Estudo recente aponta Roraima como terceiro Estado da Região Norte em intoxicações por agrotóxicos. Reproduzo trechos de um artigo que publiquei em 29/12/1995. Passados todos esses anos, o que já era ruim ficou pior.
Estudo recente aponta Roraima como terceiro Estado da Região Norte em intoxicações por agrotóxicos. Reproduzo abaixo, trechos de um artigo que publiquei em 29/12/1995. Passados todos esses anos, o que já era ruim ficou pior. O resultado do estudo publicado agora, atesta uma tragédia de grandes proporções.
Na época escrevi esse artigo chocado com um desastre ambiental, envolvendo um plantador de arroz, que foi notícia nacional.
“Choro ao ser atingido pela notícia de um dos maiores desastres ecológicos em Roraima. Um único plantador de arroz envenena o campo e mata mais de 15 mil aves utilizando 9 tipos de agrotóxicos diferentes. O coquetel da morte foi servido de forma criminosa e premeditada com o objetivo de eliminar as aves”.
“Choro de raiva e de pena. Raiva pela irresponsabilidade das autoridades que permitem o crime ecológico numa região tão bonita que deveria ser preservada. Raiva e indignação pela certeza da impunidade: o indivíduo mata 15 mil pássaros, sob o pretexto de estar plantando alimento – um alimento pouco recomendado para o consumo humano pela quantidade de veneno utilizado – paga uma fiança e pronto. Volta pra cuidar da plantação”.
“Não precisamos, para o nosso desenvolvimento, de atividades econômicas tão nocivas. Se um único plantador de arroz consegue matar 15 mil aves, quantas aves serão mortas pelo conjunto dos plantadores de arroz? Quantos rios serão envenenados? Quantos indígenas serão mortos e favelizados na luta pela terra? Queimando a floresta e envenenando o campo, Roraima não vai a lugar nenhum”.
“Nós, os consumidores, podemos fazer a nossa parte cobrando justiça e boicotando esse arroz. Vamos tirar o veneno do cardápio. Vamos tirar esse arroz de nossas mesas. Não podemos consumir um produto de alguém que mata 15 mil aves. Não podemos comprar um alimento que para ser produzido sacrifica nosso patrimônio natural. Não podemos comer, sem ânsias de vômito, um alimento com gosto de morte”.
Sobre o Autor
Eliakin Rufino é poeta, compositor, professor e filósofo. Nasceu e reside em Boa Vista, Roraima.
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