Neste espaço quinzenal, irei falar sobre Tecnologia na Amazônia. A ideia é mostrar as ações que existem na área de tecnologia digital na região, tanto as em fase inicial como as já consolidadas, os espaços de desenvolvimento, questões inerentes ao ramo, startups já instaladas, etc. Sempre olhando esta área como uma alternativa de desenvolvimento econômico e social.
Inauguro a coluna com uma pergunta: o que te vem à mente quando pensa em Tecnologia na Amazônia? Temos, guardadas as controvérsias, a maior floresta do mundo, o maior rio do mundo, a maior biodiversidade do mundo. Por essa linha de raciocínio, Tecnologia na Amazônia deve ser algo moderno que use os nossos recursos naturais abundantemente disponíveis, unindo a Biologia com a Tecnologia: a Biotecnologia. Ou você pode pensar que, dado o Polo Industrial de Manaus, Tecnologia na Amazônia deva ser alguma inovação para as fábricas aqui instaladas.
Se você pensou por um desses dois caminhos, não está errado(a)! Mas se pensou em algo além é porque, provavelmente, já tomou conhecimento que em Manaus há uma área que está crescendo a cada dia: a de desenvolvimento de software – e todo o seu ecossistema – os institutos de pesquisas, as incubadoras, as universidades e as startups. Um conjunto de iniciativas que não necessariamente estão ligadas à Biotecnologia ou a, já muito falada, Indústria 4.0. Negócios, pesquisas, empresas que, embora não empreguem o potencial da natureza amazônica, são ecológicas.
Senão, vejamos: os códigos, os bits, são facilmente recicláveis e não degradam o meio ambiente. Não há dificuldades logísticas, pois a Internet resolve o envio e o recebimento dos pacotes de programas. São escaláveis pois um sistema que é usado em Manaus pode ser usado para a mesma aplicação em qualquer lugar do mundo. São fracamente dependentes de incentivos fiscais. Logo, desenvolver software na Amazônia é sim alternativa para fazer crescer a economia mantendo a floresta em pé.
Se ainda restou dúvidas, ressalto que, além dos benefícios para a floresta, a área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs) cresce acima dos 10% ao ano e representa, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), mais de 7% do PIB brasileiro. Some-se ainda o potencial de mudança de padrões e modelos sociais que as tecnologias disruptivas, criadas a partir de desenvolvimento de software, trazem.
Mas o que é desenvolver software? De maneira bem resumida e genérica, é escrever algoritmos em uma ou mais linguagens de programação, compilar, testar, empacotar em um sistema ou aplicativo, distribuir e fazer as atualizações e o suporte. Se você não é da área, preciso explicar que algoritmo é um programa que realiza determinada tarefa através de uma sequência lógica de passos, como uma receita de bolo. Compilar é quando a linguagem de programação (de alto nível) é traduzida para uma linguagem (de baixo nível) que o computador possa entender, a interface que traduz o código do programador (letras e números) para o código do processador (zeros e uns).
Embora, para alguns, desenvolver software possa parecer coisa de outro mundo, as ferramentas atuais simplificaram muito este processo fazendo com que aplicativos possam ser desenvolvidos de forma rápida e barata. Mas isso não quer dizer que eles sejam bons. Um software para ser bom precisa ser fácil de usar, estável, seguro, de processamento rápido e, de quebra, ainda consumir pouca bateria. Ufa!
Os profissionais de TI criam os algoritmos e espera-se que estes tenham as características mínimas de qualidade, que sejam “bons” para a tarefa que precisam desempenhar. Quando esta pessoa ou equipe de desenvolvedores e desenvolvedoras consegue criar um algoritmo que é melhor do que todos os outros desenvolvidos anteriormente, aliado a uma ideia inovadora, ele tem um diferencial tecnológico nas mãos.
Chegar ao estado da arte – ao “melhor algoritmo”- exige estudo e pesquisa, e é exatamente este o ponto que está tornando Manaus uma cidade em ascensão no desenvolvimento de software no Brasil. Aqui, há pessoas extremamente competentes que são capazes de desenvolver tais algoritmos que, somados ao trabalho de profissionais de outras áreas, geram novos negócios com potencial de serem altamente rentáveis.
Eu te convido então a conhecermos juntos o que está acontecendo neste cenário para que possamos afirmar, com conhecimento de causa: que sim, há um pessoal “porreta” em computação no Amazonas.