Colo de útero lidera casos de câncer na Região Norte

Foto:Reprodução/Shutterstock

Na região norte, em especial no Amazonas, colo de útero é o recordista em novos casos de câncer registrados. Quem faz o alerta é o infectologista Vitor Mar. Segundo dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), em 2015, 277 mulheres morreram de câncer de colo de útero, no Amazonas. Em 2016, foram 250, sendo 175 apenas em Manaus, a maioria sem diagnóstico. A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) é de que nos próximos meses 600 novos casos sejam confirmados.

“As mulheres tem relação sexual desprotegida e acabam tendo contagio com o vírus do HPV, que é o grande responsável pelo aparecimento do câncer de colo de útero”, explica o infectologista.

HPV

O papilomavírus humano (HPV) é uma doença sexualmente transmissível, com mais de 100 tipos diferentes de infecção. Entre as mais graves formas de manifestação, o HPV pode causar o tipo de câncer com maior incidência no Amazonas – o de colo de útero.

“O HPV é um vírus que pode ser transmitido tanto por via sexual quanto por contato próximo com pessoas que são portadoras do vírus. Ele é o responsável pelo aparecimento de verrugas e até mesmo pelo câncer  de colo de útero, câncer de pênis e câncer retal”, explica o infectologista Vitor Mar.

A princípio, a doença não apresenta sintomas e, por isso, costuma ser diagnosticada em fases mais avançadas, quando começam a surgir sangramentos vaginais e dores pélvicas.

“O diagnóstico é feito através de exame clínico, analisando as lesões ou por meio do exame papanicolau, que é o preventivo na mulher. O tratamento é feito com substâncias aplicadas pelo próprio médico”, afirma Vitor Mar.

Apesar disso, ele ressalta que já existe vacinação que previne contra o vírus, em 90% dos casos.

“Hoje, o que temos de mais atual no Brasil, são as vacinas, que são liberadas para meninas de 9 a 13 anos e para os meninos de 11 a 15 anos incompletos”, ressalta o médico.

Sobre a vacina

De acordo com o cirurgião oncológico Jeancarllo Silva, a vacina contra o HPV deve ser aplicada preferencialmente antes do início da vida sexual, pois, como ainda não houve contato com o vírus, as chances de proteção são maiores. “Isso não significa, entretanto, que a imunização não deva ser feita após o início da vida sexual”, ressalta o cirurgião, que atua na Clínica Oncológica. O especialista diz que devem ser vacinadas até mesmo as mulheres que já tiveram diagnóstico da doença, para prevenir-se contra novas infecções e lesões.

Ele chama a atenção para a importância de vacinar também os meninos, porque o vírus pode causar feridas genitais, câncer de boca, entre outros. Hoje, a vacina está disponível na rede privada, nas apresentações bivalente e quadrivalente, que oferecem proteção tanto para tumores quanto para feridas genitais, respectivamente.

A diretora da Clínica Vacinar, Amanda Alecrim explica que a vacina é indicada para meninos e meninas, a partir de nove anos. A imunização é feita em três doses. “A recomendação é que a primeira seja aplicada aos noves anos, a segunda após dois meses e a terceira no intervalo de seis meses”, detalha a médica.

Ela destaca que a vacina é um grande avanço no combate ao câncer de colo uterino, mas diz que ainda há muitos mitos, medos e desconhecimento em torno do assunto. Um exemplo, diz ela, é a ideia de que a vacina estimula o início da vida sexual. “Isso não é verdade.

A aplicação da vacina é indicada a partir dos 9 anos justamente porque a criança não teve ainda contato com o vírus e, por isso, a proteção é maior”, frisou.

A diretora da Clínica Vacinar reforça que é essencial o esclarecimento, para aumentar a adesão. “Vários estudos foram realizados comprovando a eficácia da vacina na prevenção contra o HPV. Quanto mais pessoas imunizadas, maiores as chances a longo prazo de reduzirmos o número de casos de câncer de útero e de outras formas da doença também”, afirmou.

Além da vacinação contra o HPV, é importante praticar outras ações preventivas ao câncer de colo do útero, como a realização do exame de Papanicolau e o uso de camisinha em todas as relações sexuais.

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