Pecuária de leite em Rondônia ganha reforço com início de projeto da Embrapa no programa Agroleite

Por meio do projeto Transtec, estão previstas ações de pesquisa e transferência de tecnologia para promover a transformação do setor no estado.

Um projeto de pesquisa e transferência de tecnologias para o fortalecimento da pecuária de leite no estado de Rondônia, chamado Transtec é uma proposta pela Embrapa Rondônia.A pecuária de leite tem grande importância econômica e social para Rondônia, que é o maior produtor de leite da região Norte e o sétimo do país. Mais da metade das propriedades rurais do estado praticam esta atividade. No entanto, cerca de 80% dos produtores de leite de Rondônia são de base familiar, com produção média de 67 litros diários por propriedade, e a produtividade de 4,4 litros/vaca/dia. Com a adoção de tecnologias, este cenário pode mudar, com mais produção, produtividade, desenvolvimento do setor e qualidade de vida no campo.

Segundo o chefe de Pesquisa da Embrapa Rondônia, Henrique Cipriani, “Com a implementação do Sistema de Produção de Leite da Embrapa sabemos que é possível obter o dobro da produção de leite de um sistema convencional/rudimentar. Isso pode ser comprovado em propriedades atendidas por programas da Embrapa em Rondônia. Porém, há potencial para se quadruplicar a produção, contanto que haja investimento financeiro por parte do produtor”.

Foto: Renata Silva

O Transtec tem foco em estratégias e ferramentas para a formação e manejo de pastagens, manejo nutricional e reprodutivo do rebanho, controle da incidência de mastite e da qualidade do leite, bem como para gestão financeira da propriedade. As ações serão realizadas em todo o estado. Isso será possível por meio da implantação de Unidades de Referência Tecnológica (URTs) e da capacitação continuada de multiplicadores (públicos e privados) para a difusão das tecnologias e boas práticas de produção, tanto as desenvolvidas durante o projeto, quanto às validadas e ainda não adotadas. Estas URTs servirão como verdadeiras salas de aula, ou mesmo “laboratórios” para o desenvolvimento e validação de novas tecnologias, além de perenizar os frutos do projeto e servirem de modelo para as demais propriedades.

Segundo o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Rondônia, Frederico Botelho, a capacitação continuada subsidia a tomada de decisão dos técnicos no campo e permite que as tecnologias sejam difundidas de forma participativa e adaptativa, conforme as necessidades do produtor. “Como resultado deste trabalho conjunto, queremos promover a qualificação da assistência técnica e um impacto positivo na produção e produtividade dos sistemas de produção de leite no estado”, explica.

As pesquisas serão desenvolvidas nos campos experimentais da Embrapa Rondônia, e em parceria com produtores rurais e indústrias lácteas do estado. Neste processo, será possível a avaliação de tecnologias como forrageiras, manejos reprodutivos e estratégias para melhoria da qualidade do leite e sanidade animal em uma diversidade de ambientes, tornando a validação mais confiável e aplicável à realidade do estado.

Para Evandro Padovani, Secretário de Agricultura de Rondônia, “o projeto Transtec é muito importante para o Estado e possibilitará que a Embrapa possa disponibilizar resultados de pesquisa para o aumento da produção do agronegócio do leite em Rondônia. Serão disponibilizadas variedades de forrageiras e diversas outras tecnologias. Haverá a implantação de Unidades de Referência Tecnológica, onde faremos dias de campo juntamente com a Embrapa para difundir os resultados de pesquisa e fazer que chegue até o produtor rural. Durante os próximos cinco anos, nós teremos um acompanhamento da evolução das propriedades rurais. O Transtec vai ser um divisor de águas entre a atual produtividade de Rondônia. Eu tenho certeza de que o Projeto vai revolucionar a produção leiteira no estado de Rondônia”.

Ações de pesquisa

Pastagem – Está previsto no Transtec o desenvolvimento e validação de forrageiras com foco em amenizar a problemática da degradação de pastagens, principalmente a que está relacionada com ocorrência da síndrome da morte do capim-braquiarão (SMB) e a cigarrinha-das-pastagens. A diversificação trará impactos significativos, pois estas ocorrências se beneficiam de um ambiente de monocultivo. As variedades desenvolvidas no projeto atacam esses dois principais problemas, que implica, inclusive, na redução do consumo de agrotóxicos.

Reprodução – Também há previsão de desenvolver ferramentas para manejo reprodutivo de vacas leiteiras em condições de estresse nutricional e calórico, considerando as condições climáticas predominantes no estado. Este aspecto merece destaque, tendo em vista que a venda de bezerros é uma importante fonte de renda na atividade, assim como uma boa taxa de prenhez interfere diretamente na produção de leite.

Qualidade do Leite – Atividades para monitoramento e mapeamento dos pontos críticos de contaminação do leite em unidades de produção, fazem parte do projeto. Estes resultados são importantes para a definição de estratégias para o controle da qualidade do leite. Ações em parceria com produtores e a indústria podem fomentar a melhoria da qualidade do leite em Rondônia, garantindo um alimento saudável e mais nutritivo para os consumidores.

Ações de transferência de tecnologias e comunicação

Concomitante às ações de pesquisa, estão previstas atividades para implantação de 11 Unidades de Referência Tecnológica, que serão utilizadas como ferramenta para a disseminação e demonstração de tecnologias já desenvolvidas pela Embrapa para uso em sistemas de produção de leite a pasto. A seleção de tecnologias que serão implantadas em cada URT será feita com base em um diagnóstico inicial do sistema utilizado em cada propriedade e a implantação será realizada por um técnico com base em um plano trabalho elaborado pela Embrapa Rondônia.

Fazem partes destas ações a qualificação de técnicos para assistência em unidades de produção de leite em Rondônia, tanto de instituições públicas como privadas. Para isso, estão previstos eventos de capacitação continuada, visitas e excursões técnicas, dias de campo e seminários durante os cinco anos de vigência do projeto. Para potencializar as ações realizadas e fazer com que as informações cheguem aos produtores, técnicos e sociedade, serão adotadas estratégias de comunicação para favorecer o acesso ao conhecimento.

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