Rondônia busca tombamento para Festa do Divino, Forte Príncipe da Beira e Madeira-Mamoré

 o tombamento do Forte Príncipe da Beira, a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e a Festa do Divino, respectivamente na condição de patrimônios culturais material e imaterial da Humanidade.
 
PORTO VELHO Rondônia se destaca pela pecuária, mas além do potencial econômico o Estado se destaca pela tradição e pontos turísticos. O governo deve propor à Unesco (Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura), o tombamento do Forte Príncipe da Beira, a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e a Festa do Divino, respectivamente na condição de patrimônios culturais material e imaterial da Humanidade.“Qual a relação da sociedade rondoniense com a Festa do Divino, a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e o Forte Príncipe da Beira”? – indaga o professor e historiador Aleks Palitot, coordenador do grupo de trabalho criado pelo governo para reivindicar a candidatura de Rondônia a esse reconhecimento. As fases desse trabalho são distintas: “Primeiramente, vamos pesquisar, elaborar estudos que possibilitem o reconhecimento da Unesco, depois caminhamos para o tombamento como patrimônio histórico”, explicou Palilot.
 
Até a próxima semana, o GT idealizado pelo chefe da Casa Civil, Emerson Castro, definirá a colaboração de antropólogos, paleontólogos, arqueólogos, geólogos, historiadores sociólogos e outros colaboradores, para a documentação de um projeto tríade que irá preparar a candidatura.
O reconhecimento, que poderá ocorrer no prazo de dois anos e meio, será possível  com a apresentação de currículo Lattes, títulos de bacharelato, doutorado e de publicações de artigos no Exterior, de todos os seus membros. “Com ele, a pesquisa adquire a devida credibilidade”, afirmou.O currículo Lattes resulta da experiência do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) na integração de bases de dados de currículos, de grupos de pesquisa e de instituições em um único sistema de informação.O manual de referência da Unesco, com o qual já trabalha o professor Palitot, é o guia que orientará o governo. “Ele nos oferece requisitos essenciais até caminharmos para reunir todos os dados e elementos históricos em sua devida importância”, assinala.
 
Revitalização
A revitalização será a segunda fase buscada para os patrimônios materiais e esse trabalho terá a participação de segmentos federais e estaduais. Segundo o professor, o GT deverá primar pela qualidade técnica na montagem dos componentes da segunda fase.Em três décadas, desde a reativação dos trechos entre as estações de Porto Velho e Santo Antônio e Guajará-Mirim-Iata, para fins turísticos [no governo Jorge Teixeira de Oliveira] a Madeira-Mamoré sofreu duros golpes. Diversas peças do seu acervo desapareceram, foram abandonadas e até saqueadas de seus armazéns.Segundo maior festejo da Amazônia Brasileira, a Festa do Divino é centenária e será indicada como patrimônio imaterial. Já o Forte Príncipe da Beira e a ferrovia Madeira-Mamoré se fortalecerão na condição de patrimônio material. “Na condição de patrimônio imaterial, a Festa do Divino é mais fácil de mensurar, porque encarna o social, tem riqueza e originalidade, e ganha apoio por ser ato religioso que move comunidades regionais e binacionais [Brasil e Bolívia]”, destacou Palitot.A festa foi trazida de Cuiabá em 1894 e em 2015 chegou à 121ª edição. Tradicionalmente, seus remeiros, cantores, mestres e guardiões dos símbolos saem de Porto Rolim pelo rio Guaporé até chegar ao município de Pimenteiras, eles visitam aproximadamente 50 comunidades.Mesmo sem a cavalhada que simboliza a luta entre cristãos e mouros, a festa rondoniense exibe uma maravilhosa procissão aquática. “A sociedade precisa ter a sensação de pertencimento. Três rios são interligados a esse patrimônio: Guaporé, Mamoré e Madeira”, exemplificou o professor.As peças salvas e guardadas encontram-se atualmente no próprio pátio ferroviário [algumas locomotivas e vagões], num corredor e em duas salas da Setur [armários, cristaleiras, pedras e objetos] e num barracão alugado pela prefeitura na zona sul de Porto Velho.Para compor os dados da Festa do Divino, o GT reuniu inicialmente material fotográfico de diversos autores, entre os quais, Ronaldo Nina e Rodrigo Erse.  Para o Forte Príncipe, conta com a dissertação de mestrado do professor Lourismar da Silva Barroso: “Ocupação Oeste da Capitania de Mato Grosso e seu Processo Construtivo”.Desde 1997, Barroso  graduou-se em história pelo Programa de Graduação para Professores do Estado de Rondônia (Prohacap), entre 2000/2004 e especializou-se em arqueologia da Amazônia na Faculdade São Lucas em Porto Velho.Segundo Palitot, os municípios das regiões circunscritas no território da Madeira-Mamoré, do Forte Príncipe e aquele percorrido pela Festa do Divino poderá explorar políticas públicas voltadas para essa futura conquista.“Chegamos a pensar na incorporação do governo boliviano nesse trabalho, mas entendemos que isso demandaria tratativas com o Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores), sujeitas a entraves, porque anteriormente nunca houve esforço semelhante”, ele explicou.O GT se reunirá com representantes da Superintendência Estadual de Turismo (Setur), Superintendência Estadual da Juventude, Cultura, Esportes e Lazer (Sejucel) e professores de história da Secretaria de Educação. Com o superintendente da Sejucel, Rodnei Paes, por exemplo, Palitot constatou que aproximadamente 70% do levantamento a respeito da Festa do Divino já existem, e se somarão ao trabalho conclusivo para atender às exigências da Unesco.
Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Amazonas pode sofrer com enchente da mesma magnitude que atingiu o Rio Grande do Sul? Especialista explica

Para ter uma dimensão da magnitude da enchente que ocorreu no estado gaúcho, grupos fizeram projeções da mancha de inundação sobre o mapa de diversas cidades, como Manaus.

Leia também

Publicidade