Palavra premiada

Convido você, que é leitor da minha coluna, a ler essa ultra-atual literatura brasileira. Tenho certeza que será uma surpresa agradável, uma leitura instigante, um momento único.

Foto: Eliakin Rufino/Acervo pessoal

Por ocasião da I Semana Literária do Sesc/RR, realizada entre os dias 10 e 12 do mês em curso, o público presente teve o privilégio de conhecer os vencedores do Prêmio Sesc de Literatura 2022. Faz parte do Prêmio oferecer aos vencedores uma turnê pelas unidades do Sesc das capitais do país , proporcionando uma aproximação do escritor não só com o público presente nos eventos de literatura mas, principalmente, com a diversidade cultural brasileira. E o Sesc fazendo tudo isso com uma ameaça de corte de recursos. Uma ideia nefasta de esvaziar o investimento em Cultura.

Eliakin Rufino e Pedro Baía. Foto: Eliakin Rufino/Acervo pessoal

A escritora gaúcha Taiane Santi Martins, Vacaria(RS), venceu na categoria Romance com o livro Mikaia, “um romance que estabelece riquíssimas aproximações linguísticas entre Brasil e Moçambique”. As protagonistas do romance são mulheres. Mulheres negras. Uma delas é bailarina. Na dedicatória do meu exemplar Taiane Martins escreveu: “Esta dança atravessada pela memória e o afeto”. Foi uma alegria conhecê-la. Ela ama cavalos, dei a ela o meu livro Cavalo Selvagem com ilustrações do artista visual amazonense Turenko Beça.

O escritor paraense Pedro Augusto Baía, Abaetetuba(PA), venceu na categoria Conto com o livro Corpos benzidos em metal pesado. “Os trânsitos das comunidades e cidades apresentadas são enredados pelos desastres ecológicos, a morte dos rios e devastação ambiental de regiões, as migrações.” É um livro como Franz Kafka queria que fosse um livro: um murro na cara. A tragédia humana e ambiental da Amazônia exposta nos 11 contos que contém o livro. Na dedicatória do meu exemplar, Pedro Baía escreveu: “Um convite para conhecer esta jornada de corpos em Gaia”. Pedro já me conhecia através das canções em parceria com o também paraense Nilson Chaves. Dei a ele o meu Cavalo Selvagem.

Eliakin Rufino e Taiane Martins. Foto: Eliakin Rufino/Acervo pessoal

Os dois são jovens escritores, iniciantes, como quer o Prêmio Sesc de Literatura. O Prêmio existe há 20 anos e já revelou e encaminhou para o mercado editorial brasileiro mais de 35 autores e autoras. O foco é profissionalizar o escritor, oportunizar uma viagem de conhecimento e reconhecimento do país, aprofundar o debate, diversificar a visão. A presença desses escritores em Boa Vista é um presente do Sesc para os escritores e escritoras locais, para os professores de literatura e para o público leitor.

Convido você, que é leitor da minha coluna, a ler essa ultra-atual literatura brasileira. Tenho certeza que será uma surpresa agradável, uma leitura instigante, um momento único. Taiane é do Sul, Pedro é do Norte. Horizontes distintos. Perspectivas diferentes. Uma coisa é comum entre ambos: eles escrevem muito bem, suas palavras foram premiadas e o nosso prêmio é a leitura dessa nova e recente literatura brasileira. Aplausos para os vencedores! Palmas para o Sesc que ele merece!

Sobre o autor

Eliakin Rufino é poeta, compositor, professor e filósofo. Nasceu e reside em Boa Vista, Roraima.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

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