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Quarta, 24 Abril 2024

Temporada do caju

No mês de novembro começa a temporada do caju em Roraima. É um espetáculo da natureza. Não temos aqui uma festa turística e cultural do caju, porém a chegada da temporada é celebrada por toda a população, do campo e da cidade, indígena e não indígena, brasileiro ou estrangeiro. Durante os meses de novembro, dezembro e janeiro, ninguém compra caju em Roraima. Ninguém compra porque ninguém vende. Ninguém vende porque ninguém compra.

Maior cajual nativo do mundo, de acordo com os pesquisadores, Roraima ainda não dá a atenção que essa riqueza nativa merece. Nos quintais das casas, nas ruas, nos terrenos baldios, na beira das estradas e dos caminhos, na maloca, na cidade, no assentamento, na comunidade, os cajueiros estão presentes. Caju vermelho e caju amarelo. É a nossa nativa e natural árvore de Natal.

Foto: Giovanni Sacchi/Pixabay

Ninguém planta, nasce. Ninguém aduba, cresce. Ninguém molha, floresce. Ninguém aproveita, se perde. O caju faz lama. Nativo, adaptado, pronto, valioso, mas desperdiçado. O manejo sustentável mais viável desse cajual é colocá-lo como nossa atração turística do verão. É trazer gente pra comer e beber suco. Vamos convidar o mundo pra vir chupar caju em Roraima.

Vão-se os cajus, ficam as castanhas. O único aproveitamento comercial do caju em Roraima é a produção artesanal de castanha pelas comunidades indígenas. É possível encontrar essa castanha na Feira do Produtor concorrendo com a castanha de caju do Ceará. Outro uso do caju pelos povos indígenas é o mocororó, uma bebida fermentada tradicional.

Todos os anos, durante a temporada do caju, tenho preparado moqueca de caju para consumo próprio e para oferecer aos amigos e amigas. Veganismo roraimense. Todos adoram, mas não vende em nenhum restaurante. O caju ainda não faz parte de nenhum prato da culinária local. Cozinheiros e cozinheiras de Roraima, habilitem-se! Vamos colocar o caju no cardápio! Está aberta mais uma temporada do caju! 

Sobre o autor

Eliakin Rufino é poeta, compositor, professor e filósofo. Nasceu e reside em Boa Vista, Roraima. 

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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Comentários: 5

Jakeline santos em Quarta, 09 Novembro 2022 10:20

Que lindo,realmente,moro em região de chácara e aqui existem vários pés de cajus,e o desperdiço é imenso.
Que através desse "alerta" possamos valorizar essa riqueza ?
Eliakin como sempre arrasa.

Que lindo,realmente,moro em região de chácara e aqui existem vários pés de cajus,e o desperdiço é imenso. Que através desse "alerta" possamos valorizar essa riqueza ? Eliakin como sempre arrasa.
Yvone Duarte em Quarta, 09 Novembro 2022 14:14

Com teu artigo me vieram tantas lembranças, inclusive aquelas das manchas que uma boa chupada de caju promovia às nossas roupas! Adoroooooo assar as castanhas em latas recortadas. Bj

Com teu artigo me vieram tantas lembranças, inclusive aquelas das manchas que uma boa chupada de caju promovia às nossas roupas! Adoroooooo assar as castanhas em latas recortadas. Bj
Vanessa Brandão em Quarta, 09 Novembro 2022 14:32

Que alegria ver Eliakin por aqui, com sua escrita sempre tão original, poética, direta. E que saudade do cheiro do doce de caju ficando pronto na panela.

Que alegria ver Eliakin por aqui, com sua escrita sempre tão original, poética, direta. E que saudade do cheiro do doce de caju ficando pronto na panela.
Elias Venâncio em Quarta, 09 Novembro 2022 16:06

Viva o caju ! Caju à mancheia e manda o povo se empapuçar !

Viva o caju ! Caju à mancheia e manda o povo se empapuçar !
Lemmos Ribeiro em Quinta, 10 Novembro 2022 14:51

Parabéns pelo texto, emocionante!

Parabéns pelo texto, emocionante!
Visitante
Quinta, 25 Abril 2024

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