Jardineira das florestas: Saiba a importância da anta, o maior mamífero terrestre da América do Sul

Com uma “memória de elefante”, as antas desempenham funções fundamentais no florestamento dos biomas. Conheça:

Herbívora, a anta (Tapirus terrestris) possui uma enorme importância para a fauna brasileira. Pode ser encontrada em diversos biomas no país, dentre eles a Amazônia, o Cerrado, a Mata Atlântica e o Pantanal. Com uma “memória de elefante”, as antas desempenham funções fundamentais no florestamento.

Por isso, dentre as particularidades do animal, a anta é conhecida por ser a “jardineira das florestas”. Mas de onde vem esse apelido? O Portal Amazônia explica a fama de “jardineira” e outras curiosidades sobre o maior mamífero terrestre da América do Sul. Confira:

Foto: Daniel de Granville

Dispersora de sementes

A alimentação da anta se baseia em folha, caules, plantas aquáticas e variados frutos, ervas e raízes. Surpreendentemente, elas chegam a comer de oito a nove quilos de alimentos por dia e muito disso são as frutas. 

Quando o animal come as frutas, as sementes vão juntos e por andar longas distâncias diariamente, a anta acaba dispersando as sementes pelo bioma, o que proporciona a germinação das sementes e surgimento de novas árvores. Ou seja, o mamífero tem um papel fundamental no florestamento.

Enorme inteligência

Quem nunca ouviu uma pessoa chamar a outra de anta como um termo pejorativo? Mas, ao contrário do senso comum de se associar antas à falta de inteligência, pesquisas mostram que o animal possui uma enorme concentração de neurônios.

O ditado “memória de elefante” pode também ser aplicado às antas, uma vez que as mesmas possuem boa memória e são extremamente inteligentes.

As antas possuem uma enorme concentração de neurônios e uma memória “de elefante”. Foto: Hudson Martins Soares/Acervo Pessoal


Então como surgiu essa falsa comparação?

Antes da colonização brasileira, a anta tinha um enorme valor para os nativos. Com a chegada dos portugueses, que perceberam que o animal era considerado sagrado para os indígenas, utilizaram um método de “desconstrução cultural”, que ocorria de diversas maneiras, inclusive através da catequização dos índios.

Com isso, o nome do animal começou a ser utilizado de forma pejorativa para desmerecer a crença nativa dos indígenas que eram considerados seres inferiores e até desprovidos de alma pelos colonizadores.

Benedito Calixto, “Anchieta é Nóbrega na cabana de Pindobuçu”, 1920. Óleo sobre tela. 42,5 × 65,8 cm.

Preservação e riscos 

As antas são seres que habitam há séculos o Brasil e mesmo antes de existirem estradas e rodovias, as antas abriam caminhos para os nativos. Até mesmo os bandeirantes se beneficiaram das “trilhas naturais” abertas pelos mamíferos.

Fatores como desmatamento e queimadas impactam sua preservação. A anta é um animal solitário que precisa de grandes áreas para viver. Uma única anta necessita de uma área maior que 500 campos de futebol.

Apesar de não apresentar risco de extinção pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), é considerada como ‘Vulnerável’ pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), no Livro Vermelho das Espécies.

Leia também: Livro Vermelho da Fauna: Amazônia tem 180 espécies sob risco de extinção

Para chamar a atenção para o problema, já foi criado o Dia Mundial da Anta (27 de abril), com o objetivo conservar as espécies de antas encontradas no planeta.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Publicidade

Mais acessadas:

Fitoterapia brasileira perde a botânica e farmacêutica Terezinha Rêgo

Reconhecida internacionalmente, a pesquisadora desenvolveu projetos como a horta medicinal que beneficiou centenas de famílias periféricas no Maranhão e revelou revolta em caso que envolvia plantas amazônicas.
Publicidade

Leia também

Publicidade