Remédios naturais: o poder de cura com ervas da Amazônia

Consumo de ervas, madeiras, xaropes e as famosas ‘garrafadas’ é um hábito comum na região amazônica
Considerada como um auxílio aos tratamentos médicos, por alguns, e como única fonte de terapia por outros, a homeopatia, conquista adeptos que optam por recursos naturais na ocorrência de problemas de saúde, sejam eles sintomáticos ou não.
 
E quem pensa que o consumo de ervas, madeiras e preparos como xaropes e as famosas ‘garrafadas’ é realizado somente pelo público de mais idade se engana porque os jovens também estão aderindo aos remédios naturais. Os médicos alertam quanto aos cuidados no uso das substâncias.
 
A comerciante Virgínia Oliveira vende ervas e remédios naturais, há 20 anos, em uma banca instalada na Feira do Produtor, na Zona Leste de Manaus. Ela conta que a maior demanda dos produtos parte do público da terceira idade.
 
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
 
Porém, ela afirma que os jovens também estão aderindo ao consumo das ervas e demais produtos naturais, o que para ela, é uma novidade nas duas décadas de trabalho.
 
“A maior parcela das vendas ainda é feita às pessoas de mais idade, mas os jovens estão acreditando mais no tratamento natural. Vejo que eles buscam as receitas na Internet e em seguida buscam os ingredientes para produzir os remédios”, disse a vendedora.
 
Segundo Virgínia, os itens de maior procura em sua banca são a unha de gato e o uxi amarelo, juntos são utilizados no tratamento de enfermidades que atingem as mulheres, como cistos e miomas; casca da árvore de carapanaúba, que é ingerido em forma de chá com o intuito de curar bronquites, problemas estomacais e ainda é utilizado como redutor de gorduras; e o popular ‘Sara-Tudo’, que é o chá de cascas da árvore de nome homônimo ao produto.
Virgínia explica que o chá de Sara-Tudo é indicado para infecções e nos cuidados com ferimentos.
 
“As pessoas também procuram bastante por sal de ervas, chás para banhos, xaropes diversos, unguentos, entre outros produtos”, disse.
 
A comerciante conta que aprendeu boa parte das receitas homeopatas com a avó, na Bahia, seu Estado de origem. Ela acompanhava a avó nas vendas, também na feira. “Minha avó trabalhava com folhas de algodão, usadas para produzir xaropes. Desde cedo fui aprendendo a fazer as receitas”.
 
Na avaliação do médico, que é ortopedista, e tesoureiro do Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam), Erivaldo Mendonça, a homeopatia é benéfica ao ser usada em paralelo com os fármacos prescritos pelos médicos. Mendonça explica que os produtos naturais quando utilizados como única fonte de tratamento podem desencadear novos problemas de saúde, além de não oferecerem cura.
 
“Não somos contra o uso desses produtos. Mas, é preciso ter cuidado com as substâncias ingeridas. Os produtos naturais não trazem problemas, em momento algum, mas tudo o que é ingerido em excesso, se torna prejudicial. Vale ressaltar que esses produtos não curam. São apenas coadjuvantes”, disse.
 
“Por outro lado, os medicamentos manipulados podem ser prejudiciais quando utilizados sem prescrição médica”, completa.
 
O médico ainda alerta quanto às práticas utilizadas durante os primeiros socorros em caso de acidentes pessoais, como ferimentos, cortes, torções, entre outros.
 
“Atendemos diversas pessoas que em caso de baques fazem massagens e aplicam produtos no machucado, como banhas, unguentos, o que é errado. Nesses momentos, o correto é imobilizar e aplicar compressa de gelo. Nem sempre quem tenta colocar o osso deslocado no lugar, consegue, e depois a situação se agrava. Há casos que o paciente corre o risco de perder parte do corpo devido aos maus procedimentos”, alerta.
 
A rejeição ao médicoO aposentado, Sadi Rodrigues, 61, é um exemplo de paciente que só procura o auxílio de um médico em situação extrema. Ele relata que sempre que precisa de um medicamento recorre aos chás e xaropes. Os chás que ele mais consome são o de casca de laranja e de boldo.
 
“Me sinto bem com o uso do chá. Não costumo ir ao médico. Quando chego a ir ao consultório, faço a primeira consulta, compareço aos exames e no fim, não retorno ao médico para saber o laudo dos exames. Mas não abro mão dos remédios caseiros”, conta.
 
 
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