Infectologista alerta que cloroquina não deve ser usada como forma de prevenir ou evitar contágio por Covid-19

O médico frisou que medicamento só deve ser usado no ambiente de pesquisa e que estudos no Amazonas continuam.

O médico infectologista Marcus Lacerda, da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), reafirmou, nesta quarta-feira (15), a importância da conscientização de que a população não busque fazer uso da cloroquina indiscriminadamente, buscando prevenir ou tratar casos do novo coronavírus (Covid-19).

Durante entrevista coletiva on-line, transmitida pelas redes sociais do Governo do Estado, Lacerda também afirmou que os estudos com cloroquina, bem como com outros medicamentos, continuam sendo realizados no Amazonas. O médico alertou que o uso profilático da cloroquina não é recomendado e vem sendo desestimulado por cientistas e pesquisadores.

Cloroquina. (Foto:Divulgação)

“A Associação Americana de Doenças Infecciosas publicou um guia de tratamento e manejo de pacientes com Covid. Nesse guia, eles são muito enfáticos em dizer que as pessoas só devem usar cloroquina ou azitromicina no ambiente de pesquisa. Elas têm que estar sendo monitoradas por um médico e sob um regime de pesquisa clínica para que se possa fazer o uso da medicação. O uso como profilático, não há qualquer evidência no planeta de pessoas que usam cloroquina não vão desenvolver forma grave ou não. A população tem que ficar atenta”, orientou Lacerda.

Médico infectologista Marcus Lacerda, da Fundação de Medicina Tropical. (Foto:Rodrigo Santos/Secom-AM)

Ele destacou a importância do distanciamento social como mecanismo comprovadamente capaz de reduzir a proliferação do coronavírus. “É importante dizer que existe uma ferramenta altamente eficaz contra a Covid, que é as pessoas não se exporem. Se as pessoas não saírem de casa, elas não têm condições de pegar Covid-19. Não temos vacina, e a cloroquina, com ou sem azitromicina, não ha evidência alguma no planeta de que vá impedir de pegar o vírus”, frisou.

Estudos no Amazonas 

Durante a entrevista on-line, Marcus Lacerda ressaltou que as pesquisas com cloroquina e outros medicamentos, no tratamento de pacientes graves de coronavírus, continua sendo feita no Amazonas.

“A Fundação de Medicina Tropical auxiliou o Ministério da Saúde e a Secretaria de Ciência e Tecnologia a construir um guia de uso da cloroquina em pacientes graves. Nós tivemos uma participação e uma discussão importante, recomendando uma dose mais baixa, que é a que hoje está sendo usada aqui no Brasil. Portanto, essa maior dose (que era usada na China, nos estudos iniciais) foi suspensa, mas o estudo não. Nós continuamos estudando pessoas internadas no Delphina Aziz e acompanhando-as com a menor dose”, acrescentou.

Marcus Lacerda reforçou que um dos primeiros lugares do mundo a começar o estudo da cloroquina nos pacientes graves foi o Amazonas, e que o estado tem tradição de pesquisa na Fundação de Medicina Tropical há mais de 40 anos.

“O nosso grupo, exclusivamente, há 20 anos trabalhando com malária, com HIV, tuberculose, acidentes por serpentes, a população manauara reconhece a excelência da pesquisa que nós fazemos na área de doenças infecciosas aqui. No mundo inteiro, nós somos muito reconhecidos. Todos os projetos de pesquisa têm uma aprovação do Conselho Nacional de Ética em Brasília. Portanto, cada pessoa que entende o projeto assina um Termo de Consentimento autorizando sua participação no projeto de pesquisa”, detalhou Lacerda.

Ele completou dizendo que outras pesquisas também vêm sendo realizadas no Amazonas, buscando combater o coronavírus. “É importante que a sociedade entenda o que foi feito dentro do Delphina Aziz, para que não se volte para mais esse personagem que vai ser decisivo na luta contra o Covid-19, que é o pesquisador.

A pesquisa está para ajudar o serviço de saúde e fazer com que o profissional faça melhor o seu trabalho. Estamos estudando não só a cloroquina, como também outros anti-inflamatórios mais potentes que acreditamos que farão diferença naquela pessoa que está internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”, concluiu o infectologista.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Pesquisador recebe título de Doutor Honoris Causa da UERR por contribuição com ciência na Amazônia

Reinaldo Imbrozio Barbosa tem 36 anos de atuação somente no Inpa, além de atuação com professor de ensino superior, onde contribuiu com a formação de alunos da graduação ao pós-doutorado.

Leia também

Publicidade