10 cantores manauaras que você precisa conhecer

Manaus comemora 353 anos em 2022 e para celebrar sua variedade musical, conheça artistas locais que tem conquistado o coração do povo amazonense há anos. 

Entre as setes artes que fazem parte da humanidade, a música ganha destaque por sua capacidade de estimular a memória não verbal, transmitindo as mais diversas sensações e emoções. E, ao longo da evolução humana, cientificamente, ela mostrou que tem poder de ativar funções cerebrais que envolvem a retenção e memorização.


Traduzindo: a música pode ser tanto usada como reflexo cultural quanto forma de expressão. Em Manaus (AM), por exemplo, existem artistas que produzem músicas enriquecidas com batidas e gingados típicos da cultura amazônica, como o ‘beiradão’, representadas por instrumentos que embalam o ritmo – violão, tambor, flauta, entre outros. 

Manaus comemora 353 anos em 2022 e para  celebrar sua variedade musical, o Portal Amazônia apresenta 10 artistas locais, indicados pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC), que tem conquistado o coração do povo amazonense há anos. 

Lucinha Cabral 

Embalada pela Música Popular Brasileira (MPB), a cantora Lucinha Cabral tem como referências artistas como Rita Lee, Elba Ramalho, Gal Costa e Maria Bethânia. Apaixonada pelo ritmo popular brasileiro, Lucinha começou a cantar em casas noturnas de Manaus em sua juventude. Autora das canções ‘Brasileira’ e ‘Love Tupiniquim’, Lucinha já participou de diversos festivais nos municípios do Amazonas.

“Eu creio que minha grande vitória foi conseguir ser uma intérprete, com um trabalho cheio de personalidade, irreverência. Musicalmente acho que, sem dúvida, ‘Brasileira’ muito me honra por causa da música ser chamada de “nossa caboquinha””, revelou Lucinha ao Portal Amazônia sobre o que acredita ser destaque em sua carreira.

A cantora já participou do Festival de Verão em Maués, Fórum Mundial de Cultura e Música Brasileira, e de diversos programas televisivos. Lucinha deixou um recado especial em comemoração aos 353 anos de Manaus:

“O meu recado pra está cabocla guerreira, mana Manaus, é que, maninha, nós estamos aqui pra te defender através da nossa arte, para dizer o quanto te amamos, como é bom viver abraçada a você. Parabéns Manaus!”.

Lucinha Cabral

Foto: Reprodução/SEC AM

Márcia Siqueira 

A cantora Márcia Siqueira é conhecida por ser levantadora de toadas do Boi Bumbá Garantido, no Festival de Parintins, no Amazonas. Márcia começou sua trajetória musical com apenas 4 anos de idade, quando venceu um concurso de jovens talentosos de uma igreja que frequentava em Itacoatiara, sua cidade natal. Se mudou para Manaus, onde, aos 14 anos, começou a cantar em bares da capital.

Márcia também morou em Estados do Nordeste e fez sucesso no Piauí, sob o pseudônimo de Edna Lago. Em 1998, durante seu retorno ao Amazonas, a cantora foi convidada pelo compositor Sidney Rezende para gravar a música ‘Amor Proibido’ e, em 2002, lançou seu primeiro disco solo, ‘Canto de Caminho‘, repleto de ritmos regionais.

Em 2021, a artista participou do projeto ‘Desafio das Cores’, realizado pela prefeitura de Manaus, com produção audiovisual da ‘Olha Já Filmes’, que lançou a música ‘Tempo de Tucandeira’.

Foto: Reprodução/Gisa Almeida

Candinho e Inês  

Cantores que são reconhecidos em todo cenário da música amazonense, Candinho e Inês iniciaram a trajetória em 1982, quando participaram e ganharam o Festival Universitário de Música. Em 1986, conquistaram reconhecimento no cenário da música amazonense com a produção do álbum ‘Nossa Música’, iniciativa da Superintendência Cultural, quando a música ‘Renovação‘ foi reconhecida como o maior destaque dos artistas.

A dupla lançou o primeiro CD nos anos 2000, intitulado ‘Ave Ventania’. O lançamento mais recente  é o CD ‘Memórias de Manaus em Chorinhos’.

“Em nossas músicas, além da realidade do homem num contexto universal, como amazonenses que somos, cantamos também um pouco da história e das coisas da nossa terra”.

Candinho e Inês

Foto: Reprodução/Candinho e Ines

Fátima Silva  

A artista que se considera uma cantora autodidata, começou sua trajetória cantando em casas noturnas de Manaus, participando do projeto cultural ‘Mulheres do Brasil’. Fátima fez sucesso na bilheteria do Teatro Amazonas, com a composição de samba ‘Maria Maria’.

A cantora participou do Festival de Música do Amazonas, e em outros festivais conquistou o primeiro lugar como melhor intérprete. A artistas também realizou apresentações no Teatro Gebes Medeiros, participando de espetáculos como ‘Paixão louca Paixão’ e ‘Elas cantam samba’.

A cantora revelou que se afastou do grupo ‘Elas cantam samba’ quando precisou cuidar da saúde. “Tenho um tratamento contra um câncer desde 2014 até hoje, e é com força de vontade e muita fé em Deus que tudo isso faz com que eu tenha vontade de viver. Meu parceiro inseparável sempre me incentivando, não deixando me abater, meu violonista Valdino Junior”, comentou Fátima. 

Foto: Reprodução/SEC AM

Chico da Silva  

Nascido em Parintins, a ilha da magia, o cantor Chico da Silva é conhecido como grande referência no samba brasileiro compondo música para artistas como Alcione, Martinho da Vila e Zeca Pagodinho.

Iniciando a sua carreira musical em 1980, Chico da Silva fez inúmeras toadas para os bois Garantido e Caprichoso. Em seu repertório de toadas amazonenses estão composições como ‘Rio Amazonas‘ e ‘Estrela’. Com a música de encerramento das toadas, o artista ganhou notoriedade com a torcida do Benfica, de Portugal, que aderiu o encerramento de toada como “grito de guerra”.

O primeiro sucesso de Chico foi a música ‘Pandeiro é meu nome’ e uma das mais conhecidas é ‘Vermelho’, interpretada inclusive por Fafá de Belém. No começo da carreira fez parte do conjunto ‘Os Amigos do Som’, formado por Agnaldo do Samba, Mariolindo, Saci da Aparecida, Lúcio Bahia, Manoel Batera & Cia. 

“Eu amo esse rio das selvas
Em suas restingas meus olhos passeiam
O meu sangue nasce nas suas entranhas
E nos seus mistérios meus olhos vagueiam”

Trecho da canção ‘Amazonas meu amor’, de Chico da Silva.

Foto: Reprodução/G1 Amazonas

Armando de Paula 

O músico Armando começou sua trajetória artística em 1981, a sua primeira apresentação foi no 4º Festival de Música do Sesc, quando recebeu o prêmio de 1º lugar como melhor intérprete com suas duas primeiras composições. Com as músicas ‘Marapatá‘, ‘Mosquito da Malária’, ‘Pedra Pintada’ e ‘Farinha’, o cantor conquistou premiação em diversos festivais regionais e nacionais.

A música ‘Marapatá’ foi em parceria com o poeta Aníbal Beça, e a composição vendeu o Festival Universitário de Música (FUM). ‘Marapatá’ já recebeu a voz de Felicidade Suzy e Nilson Chaves, sendo uma das músicas mais conhecidas do artista.

“A composição ‘Mosquito da Malária’, uma música muito cantada nas noites manauaras foi gravada pelo Grupo Carrapicho no começo de carreira, também pelo cantor Carlos Batata em seu CD, pelo intérprete Maca e por Eliakin Rufino, meu parceiro na letra da música. ‘Pedra Pintada’ também parceria com Aníbal Beça, ganhou o 4° lugar no Fecani e se tornou muito conhecido quando foi divulgada pelo Amazon Sat”, comentou o artista. 

Foto: Reprodução/ Armando de Paula

Felicidade Suzy 

Com o sucesso em sua performance no concurso musical do programa ‘Domingão do Faustão’, que foi ao ar em 1993, a cantora amazonense Felicidade Suzy chegou a final e foi declarada a campeã com a apresentação da sua música autoral ‘Katamarães‘.

Baden Powell, um dos maiores compositores e violonistas do país, trabalhou com Felicidade Suzy, que gravou músicas que foram temas de novelas da TV Globo, como ‘Maluco Beleza’, da novela ‘A indomada’, e ‘Onde o céu azul é mais azul’, da novela ‘Pátria Minha’.

Sua trajetória é marcada por três CDs individuais e participações especiais em discos como o ‘Songbook 6’, de Chico Buarque, e ‘Baden Powell – A música brasileira deste século por seus autores e intérpretes’.

A artista amazonense já realizou apresentações em países como Itália e Guatemala, além de ser conhecida em diversas regiões do Brasil. 

Foto: Matheus Castro/Rede Amazônica

Celdo Braga 

Nascido em Benjamin Constant, interior do Amazonas, o artista Celdo Braga é autor de diversas poesias e músicas centradas em temáticas amazônicas. A sua trajetória musical foi marcada pelo trabalho que desenvolveu com o grupo Raízes Caboclas.

Formado em Letras pela PUC-RS, Celdo é membro da União Brasileira de Escritores e autor das obras poéticas ‘Cordel Verde’, ‘Entranhas do Mato’, ‘O Eco das Águas’, ‘Água e Farinha’. Com as participações especiais de Thiago de Mello e Alcides Werk, o artista lançou os CDs ‘Canoa: música de popa’, ‘Poesia de Proa’, ‘Chamando o Vento’ e ‘Natal na Floresta’.

O artista também se dedicou ao projeto musical ‘Imbaúba‘, resgatando músicas sobre a floresta, natureza e Amazônia. 

Foto: Reprodução/Facebook-Celdo Braga

Lucilene Castro 

A artista Lucilene Castro é conhecida por seus projetos com músicas que retratam a realidade amazônica, com suas linguagens e temáticas.  A sua carreira começou quando a cantora se apresentava nas noites manauaras, cantando samba em bares e restaurantes.

Integrando o projeto ‘Elas cantam samba‘, Lucilene cantava ao lado de Fátima Silva, Márcia Siqueira e Cinara Nery, nomes de referência no samba manauara. Além disso, Lucilene Castro faz parte da história do Boi-bumbá e suas toadas. A artista também participou de eventos na Alemanha e França.

“Acredito que para o povo amazonense as minhas músicas representam um pouco de verdade, daquilo que é nossa identidade cultural, somos um povo eclético. Então eu vejo que canto um pouco de tudo, então dentro do meu repertório o público vai sempre se identificar com algo”, explicou Lucilene. 

Foto: Cedida/Lucilene Castro

Lili Andrade  

A artista começou a sua carreira musical desde os 6 anos de idade, quando participou do programa ‘Vovô Branco’, no Teatro Amazonas. Lili ficou conhecida como “a cantora mirim de Manaus”, e se apresentava no cast da rádio Difusora. Anos depois, ganhou o prêmio de melhor intérprete do 1º Festival de Canção do Amazonas.

A cantora também participou do IV Festival da Canção do Amazonas e foi considerada a melhor intérprete. Também ganhou notoriedade cantando em bares e restaurantes da cidade. Lili gravou três CDs, com músicas de vários artistas, entre eles Mário Jackson, Chico da Silva, Candinho, Antônio Marcos, Luiz Gonzaga, entre outros.

“Sou uma cantora eclética porque me identifico com os ritmos brasileiros. Porém, em 1993, por incentivo do compositor Chico da Silva, me tornei a primeira levantadora de toadas do Amazonas com a toada ‘Divina Mania’, que o Chico compôs pro Garantido. Manaus pra mim, é a cidade onde nasci, cresci e vivo até hoje. A cidade dos encantos e da morenice que conquista qualquer um que chega por aqui, pois mesmo trazendo na mente, a incerteza do que pode encontrar, torna-se maravilhado ao se deparar com tamanha grandeza, aconchego e receptividade”.

Lili Andrade

Foto: Acervo/ Lili Andrade

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