Temporada do caju

Durante os meses de novembro, dezembro e janeiro, ninguém compra caju em Roraima. Ninguém compra porque ninguém vende. Ninguém vende porque ninguém compra.

No mês de novembro começa a temporada do caju em Roraima. É um espetáculo da natureza. Não temos aqui uma festa turística e cultural do caju, porém a chegada da temporada é celebrada por toda a população, do campo e da cidade, indígena e não indígena, brasileiro ou estrangeiro. Durante os meses de novembro, dezembro e janeiro, ninguém compra caju em Roraima. Ninguém compra porque ninguém vende. Ninguém vende porque ninguém compra.

Maior cajual nativo do mundo, de acordo com os pesquisadores, Roraima ainda não dá a atenção que essa riqueza nativa merece. Nos quintais das casas, nas ruas, nos terrenos baldios, na beira das estradas e dos caminhos, na maloca, na cidade, no assentamento, na comunidade, os cajueiros estão presentes. Caju vermelho e caju amarelo. É a nossa nativa e natural árvore de Natal.

Foto: Giovanni Sacchi/Pixabay

Ninguém planta, nasce. Ninguém aduba, cresce. Ninguém molha, floresce. Ninguém aproveita, se perde. O caju faz lama. Nativo, adaptado, pronto, valioso, mas desperdiçado. O manejo sustentável mais viável desse cajual é colocá-lo como nossa atração turística do verão. É trazer gente pra comer e beber suco. Vamos convidar o mundo pra vir chupar caju em Roraima.

Vão-se os cajus, ficam as castanhas. O único aproveitamento comercial do caju em Roraima é a produção artesanal de castanha pelas comunidades indígenas. É possível encontrar essa castanha na Feira do Produtor concorrendo com a castanha de caju do Ceará. Outro uso do caju pelos povos indígenas é o mocororó, uma bebida fermentada tradicional.

Todos os anos, durante a temporada do caju, tenho preparado moqueca de caju para consumo próprio e para oferecer aos amigos e amigas. Veganismo roraimense. Todos adoram, mas não vende em nenhum restaurante. O caju ainda não faz parte de nenhum prato da culinária local. Cozinheiros e cozinheiras de Roraima, habilitem-se! Vamos colocar o caju no cardápio! Está aberta mais uma temporada do caju! 

Sobre o autor

Eliakin Rufino é poeta, compositor, professor e filósofo. Nasceu e reside em Boa Vista, Roraima. 

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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