Se tem fumaça e muita poluição no ar, os cuidados com a saúde também não devem ser reduzidos para evitar doenças respiratórias e que podem piorar o quadro de saúde de pacientes com Covid-19.
O médico alergista e imunologista Guilherme Pulici relembrou os cuidados que precisam ser tomados para evitar doenças respiratórios.
“Me estranha muito que já começou a chover e ainda tem muita fumaça, o que não é comum no mês de novembro. A impressão que passa para gente é que não tem fim, que continuam queimando. Lembrar sempre de hidratação oral, nesse período, tomar bastante líquido; proteção solar, porque a pele também é sensível; utilização de soro fisiológico nas narinas e tentar manter o ambiente úmido dentro de casa com uma toalha úmida ou bacia com água”, alertou.