Com 11.765 notificações, São Gabriel da Cachoeira, Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro são responsáveis por 53% dos registros de malária no interior, este ano. São Gabriel da Cachoeira é o município amazonense com o maior número de casos (7.980), seguido por Manaus, com 3.836. Barcelos registrou 2.208 e Santa Isabel 1.577. Uma das preocupações é o crescimento, no Alto Rio Negro, da malária P. falciparum, o tipo letal da doença.
Segundo o secretário estadual de Saúde, Francisco Deodato, o decreto de Situação de Emergência vai ajudar os municípios e o Estado a viabilizarem a compra de insumos e de equipamentos para intensificar as ações locais. “Por parte do Estado, vamos fazer o que for necessário para ajudar os municípios. Estamos, por exemplo, com processo tramitando para compra de mosquiteiros impregnados, para distribuir entre a população ribeirinha. Os municípios estão viabilizando a contratação de pessoal de vigilância”, disse.
Além do Alto Rio Negro, outros 13 municípios estão entre os prioritários nas ações de combate à malária, incluindo a capital Manaus. Para estes municípios prioritários, a Secretaria Estadual de Saúde (Susam) está garantindo, junto ao Ministério da Saúde (MS), aumento do valor dos repasses para essa finalidade. O acréscimo, concedido pelo MS, deverá variar de 20% a 50%.
O trabalho é focado, principalmente, na identificação de casos para tratamento assistido dos doentes e no controle do mosquito transmissor, o Anopheles. Estão sendo intensificadas a nebulização espacial com veículo tipo fumacê e borrifação intradomiciliar, principalmente nas comunidades rurais, mas também nas áreas urbanas.
“Temos hoje mil pontos de microscopia em todo o Estado para fazer o teste de laboratório e o diagnóstico precoce da malária, ação essencial para identificar, tratar os casos e, assim, interromper o ciclo do mosquito”, disse o diretor-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), o médico infectologista Bernardino Albuquerque. Segundo ele, a medicação é oferecida no próprio posto de microscopia onde é feito o exame.
O Amazonas possui, hoje, 10.768 localidades cadastradas no Sistema de Vigilância Epidemiológica da Malária (SIVEP-Malária do Ministério da Saúde). Destas, 4.487 localidades têm transmissão ativa de malária. O Estado é considerado o de maior risco de transmissão da doença no Brasil, que se concentra, principalmente, em áreas ribeirinhas e indígenas.
Alto Rio Negro é prioridade
Em São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos, a FVS vem fazendo um trabalho forte de prevenção e controle com as equipes locais e o Exército. Uma força tarefa com técnicos do órgão atua nos municípios desde o início de maio. Foram enviados para a região veículos de Ultra Baixa Volume (fumacê), insumos de laboratório e testes rápidos para o diagnóstico da malária, bombas para nebulização espacial e intradomiciliar, medicamentos e outros insumos.
Sintomas e prevenção
Febre alta, calafrios intensos misturados com ondas de calor e muito suor, dor de cabeça, dor no corpo, falta de apetite, pele amarelada e cansaço estão entre os principais sintomas da doença. Ao sinal do sintomas, a pessoa deve buscar uma unidade de saúde ou um posto de microscopia para fazer o exame. Não existe vacina para malária, e a recomendação é que a população não permaneça em áreas de risco como (igarapés e floresta), no período do fim da tarde e início da noite. Ou, se permanecer, evitar a picada do mosquito, com uso de repelentes, calças e camisas de manga longa e uso de mosquiteiro impregnado.