Monumentos em Boa Vista: os garimpeiros e o futuro

A estátua do garimpeiro. O herói da nossa gente. É o nosso “Cristo Redentor”.

A primeira obra de arte instalada na praça central da cidade de Boa Vista, foi uma escultura de sete metros de altura inaugurada em 1969. A estátua do garimpeiro. Um garimpeiro gigante, com traços fisionômicos afro-indígenas, curvado com sua bateia, procurando ouro e diamante. O herói da nossa gente.

Iniciativa do poder público, corria o tempo do Território Federal, o monumento era uma homenagem ao garimpeiro e pretendia celebrar uma suposta contribuição dada pela riqueza mineral para a economia local. A euforia foi tanta que a estátua do garimpeiro foi instalada em frente e a poucos metros do Palácio do Governo. E aí permanece. É o nosso Cristo Redentor.

A segunda obra de arte pública construída em Boa Vista, poucos anos depois do Monumento ao Garimpeiro, no início dos anos 70, foi a primeira Caixa d’água, cujo reservatório tinha forma de um diamante lapidado, um brilhante. A Caixa d’água que foi construída para dar início ao sistema de água encanada na cidade, também homenageava o garimpo. Uma reforma, anos depois, desapareceu com o diamante.

Foto: Reprodução/Prefeitura de Boa Vista

Um garimpeiro na praça central, um diamante na Caixa d’água: o garimpo sendo homenageado nas duas primeiras obras de arte públicas da cidade. A estátua do garimpeiro e a Caixa d’água criam um cenário e um destino de currutela para a cidade de Boa Vista. Nossa ação cultural, nosso trabalho artístico, meu e dos companheiros do Movimento Cultural Roraimeira, é não deixar que esse destino de garimpo se cumpra.

Nos anos 90 a cidade ganhou a Praça da Cultura, construída atrás do Palácio do Governo. Na Praça da Cultura há três estátuas: um indígena com seu arco e flecha, um vaqueiro com chapéu e laço e, mais uma vez, um garimpeiro com sua bateia. Ou seja, temos dois garimpeiros separados pelo Palácio do Governo.

Na segunda metade dos anos 90, fechando o século 20, Boa Vista ganha o Monumento aos Pioneiros, construído próximo ao antigo Porto do Cimento, onde a cidade começou. A obra, assinada pelo artista roraimense Luiz Canará, também é mais uma homenagem aos chamados colonizadores. Esses monumentos mostram uma visão colonizada da nossa história. Cabe a nós escrever outra versão.

Sobre o autor

Eliakin Rufino é poeta, compositor, professor e filósofo. Nasceu e reside em Boa Vista, Roraima.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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