No Amazonas, a recomendação é que todos recebam a dose única da vacina já há alguns anos. Após casos suspeitos, a população chegou a buscar várias Unidades Básicas de Saúde (UBS) de Manaus para receber a dose única. Muitos que estiveram nos locais de imunização não sabiam se já haviam tomado a vacina. Em todo o Estado, a cobertura vacinal chega a 80,05% da população, segundo a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM).
A coordenadora Estadual da FVS-AM, Izabel Nascimento, conta que o calendário anual foi diferenciado por conta da possibilidade de surto da doença no Estado. “Nós trabalhamos com o calendário básico de imunização. Ele estava diferenciado com a vacina contra a febre amarela, mas devido aos surtos que ainda ocorrem em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, a proposta é que essa vacina seja inserida quase em todo o país”, explicou.
Ela ainda destacou que a Fundação está trabalhando sobre a sintomatologia das pessoas que estão com indícios de sarampo. “Estamos fazendo o bloqueio e intensificação (das ações de imunização). Começamos a fazer trabalhos nos Centro de Apoio Integral à Criança (Caics), vacinando todos os profissionais de saúde. O nosso momento atual está direcionado para a vacinação contra o Sarampo”, afirmou.
As suspeitas de sarampo, em Manaus, se concentram nos bairros Santa Etelvina, Monte das Oliveiras, São Geraldo e na comunidade São João, no bairro Lago Azul, quilômetro 4 da BR – 174 (Manaus –Boa Vista), localidades onde a FVS-AM já realizou uma campanha para intensificação da imunização da população e profissionais de saúde.
Em Boa Vista, no Estado de Roraima, uma UBS registrou 215 aplicações da vacina contra a febre amarela entre dezembro e janeiro de 2018. Em novembro, antes da correria aos postos no Sudeste, foram apenas 40 doses da vacina ministradas no mesmo local. O Estado não possui novos casos da doença em humanos há mais de 10 anos, mas a localidade é considerada endêmica desde 1940.
A Secretaria de Saúde aponta de 95% da população total esteja imunizada. De acordo com o Ministério da Saúde, o índice é considerado razoável a considerar uma difusão da doença.
O Estado de Tocantins é considerado endêmico há mais de 30 anos. O último caso confirmado foi há 17 anos. No ano de 2017 foi registrada uma morte suspeita em Xambioá, município localizado a 507 quilômetros de Palmas. A Secretaria de Saúde do Estado estima que 63% da população esteja vacinada.
Triagem junto aos venezuelanos
Cinco casos de suspeitas de sarampo foram registrados pela Fundação de Vigilância em Saúde no Amazonas, sendo que dois já foram descartados. As três suspeitas restantes continuam em investigação pelo órgão, que ainda não tem informações sobre a origem das possíveis infecções.
A coordenadora de imunização ainda ressaltou que a FVS-AM está realizando triagens junto aos imigrantes venezuelanos. Entretanto, as diversas formas de fácil acesso à Manaus podem contribuir para a chegada de pessoas infectadas com sarampo.
“Existe um plano de ação. Contudo, os venezuelanos estão chegando de qualquer jeito. Eles estão vindo caminhando, por carona e ônibus. Estão adentrando (a cidade) e fica difícil de você controlar. Mas aqueles venezuelanos que estão com todo encaminhamento estão sendo acolhidos pelo município de Manaus, seja com vacinas ou outros suportes”, explicou.
Ciclo de evolução da febre amarela e do sarampo
No ciclo de transmissão silvestre da febre amarela, os macacos infectados pela doença são picados pelo mosquito Hemagogus e o Sabethes. Esses mosquitos passam a carregar o vírus e quando uma pessoa é picada em área de mata, a doença é desenvolvida. Se for em uma cidade, pode dar início ao ciclo urbano da doença. Os mosquitos Aedes aegypti, ao picar uma pessoa infectada, passam a carregar o vírus, transmitindo para outras pessoas da área urbana.
Já no ciclo do sarampo, a doença é propagada por gotículas respiratórias no ar (tosse ou espirro); por saliva (beijos ou bebidas compartilhadas). Há possibilidade de infecção de mãe para o bebê durante a gravidez, parto ou amamentação. A doença é tão contagiosa que até o contato com a pele (apertos de mão ou abraços) ou toque em uma superfície contaminada (cobertor ou maçaneta) podem dar origem aos primeiros sintomas, que incluem tosse, coriza, olhos inflamados, dor de garganta, febre e erupção cutânea com machas vermelhas por todo o corpo.
Os primeiros sinais da doença costumam aparecer apenas de 10 a 14 dias após a exposição.
Quem deve se vacinar?
De acordo com o Ministério da Saúde, todos entre 9 meses e 60 anos, que ainda não receberam a dose da vacina, estão incluídos no grupo que deve se imunizar imediatamente.
Mulheres que estão amamentando crianças menores de 6 meses de idade; pessoas que possuem alergia grave ao ovo; pessoas que vivem com HIV e tem contagem de células DF4 menor que 350; os que estão em tratamento com quimioterapia/radioterapia; portadores de doenças autoimunes; e os que estão em tratamento com imunossupressores (que diminuem a defesa do corpo), o Ministério recomenda que não tome a vacina.
Devem passar por uma análise médica para tomar a vacina, caso se enquadrem em situações como a de portador de doenças hematológicas (do sangue), renais e hepáticas; grávidas; faz uso de medicamentos corticoide; ou terminou tratamento de quimioterapia e radioterapia.
Outra recomendação para se imunizar é para quem vive ou vai viajar para uma localidade na lista de municípios com recomendação de imunização.
As vacinas são disponibilizadas em toda a rede de saúde municipal e estadual. Quem precisar tomar a vacina, pode comparecer à unidade mais próxima com sua “cartão de vacinação”, que será avaliado antes da aplicação da vacina. Quem não tiver como comprovar, receberá a dose.
Já a imunização contra o sarampo, para quem possui idade acima dos 29 anos, será aplicada apenas em uma dose. Atualmente, a vacina contra a febre amarela é administrada somente em uma única dose.