Descubra como pontos cegos no currículo podem desclassificar

Vamos ver alguns exemplos para entendermos mais a fundo?

Em algum momento da vida já ouvimos a expressão “ponto cego”, não é verdade? Seja no trânsito, em um incidente simples doméstico, em uma partida de futebol, em alguma corrida da Fórmula 1, enfim. E você sabia que ele também existe no currículo e pode desclassificar muitos excelentes profissionais já na triagem?
Foto: Reprodução/Internet

No processo mental do ser humano, existe um gatilho chamado “ensejo de entendimento”. Ele é responsável por projetar nas pessoas o que gostaríamos que fosse ou algo que nós sabemos e achamos que a outra também sabe. Um exemplo? Eu sei que fui Analista de RH da Empresa X, entretanto, no currículo eu coloco apenas a descrição “Analista”. Sem perceber, eu projeto, na pessoa que vai ler o meu currículo, que ela sabe que é RH. É aí que está o deslize que pode nos custar a desclassificação sem nem sermos chamados para uma conversa.

Além disso, também há os entendimentos duplos sobre expressões, que podem confundir a leitura e não fornecer o entendimento real sobre o perfil do/a profissional em questão. Vamos ver alguns exemplos para entendermos mais a fundo?

Como identificar que há um ponto cego no meu currículo

Vamos imaginar uma história para que assim possamos entender de forma prática sobre o que estamos falando:

Há alguns meses atrás, João foi contratado com registro na carteira de trabalho com a nomenclatura Gerente de Salão para uma loja do comércio varejista no centro da cidade. Ao sair da empresa, ele elaborou um currículo com a última experiência. No documento, ele insere o nome da empresa, tempo que passou e……. o cargo. No entanto, a descrição ficou “Gerente de Salão”. Ao ler, o/a recrutador/a se questiona sobre qual tipo de salão. Alguns questionamentos surgem como “Gerente de Salão, mas em que salão? Será que essa empresa é uma salão de beleza? Será que era um restaurante? O que seria esse salão?”. Somente com esse fator, o entendimento completo está comprometido, causando um grande embaralhamento na leitura. Mas isso pode ser resolvido.

Dessa forma, a recomendação ideal é que a exposição do cargo seja com um indicativo de referência que facilite o entendimento prático. Vamos a exemplos?

Exemplo 1 – Empresa do ramo de Comércio Varejista

Gerente de Salão

Gerente de Salão – Loja.

Qual deu para entender melhor? O “Gerente de Salão – Loja”, não é mesmo?

Com o nome indicativo “Loja”, o/a recrutador/a entenderá no mesmo momento, não havendo qualquer tipo de questionamento sobre de que tipo de salão se trata, criando um ambiente de pensamentos sobre todas as atividades que um gerente de loja faz.

Agora vamos trazer para outro tipo de empresa, imaginando que o João trabalhou em um restaurante. Vamos ao exemplo:

Exemplo 2 – Empresa do ramo de Restaurantes

Gerente de Salão

Gerente de Salão – Atendimento de Restaurante

Dá para perceber a diferença entre o detalhamento da função?

Mudando o contexto do tipo de ponto cego, também há um muito praticado em alguns currículos: quando se engole a palavra do setor. Exemplo:

Há alguns dias atrás, Maria recebeu a notícia de seu desligamento da função de Analista Financeira. Assim, inicia o processo de atualização de currículo. O primeiro ponto é a inserção da última experiência. Nome da empresa, ok. Tempo que passou, ok. E a função? Ela esquece de colocar que era na área Financeira e descreve apenas “Analista”. Chegando nas mãos do/a recrutador/a, o primeiro questionamento que haverá é “Mas Analista de que?”. Essa pergunta que a pessoa de seleção faz para si própria é motivador de não continuar a leitura, pois já no início cria-se a ideia de que essa leitura será difícil.

Há o terceiro formato de ponto cego, que corresponde às funções com nomes complexos, mas que são nomenclaturas simples. Exemplo:

Função registrada em carteira: Assistente de Relações

O que quer dizer na prática: Assistente de Relacionamento com o Cliente

Nesse contexto, o recomendável é que o/a profissional não insira “Assistente de Relações”, mas sim “Assistente de Relacionamento com o Cliente”, e por alguns motivos. Um deles é que a palavra “Relações” remete a vários temas: relações internacionais, relações humanas, relações institucionais, relações sociais, etc. Dessa forma, também teremos um embaralhamento na leitura.

E então? Vamos eliminar os pontos cegos?

Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Articulista de Carreira, Emprego e Oportunidade dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação/Reelaboração Curricular.

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