Grupo oferece apoio a pessoas com transtornos de humor em Manaus

“Muita gente ainda vê a depressão como frescura. Psicofobia infelizmente ainda é um problema muito presente por aqui, apesar de os índices de suicídio serem cada vez mais alarmantes”.

A declaração acima foi dada ao Portal Amazônia por alguém que viveu na pele uma grave crise de depressão que teve grande repercussão em 2016, na cidade de Manaus. Aos 26 anos, a jornalista Nauzila Campos não fica constrangida em falar sobre o problema que muitos tentam esconder.

Após publicar vídeos em redes sociais nos quais alerta a importância da prevenção contra a depressão e o suicídio, Nauzila anunciou nesta quarta-feira (28) a criação do O Grupo Acolhida, um grupo de ajuda gratuito para acolher pessoas que sofrem com sintomas de transtornos de humor, como depressão, bipolaridade, ansiedade, e têm dificuldades financeiras ou familiares para iniciar um tratamento.

Foto:Reprodução/Shutterstock
Segundo ela, o grupo vai contar com o apoio de 10 profissionais da psiquiatria, psicologia, assistência social, entre voluntários e funcionários da Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas) que vão ajudar os participantes a ver a vida colorida novamente.

“Há mais de um ano atrás eu sofri uma crise de depressão muito grave. Desde então, tenho tentado divulgar mais informações sobre saúde mental, para que as pessoas busquem prevenção e tratamento. Muita gente acabou me procurando por passar por situações parecidas, e na intenção de ajudar muita gente de uma vez só, com o apoio de profissionais especializados na saúde mental, tive a ideia de montar o grupo”, conta.

Acolhida

Com a experiência de quem passou pelo drama da depressão, Nauzila acredita que um apoio como esse é fundamental, já que tratamentos psiquiátricos são caros e, em muitas vezes, pessoas próximas não entendem a situação pela qual o paciente está passando.

“Quando a pessoa se sente acolhida, ela passa a entender que não está sozinha nessa luta e, principalmente, que essa dor passa, tem tratamento, tem solução. Conhecer histórias de superação é um estímulo para também começar a sua própria superação”, destaca.

Nesse sentido, ela acredita que o nome Grupo Acolhida serve para enfatizar este objetivo. “A ideia é abraçar mesmo a causa, acolher quem se sente fora do eixo, deslocado do mundo. Acolhida encaixou bem na proposta”.

No entanto, a jornalista destaca que o grupo é um apoio e que o tratamento médico é fundamental.

“Os participantes vão passar por uma triagem, sem necessariamente serem diagnosticados. Não é necessário levar laudo, basta apresentar queixas similares aos sintomas de transtornos de humor. O grupo não é terapêutico, não é um tratamento. Casos graves serão encaminhados aos profissionais de saúde especializados. Como o grupo conta com o apoio da Seas, a intenção dele é promover qualidade de vida e acolhimento, a saúde vem por consequência”, alerta.

Como participar?

As reuniões serão gratuitas e vão acontecer todas as terças-feiras no CECF Magdalena Daou, o Centro de Convivência do Santo Antônio. As inscrições serão abrertas na próxima segunda-feira (5) e serão feitas diretamente no CECF com apresentação do RG. O grupo é destinado para maiores de 18 anos conta com vagas limitadas.

“São apenas 20 vagas para que o grupo tenha eficácia, se passar disso pode comprometer o desempenho das atividades. Mas a intenção é que ele se multiplique em outros grupos para que o apoio possa ser multiplicado e as vagas aumentem”, explica.

“Vamos trocar experiências, conhecer atividades diferentes fornecidas pelo Centro e estaremos sempre juntos nessa caminhada rumo à plena qualidade de vida”, convida Nauzila.


Veja vídeo sobre prevenção da depressão e suicídio postado pela jornalista no último setembro amarelo:

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