Comércio varejista cai 10,6% no Amazonas

Com uma queda de 6,2% no varejo restrito nacional, maior do que a estimada pelos economistas, 2016 foi o ano de menor volume de vendas desde 2001 quando se iniciou a série histórica. Os números do  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta terça-feira (14) ainda apontam queda de 10,06% no comércio varejista amazonense, o que colocou o Amazonas na quinta pior posição do país, abaixo da Bahia (-12,1%), Rondônia (-12,3%), Pará (-13,1%) e Amapá (-18,1%).

Em nota, o IBGE afirmou que “a perda da renda real e o aumento de preços dos alimentos em domicílio, no mesmo período, foram os principais responsáveis pelo desempenho negativo do setor”.

O volume de vendas no comércio varejista de dezembro de 2016 no Amazonas registrou um aumento de 0,1% se comparado com o mês anterior, apresentando o maior índice (e o único positivo) entre todas as unidades da Federação. O índice nacional em dezembro de 2016 apresentou queda de 2,1% na mesma comparação. Já comparado com o mesmo mês de 2015, dezembro último registrou queda de -3,8%. Porém o mês de dezembro foi o melhor resultado do ano. Se comparar o Amazonas com as outras unidades da Federação, observa-se que o Estado apresentou o nono melhor resultado, superando inclusive a média nacional (-4,9%).

Ainda assim no período, alguns produtos conseguiram se sobressair e registrar alta de vendas nacionais, como combustíveis e lubrificantes (2,1%), equipamentos de escritório, informática e comunicação (1,9%). Com alta de 0,1% ficaram tecidos, vestuário e calçados e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos. Mas para os supermercados, setor que responde por quase metade do varejo restrito, as vendas caíram 3,1% em 2016, o pior resultado desde 2003, quando a retração havia sido de 4,8%.

Para o setor supermercadista no Amazonas, o presidente da Assembleia Geral e Conselho Superior da ACA, Ismael Bicharra vê similaridades com os números nacionais. “É um reflexo do desemprego, o que leva o consumidor a comprar apenas o básico. Assim, 2017 já começou ruim e o cenário macroeconômico, apesar de sinais de melhora, ainda é de incertezas”, disse. 

Varejistas de Manaus enfrentam dificuldades. Foto: Walter Mendes/Jornal do Commercio
No shopping center mais tradicional da cidade os números parecem coincidir com os dados nacionais, contra a presidente da  Associação de Lojistas do Amazonas Shopping Center (Alasc), Mercedes Braz. “O ano que passou foi ruim, muito por conta da crise econômica e do baixo poder de compra do consumidor. Mesmo com alguns segmentos tendo vendas garantidas, como cosméticos e perfumaria, isso não é o suficiente para alavancar as vendas de um centro de compras”, afirma.

Segundo a presidente, as previsões de melhora foram mais uma vez adiadas. “Ano passado esperava-se a recuperação do mercado após os primeiros meses do governo Temer. Mais uma vez a virada do semestre foi ‘escolhida’ para essa virada do jogo. Mas desde o início do ano temos sofrido baixas. A primeira semana do ano, com a crise na segurança, nos deu um prejuízo que até agora não conseguimos recuperar. Fevereiro veio com as contas da época, sobrando pouco para compras. Pensar num segundo semestre melhor não anima para trabalhar”, encerra Mercedes.

Diversificação como solução

As sucessivas quedas acabam obrigando alguns segmentos a redirecionarem seu campo de atuação. Para a microempresária do segmento de hortifrúti Daniela Branicio, a diversificação dos negócios é a única alternativa. “O período não está nada bom para o varejo e a crise nos afeta de maneira muito alarmante. Provavelmente terei que reduzir o quadro de funcionários e passar a vender também no atacado, não é possível atender o interior apenas no varejo”, disse a microempresária.

De acordo com Daniela, a queda do poder de compra das famílias é um dos fatores que da empresa. “Fornecer para supermercados do interior é um risco, já que muitas famílias nessas cidades só têm como fonte de renda os salários do funcionalismo público”.

Ainda sobre esse assunto, alguns clientes fornecem para as prefeituras e não têm sido pagos, disse a microempresária. “Os pedidos diminuem ou, em pior hipótese, levamos um calote. É um efeito cascata”, encerra.

Varejo ampliado

O volume de vendas de veículos e motos, partes e peças (-14,0%), e material de construção (-10,7%), que compõem o varejo ampliado, teve queda de 0,1% em dezembro na comparação com novembro, já descontados os efeitos sazonais. Um volume menor que os 0,6% esperados pelos analistas. Na comparação com dezembro de 2015, o volume da média nacional foi de -6,7%. “Os fatores que justificam este desempenho são a diminuição do ritmo de financiamentos, a elevação da taxa de juros e a restrição orçamentária das famílias”, apontou a pesquisa.

No caso do comércio varejista ampliado no Amazonas, a queda registrada foi de 1,3% em dezembro de 2016 em comparação com o mesmo mês de 2015. Comparando com outras unidades da Federação, o comércio amazonense apresentou o quarto maior índice, superando a média nacional. A variação acumulada anual de 2016 foi de -11,4%, significando que o volume de vendas de 2016 foi menor do que o ano de 2015. O Amazonas ficou abaixo da média nacional (-6,2%).

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