Ao todo, o Amazonas registrou 52 casos suspeitos da Covid-19, dos quais 42 foram descartados, sete estão em investigação.
A Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) do Amazonas divulgou, nesta quinta-feira (19), o terceiro caso confirmado do novo coronavírus no Estado. Trata-se de uma mulher de 25 anos com histórico de viagem para o Peru, que está em isolamento domiciliar.
Desde o dia 29 de fevereiro, o Amazonas registrou 52 casos suspeitos da Covid-19, dos quais 42 foram descartados, sete estão em investigação e três foram confirmados.
Os dados foram atualizados durante coletiva on-line concedida na tarde dessa quinta-feira pelo governador Wilson Lima, o secretário estadual de Saúde, Rodrigo Tobias, e a diretora-presidente da FVS, Rosemary Costa Pinto. “Todos os casos que temos até agora são importados. Não temos ainda a transmissão comunitária”, disse a diretora-presidente da FVS.
O modelo de coletiva on-line, por meio de lives, tem sido a forma escolhida pelo Governo do Amazonas para falar com a imprensa e a população para atualizar as informações sobre o Covid-19, evitando aglomerações de pessoas.
Rosemary Costa Pinto esclareceu sobre o critério para a realização de teste para o coronavírus que não deve ser feito por qualquer pessoa, conforme protocolo do Ministério da Saúde. “Devem fazer o teste aquelas pessoas que tiverem febre e algum sintoma respiratório (tosse e falta de ar) e que estiveram – isso é muito importante – numa área de transmissão do vírus. Qual é a área de transmissão do vírus? Qualquer país no exterior. A OMS declarou uma pandemia, então qualquer país do exterior é considerado área de risco de transmissão do vírus. Ou que estiveram no Brasil em alguma área que está havendo transmissão comunitária”.
Segundo ela, a pessoa que preencher esses critérios deve buscar uma unidade de saúde da rede pública ou particular e o médico que fizer o atendimento vai definir se a pessoa é ou não suspeita para realizar o teste. “O local onde ele (paciente) vai aguardar o resultado do exame depende da condição clínica. Se ele está com um estado que precisa de internação, então ele vai ser internado e mantido em isolamento dentro do hospital. Caso contrário, ele vai ser liberado para casa com as recomendações de se manter em isolamento domiciliar. Saindo o resultado, se ele tiver positivo, as medidas serão intensificadas. Caso ele apresente algum sinal de gravidade, ele vai ser encaminhado para a unidade de referência para internação, que é o Hospital Delphina Aziz”.
O secretário de Saúde, Rodrigo Tobias, reforçou que o estado do Amazonas possui hoje leitos de UTI suficientes para receber casos graves de coronavírus e que, se houver necessidade, a capacidade pode ser ampliada. Conforme o Plano de Contingência, no Hospital Delphina Aziz, hoje existem 50 leitos de UTI disponíveis, que podem ser triplicados num primeiro momento podendo ampliar mais, caso haja necessidade. O Estado está em processo de aquisição de respiradores para garantir a ampliação.
Até o momento, nenhum paciente está internado no hospital. A primeira paciente confirmada com o coronavírus, ficou em isolamento domiciliar e está curada e os outros dois mantêm-se em isolamento domiciliar.
“Se houver necessidade, temos condições de ampliar no próprio hospital que, conforme o Plano de Contingência, ficará exclusivo para atendimento desses casos graves que precisam de internação”, disse o secretário, ressaltando que a unidade também tem condições de receber um hospital de campanha.
Conforme os estudos, 80% das pessoas acometidas pela Covid-19 apresentam sintomas leves, apenas 20% agravam e, desses, 5% irão apresentar complicações, precisando de internação em UTI.
Circulação de vírus sazonais no Amazonas e reforça medidas de prevenção
A FVS-AM alerta para gripes e resfriados neste período de fortes chuvas que corresponde ao inverno amazônico. O órgão reforça a sazonalidade para as doenças incluídas na Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). A 11ª edição do Boletim Epidemiológico da SRAG no Amazonas, divulgado nesta quinta-feira (19), aponta para 329 casos de SRAG. O boletim corresponde à análise de notificação de novembro de 2019 a 18 de março de 2020.
A SRAG está relacionada a infecções respiratórias, é o que explica Rosemary, epidemiologista de formação. “As infecções podem ser provocadas por diversos agentes etiológicos entre os mais comuns vírus e bactérias, e este é o momento do ano de maior ocorrência, por isso a importância de medidas protetivas individuais”, disse.
Rosemary aproveita para esclarecer aonde procurar o atendimento. “As unidades básicas de saúde estão aptas para receber pacientes com quadro leve de gripes, e as unidades de pronto atendimento devem ser utilizadas por aqueles pacientes que têm sinais de gravidade, como por exemplo, desconforto respiratório (falta de ar)”, disse.
A diretora reforça as medidas de prevenção para que a população se previna, evitando, inclusive, a aglomeração de pessoas. “Mantenham os hábitos de higiene, como a lavagem das mãos com maior frequência, se resguarde evitando a circulação desnecessária pela cidade”, disse.
Aulas suspensas em todo o Estado
O governador Wilson Lima assinou, nesta quinta-feira (19), novo decreto (nº 42.087) como medidas complementares para enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente do novo coronavírus (Covid-19). Entre as novas medidas estão suspensão, pelo prazo de 15 dias, das aulas da rede pública estadual de ensino em todos os municípios do Amazonas, bem como das atividades em academias de ginásticas e similares e dos serviços de transporte fluvial de passageiros.
“As academias também já começaram a fechar, e eu assinei essa determinação hoje. Recomendamos que outros locais de aglomeração também evitem o funcionamento nesse período. Precisamos proteger um ao outro. A gente tem que mudar agora a nossa rotina, e quanto mais rápido a gente tomar essa atitude, mais rápido a gente vai conseguir superar essa situação”, afirmou o governador.
No novo decreto assinado pelo governador, foram suspensas todas as aulas no âmbito da rede estadual de ensino em todos os municípios do Estado, integrada pela Secretaria de Estado de Educação e Desporto, bem como do Centro de Educação Tecnológica do Amazonas e da Universidade do Estado do Amazonas.
As suspensões foram estendidas as atividades de todas as academias e centros de ginástica, bem como outros estabelecimentos similares, no âmbito do Estado, assim como os serviços de transporte fluvial de passageiros, operados por embarcações de pequeno, médio ou grande porte, de qualquer natureza, dentro dos limites territoriais do Amazonas. As exceções são os casos de emergência e urgência, que serão definidos pela Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados e Contratados do Estado do Amazonas (Arsepam).
Aeroporto – Wilson Lima frisou que, embora seja uma competência do Governo Federal, o Governo do Estado também estuda realizar monitoramento no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes.
“Nossa maior preocupação com relação ao aeroporto é com o monitoramento. É algo que estamos discutindo com a Anvisa e com a Polícia Federal, para que nossas equipes possam entrar no aeroporto e fazer esse monitoramento, essa triagem de todo mundo que desembarca. Uma equipe da secretaria de Saúde está reunida com a Anvisa para encontrar esse caminho sem que haja conflitos de competência”, observou o governador.
Parcerias com setor privado – Durante a entrevista coletiva, o governador e o secretário de Saúde, Rodrigo Tobias, frisaram que o Estado tem quantidade suficiente de insumos, mas busca meios de ampliar o estoque, com parcerias com o setor privado.
O Governo, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), por exemplo, solicitou a doação, junto a empresa Recofarma Indústria da Amazônia Ltda., de 41 mil litros de álcool em gel 70% (líquido) com o objetivo de ajudar na prevenção da propagação do vírus e na proteção dos servidores da saúde e dos pacientes que buscam atenção médica.
“Já recebemos um quantitativo significativo de máscaras e vamos receber pelo menos mais 130 mil unidades de máscaras específicas para proteger todos os nossos trabalhadores da área da saúde”, completou Rodrigo Tobias.