É comum ver pelas ruas do Centro de Manaus hotéis, hostels, pensões, pousadas, e diversos tipos de hospedagens a disposição dos turistas que visitam a cidade. Mas diante de tantas opções e de uma baixa procura por esses serviços, muitos desses estabelecimentos têm optado por oferecer atividades culturais e artísticas para atrair a clientela, outros até mudado o tipo de serviço oferecido mpara o público.
Para Rafael Barbosa, 32, proprietário do Mao Hostel & Bar, se manter apenas com hospedagem tem se tornado uma tarefa cada dia mais difícil. Com capacidade para 27 hóspedes, e cobrando diárias de R$ 35, o empresário viu diminuir a procura no ramo dos serviços de hospedagem e começou a investir em atrações culturais, atraindo assim, um público que tem crescido consideravelmente nos últimos meses. “Esse hostel já existe a cerca de três anos, eu me tornei dono dele há um ano, e desde então nós temos investido na promoção da cultura e arte local. A partir da quarta-feira, iniciamos nossas atividades, com a Varanda do Mao com o Trio Matrinchã, na quinta-feira, temos happy hour, na sexta- feira temos eventos aleatórios, e assim vamos levando.
As nossas festas tem feito muito sucesso.No aniversário do Mao, tivemos fila com mais de trezentas pessoas querendo entrar aqui, infelizmente por conta do espaço não conseguimos recebê-los aqui dentro, mesmo assim o público não arredou o pé e curtiu lá da rua mesmo, foi incrível”, disse Barbosa.
Mesmo investindo em melhorias para o hostel e promovendo eventos culturais, o empresário afirma que tem se tornado cada dia mais difícil manter o negócio, no entanto, ele acredita numa melhora e tem investido em mudanças no local para fazer com que turistas se hospedem no hostel e conheça um pouco da cultura amazonense. “Nosso foco é trazer pessoas do exterior para conhecer um local que agregue boa hospedagem e música autoral de qualidade, e assim levar nossa cultura para o resto do mundo”, disse o empresário.
No entanto, esse mesmo otimismo não se vê em outros empresários do ramo. Alguns hotéis têm deixado de operar no sistema hoteleiro e se tornado pensões mensalistas. Foi o que aconteceu com o Hotel Formosa, que segundo o proprietário precisou mudar o jeito de hospedar para conseguir sobreviver em tempos de crise.
Segundo Josivan Gomes, 30, proprietário do hotel, durante cerca de 7 anos ele insistiu no negócio, porém, há 5 meses, ele decidiu mudar o jeito de trabalhar, passando assim, a trabalhar no sistema mensalista e não de diárias, isso por vários motivos.
“Primeiro que a burocracia, papelada, documentação exigida pelos órgãos responsáveis é muito grande, além disso, você gasta muito dinheiro e os documentos de licença demoram pra ficar prontos, outro ponto importante é que com essa crise muita gente deixou de se hospedar em hotéis por considerar muito cara a diária, e pra piorar, a criminalidade no Centro de Manaus expulsou muitos turistas. Eles vêm pra cidade, mas preferem se hospedar longe do Centro para não ser assaltados, aqui onde estamos localizados (av. Joaquim Nabuco) a noite fica um deserto, ninguém tem coragem de ficar andando por aqui, então para não fechar as portas, optamos por alugar mensalmente para os clientes”, explicou Gomes.
De acordo com o empresário, o lucro no sistema mensal é menor do que na diária, porém, menos burocrático e mais fácil de administrar. Segundo Gomes, atualmente o cliente tem à disposição um quarto mobiliado, com TV, central de ar, cama, guarda-roupa, chuveiro elétrico, internet Wi-Fi, ou seja, toda uma estrutura de hotel, porém, pagando por mês um valor que varia entre R$ 600 e R$ 1.000.
E muitas pessoas tem aderido a essa nova forma de morar, estudantes de graduação e pós-graduação, e até mesmo autônomos têm optado por este tipo de moradia. A estudante de designer gráfico, Ana Beatriz Costa, 23, aderiu à moradia em hotel, segundo a estudante paraense, essa foi uma das melhores opções que surgiram para quem não tinha nenhuma mobília para trazer a Manaus. “Quando fui aprovada no Prouni, fiquei empolgada por vir morar aqui, mas quando comecei a pesquisar os preços de móveis e eletrodomésticos, apartamentos, o valor da água, luz e internet, percebi que não poderia me mudar pra cá. Mas um amigo me falou de um hotel próximo da faculdade, em que eu poderia me hospedar, morar e pagar por mês, isso diminuiria muito os meus custos na cidade, e de fato foi uma boa escolha, atualmente, pago R$ 700, e pronto, não tenho que pagar água, luz, me preocupar com internet, tenho tudo aqui, só é ruim não ter como cozinhar no local, mas a gente improvisa, já coloquei um microondas e isso já ajuda bastante”, contou a estudante.