Entre tantos portugueses que aportaram em Manaus, o professor de música e maestro Manoel da Silva Mattos. Seu berço de nascimento foi a cidade de Ovar, Distrito de Aveiros, Portugal, em 22 de setembro de 1864. Homem profundamente conhecedor da Arte e da Música, construiu ao longo de sua vida marcas profundas de extrema dedicação ao estudo e ensino da nobre arte. O maestro Manoel da Silva Mattos logrou êxito em sua história porque seu principal atributo foi a coragem e o espírito empreendedor, que acreditou nos próprios sonhos e projetos sempre movido pelo entusiasmo e ideais, com força do sangue lusitano. Por isso, legou a sociedade uma história de feitos e conquistas. Sua maior herança musical dorme-se silenciosamente nos documentos de registros fantásticos de atuação e a memória de seus familiares. Na cidade de Iquitos, no Peru, prestou relevantes serviços a Sociedade Musical Recreativa Lusitana, onde trabalhou até o iníicio do ano de 1917, quando resolveu imigrar para o Brasil, cujo, destino final foi Manaus.
Extremamente versátil, tocava diversos instrumentos, mas, o violino era sua paixão. Toda sua formação musical, foi em Lisboa, nos mais importantes conservatórios da época, participou de grandes concertos por toda Europa. Cheio de sonhos e esperanças, logo, congregou-se a colônia portuguesa em Manaus. Seu coração encontrou morada, casou-se com a senhora Maria de La Natividad Pinedo de Mattos, fruto dessa união foram abençoados dois filhos, Abel da Silva Mattos, atualmente reside em Brasília e é pai do Cônsul do Brasil no Chile, o doutor Willian Fernandes de Mattos e, o outro que morava em Manaus, Manoel da Silva Mattos, maçom de ilibada reputação com importante contribuição a maçonaria amazonense. O maestro Manoel da Silva Mattos residiu na Rua Frei José dos Inocentes até sua morte que ocorreu em 1936.
O presidente do Luso Sporting Clube a época, Antônio Matias dos Santos, o contratou pela importância de duzentos mil reis (200 mil reis) para conduzir a Escola de Música do Clube e ser o principal Maestro da Banda de Música do Luso Sporting Clube que, neste mesmo ano fora formada. Sua tenacidade pela música logo deu grande movimentação a banda com ensaios diários e grandes retretas nas principais praças da cidade e, aos domingos desfilava garbosamente diante de seus comandados, todos de branco, a embalar com suas músicas sonhos e lembranças de sua terra Portugal, que ficara para trás. O Maestro Manoel da Silva Mattos fez parte dessa linhagem de lusitanos que atravessaram o Atlântico em busca de novos horizontes, venceram o vento e os perigos da viagem por ele desconhecido, lutaram para superar os próprios limites, tornaram-se admirados não somente pelos seus descendentes, mas, principalmente por toda uma geração de sua época que seguiu seus exemplos edificados no trabalho, na honestidade. Escreveram, sim, um capítulo na história do Amazonas, da vida músical da cidade e do Luso Sporting Clube, deixou fortes lições para aqueles que foram seus descendentes.
No Carnaval tocava sempre com as bandas da Polícia Militar e do 27° Batalhão de Caçadores na Praça General Osório. Nas festividades de 5 de outubro, tocava no campo do Luso, na Avenida Constantino Nery. Foi maestro, professor de vários instrumentos e compositor. Para homenagear o então, Interventor Álvaro Botelho Maia, compôs a valsa “Alma Amazonense”. Foi também de sua autoria o Samba “Caboclo Sabido”.
Faleceu no dia 22 de março 1938.
Fonte: Informações cedidas pelo seu neto Willian F. Matos.