Silves: alunos que vêm de longe

O município de Silves passa por momento difícil em se tratando de educação, com o secretário Delfino Andrade Grana atuando interinamente até a posse do novo prefeito, que deverá indicar o secretário definitivo, ainda assim, pode comemorar ter superado a meta anterior do Ideb que era de 4,1, atingindo os 4,4.

O mesmo não aconteceu com a escola José Vieira da Costa, a que melhor se saiu entre as demais. O Ideb 2015 da José Vieira foi de 4,5, mas a meta era de 4,6. Ari Batista Pereira, o gestor, está à frente da escola desde julho e não tem muito a dizer sobre a atual situação.

Até 2013 o modelo de educação adotado em Silves formava as turmas de alunos de acordo com a demanda. Como eram poucos, principalmente no interior, os alunos eram juntados e trabalhados por apenas um professor com turmas multisseriadas (com várias séries juntas). “Os professores enfrentavam muitas dificuldades e, por mais que se esforçassem, o resultado era mínimo”, lembrou o gestor.

“Para essa mudança acontecer, foi preciso determinação e força de vontade de fazer com que os alunos saíssem de suas comunidades rurais para estudar em polos na zona urbana e/ou rural, porque os pais não concordavam com isso”, explicou.

Para a aula sobre as águas

Depois de várias reuniões com os pais dos alunos, e muita resistência de alguns que não concordavam de maneira alguma que seus filhos saíssem das comunidades onde moravam para vir estudar na sede do município (a sede de Silves fica numa pequena ilha), finalmente o novo modelo foi implantado e, aos poucos, ao ver que o rendimento de seus filhos melhorava, os pais foram cedendo.

“Atualmente, nove lanchas, de nove comunidades próximas, trazem os alunos para a sede. Os motores rabetas foram substituídos pelos motores de popa de 60, 115 e 150 HP, o que facilitou bastante a vida dos alunos que agora podem acordar mais tarde e chegar mais rápido à sua escola”, falou o gestor.

Alguns alunos moram em localidades tão distantes, que os pais precisam levá-los até uma parte do lago Saracá, onde a lancha fica aguardando por eles. Com o rio baixando, esse transporte se torna ainda mais complicado. “Também houve a descentralização da merenda escolar, antes preparada aqui na sede, passando a ser feita na própria escola, evitando que os funcionários daqui (merendeiros) tivessem que acordar às 2h da manhã para preparar a merenda”, disse.

A socialização dos alunos

A escola José Vieira da Costa, fundada em 2000, homenageia o sogro do então prefeito, eleito novamente este ano, Aristides Queiroz. Antes a escola foi estadual, mas agora, municipal, atende aos turnos matutino e vespertino, reunindo 738 alunos.

“Um dos projetos que eu destaco é o ‘Sacola Viajante’. Nesse projeto o professor traz uma sacola com vários textos e o aluno escolhe um pra levar pra casa. Na próxima aula o aluno precisa interpretar o texto”, falou. “Também tínhamos uma parceria com a Oela (Oficina Escola de Lutheria da Amazônia) na qual os professores de lá vinham até Silves dar aulas de luteria para os alunos, mas ultimamente essas visitas foram reduzidas por falta de verba”, lamentou.

“Eu diria que a educação melhorou em Silves, prova disso é o resultado do Ideb 2015, o qual mostrou que Silves foi um dos municípios da região Norte do Amazonas, que vem alcançando ou superando o referido índice. Esse resultado já era, inclusive, sinalizado por informações antecipadas dos pais, que viram resultados satisfatórios no aprendizado dos seus filhos. Destaco ainda a socialização desses meninos das comunidades. Eles chegam aqui tímidos, acanhados, e com pouco tempo já se enturmam com os meninos da cidade”, comemorou o gestor.

Silves

• Fundação: 1956 (elevada à condição de município, desmembrado de Itapiranga)
• Distância de Manaus: 212 km (em linha reta)
• População em 2016: 9.147 pessoas (estimada)
• Quem nasce lá é: Silvense
• Secretário de Educação: Delfino Andrade Grana
• Escolas: 10
• Alunos: Mais de dois mil
• Ideb 2015: 4,4 (Ideb da escola José Vieira da Rocha: 4,5)
Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Publicidade

Mais acessadas:

Fitoterapia brasileira perde a botânica e farmacêutica Terezinha Rêgo

Reconhecida internacionalmente, a pesquisadora desenvolveu projetos como a horta medicinal que beneficiou centenas de famílias periféricas no Maranhão e revelou revolta em caso que envolvia plantas amazônicas.
Publicidade

Leia também

Publicidade