‘Narradores das Barrancas’: livro destaca cosmovisão dos encantados na Amazônia

O livro ‘Narradores das Barrancas: histórias que povoam o imaginário amazônico’ é fruto de pesquisas e viagens.

Fruto de pesquisas e viagens pela Amazônia, lancei o livro ‘Narradores das Barrancas: histórias que povoam o imaginário amazônico’, por meio da live na página da Biblioteca no YouTube no sábado (3.12). A iniciativa partiu do Movimento Jornalismo e Ciência na Amazônia, com a participação de seus idealizadores Alexandre Dourado, José Gadelha e a autora do livro, em parceria com a biblioteca municipal Viveiro das Letras em Porto Velho.

A atividade ocorreu de forma gratuita e aberta ao público, onde se realizou uma roda de conversa comigo e demais convidados. A obra é publicada pela editora CRV, com sede em Curitiba, e reconhecida pela sua produção acadêmica no campo das Artes e Ciências Humanas.

Foto: Divulgação

Esta obra contém registro de narrativas que evidenciam o viver na Amazônia Ribeirinha, enriquecida com a contribuição de artistas plásticos/visuais que contribuem nas ilustrações de histórias narradas pelos próprios barqueiros e ribeirinhos.

O projeto começou a ser desenvolvido em 2016 e contou com a participação de nove artistas plásticos/visuais que fizeram as ilustrações de 15 narrativas, sendo eles: Adelina Jacob, Bruno Souza, Flávio Dutka, Gilson Castro, J. Messias, Mikéliton Alves, Patrícia Fran, Piero Aranibar e Ricardo Peres.

Honorato Cobra Grande, ilustração de Bruno Alves de Souza.

A pesquisa e o encontro com os narradores ribeirinhos se deram por ocasião das viagens nos rios Juruá e Careiro da Várzea no Amazonas; nas comunidades de São Carlos, Terra Caída e Nazaré em Rondônia, além dos barqueiros e práticos do rio Madeira.

O prefaciador da obra é o doutor Nelson Rego, professor titular aposentado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o qual destacou na live a importância da “cosmovisão, sendo um olhar importante para que o Brasil e o mundo conheçam a importância dessa região para a humanidade, principalmente da relação das pessoas com a natureza e o campo da espiritualidade”.

As narrativas publicadas se inserem no campo da Geografia das Narrativas e evidenciam o espaço vivido dos ribeirinhos e barqueiros repleto de saberes locais que geram o sentimento de pertencimento das pessoas aos lugares.

O livro divide-se em duas partes (Narrativas ribeirinhas: artes e encantamentos e Espacialidade das narrativas: uma análise cultural e ambiental) que tratam dos mitos e das encantarias no universo das matas e das águas à luz dos estudos de representação, na visão da geografia humanista cultural na interface com a linguística.

Para mim, o maior patrimônio da Amazônia é sua gente que produz um espaço repleto de significados, experiências, ensinamentos e que bom que esses narradores permitiram compartilhar comigo essas memórias e narrativas impregnadas de lembranças.

Malinação de Chicó, ilustração de Ricardo Peres.

Espero que o leitor possa conhecer mais a valorosa cultura amazônica e suas inúmeras comunidades ribeirinhas através das narrativas contadas que destacam os mitos, os encantados, o espaço vivido das pessoas, sendo um encontro especial reforçador da dimensão dos saberes locais no fortalecimento da cultura ribeirinha. A obra está à disposição do público pelo site da editora.

Que esta experiência de olhar amazônia, por meio dessas narrativas fascinantes, possa ser multiplicada para a definição de campos possíveis de ação nas políticas públicas destinadas às populações ribeirinhas. Continue nos acompanhando e envie suas sugestões no e-mail: lucileydefeitosa@amazoniaribeirinha.com

Sobre a autora

Lucileyde Feitosa é professora, Pós-Doutora em Comunicação e Sociedade (Universidade do Minho/Portugal), Pós-Doutora em Geografia pela Universidade do Minho/Portugal, Doutora em Geografia/UFPR, Integrante do Movimento Jornalismo e Ciência na Amazônia e colunista do portalamaoznia.com e da Rádio CBN Amazônia/Porto Velho.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

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