Em função da malária, Amazonas decreta situação de emergência no Alto Rio Negro

O Governo do Amazonas está intensificando as ações de combate e controle da malária no Estado, para conter o número de casos da doença, que voltou a crescer desde o ano passado. Em 2017, foram registrados 81.302 casos, 65% a mais do que no ano anterior. Neste primeiro semestre de 2018 (até o dia 21 de junho), foram registrados 32.503 casos, com destaque para os municípios do Alto Rio Negro, onde a Defesa Civil do Estado, decretou, no último dia 18 de junho, situação anormal, caracterizada como de emergência, por conta da doença na região.

Com 11.765 notificações, São Gabriel da Cachoeira, Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro são responsáveis por 53% dos registros de malária no interior, este ano. São Gabriel da Cachoeira é o município amazonense com o maior número de casos (7.980), seguido por Manaus, com 3.836. Barcelos registrou 2.208 e Santa Isabel 1.577. Uma das preocupações  é o crescimento, no  Alto Rio Negro, da malária P. falciparum, o tipo letal da doença.

Foto: Divulgação

Segundo o secretário estadual de Saúde, Francisco Deodato, o decreto de Situação de Emergência vai ajudar os municípios e o Estado a viabilizarem a compra de insumos e de equipamentos para intensificar as ações locais. “Por parte do Estado, vamos fazer o que for necessário para ajudar os municípios. Estamos, por exemplo, com processo tramitando para compra de mosquiteiros impregnados, para distribuir entre a população ribeirinha. Os municípios estão viabilizando a contratação de pessoal de vigilância”, disse.

Além do Alto Rio Negro, outros 13 municípios estão entre os prioritários nas ações de combate à malária, incluindo a capital Manaus. Para estes municípios prioritários, a Secretaria Estadual de Saúde (Susam) está garantindo, junto ao Ministério da Saúde (MS), aumento do valor dos repasses para essa finalidade. O acréscimo, concedido pelo MS, deverá variar de 20% a 50%.

O trabalho é focado, principalmente, na identificação de casos para tratamento assistido dos doentes e no controle do mosquito transmissor, o Anopheles. Estão sendo intensificadas a nebulização espacial com veículo tipo fumacê e borrifação intradomiciliar, principalmente nas comunidades rurais, mas também nas áreas urbanas.

“Temos hoje mil pontos de microscopia em todo o Estado para fazer o teste de laboratório e o diagnóstico precoce da malária, ação essencial para identificar, tratar os casos e, assim, interromper o ciclo do mosquito”, disse o diretor-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), o médico infectologista Bernardino Albuquerque. Segundo ele, a medicação é oferecida no próprio posto de microscopia onde é feito o exame. 

Foto: Divulgação

O Amazonas possui, hoje, 10.768 localidades cadastradas no Sistema de Vigilância Epidemiológica da Malária (SIVEP-Malária do Ministério da Saúde). Destas, 4.487 localidades têm transmissão ativa de malária. O Estado é considerado o de maior risco de transmissão da doença no Brasil, que se concentra, principalmente, em áreas ribeirinhas e indígenas.

Alto Rio Negro é prioridade

Em São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos, a FVS vem fazendo um trabalho forte de prevenção e controle com as equipes locais e o Exército. Uma força tarefa com técnicos do órgão atua nos municípios desde o início de maio. Foram enviados para a região veículos de Ultra Baixa Volume (fumacê), insumos de laboratório e testes rápidos para o diagnóstico da malária, bombas para nebulização espacial e intradomiciliar, medicamentos e outros insumos.

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Sintomas e prevenção

Febre alta, calafrios intensos misturados com ondas de calor e muito suor, dor de cabeça, dor no corpo, falta de apetite, pele amarelada e cansaço estão entre os principais sintomas da doença. Ao sinal do sintomas, a pessoa deve buscar uma unidade de saúde ou um posto de microscopia para fazer o exame. Não existe vacina para malária, e a recomendação é que a população não permaneça em áreas de risco como (igarapés e floresta), no período do fim da tarde e início da noite. Ou, se permanecer, evitar a picada do mosquito, com uso de repelentes, calças e camisas de manga longa e uso de mosquiteiro impregnado.

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