Os trabalhos consistem no uso da espécie como filtro de água, transformado em substância para auxiliar no diagnóstico precoce e tratamento de câncer
Pesquisadores em Biodiversidade e Biotecnologia, da Ufac, estão desenvolvendo, no campo da nanobiotecnologia, três pesquisas com o bambu taboca. Os trabalhos consistem no uso da espécie como filtro de água, transformado em substância para auxiliar no diagnóstico precoce e tratamento de câncer e em plástico biodegradável.
O filtro de água de bambu articula um processo de baixo custo e pode beneficiar comunidades ribeirinhas e indígenas. O doutorando Dawerson Paixão é um dos membros da equipe que desenvolve a pesquisa. Ele explicou que a escolha do tipo taboca considera a grande oferta da planta na Amazônia, sobretudo no Acre. “Então pensamos em utilizar uma espécie que é considerada praga para fazer algo útil à sociedade.”
Para confecção do filtro, o bambu taboca é transformado em carvão sob diferentes temperaturas, em processos distintos. “Ativamos o carvão, aumentando sua área de abrangência e seus poros”, contou Dawerson. “E inserimos as nanopartículas de óxido de ferro e de prata, porque um absorve metais pesados e o outro é antibactericida.”
O bambu também é triturado e passa por um processo químico para que suas partículas fiquem muito pequenas, em escala nanométrica. A partir daí podem ser utilizadas no diagnóstico precoce e tratamento de câncer. A celulose nanométrica extraída da planta é florescente e, assim, a luminosidade emitida pelas nanopartículas funciona como raio-x, expondo as células cancerígenas.
“Qual a vantagem em relação ao método tradicional? É que podemos diagnosticar o câncer em estágio bem inicial”, disse o pesquisador Marcelo Ramon Nunes, professor de Química no Instituto Federal do Acre. “Essa tecnologia é vantajosa porque não afeta as células que não são cancerígenas; dessa forma, o tratamento é menos agressivo.”
O tamanho reduzido das nanopartículas ainda pode servir como nanocarregadores de fármacos, auxiliando no transporte de medicamentos diretamente para células doentes. Além disso, o bambu taboca está sendo transformado em plástico biodegradável. “Com essa pesquisa, queremos erradicar o plástico, que hoje é feito com material fóssil e agride o meio ambiente”, concluiu Ramon Nunes.