Realizou-se nos dias 29, 30 e 31 de maio passado, o XI Encontro Amazônico de Economia – XI Enam, organizado pelo Corecon-Amazonas com apoio do Conselho Federal (Confecon) e demais Conselhos regionais. Durante o evento foram discutidos temas da maior relevância relacionados à Revolução Industrial 4.0 e seus Reflexos sobre a Economia da Amazônia. Ao final, foi expedida a Carta de Manaus, cujo documento parte da premissa de que “a revolução industrial 4.0 em curso na economia global é uma realidade e está se globalizando e ganhando caráter transversal, levando as empresas a alinharem suas iniciativas estratégicas aos seus princípios e necessidades de produção”.
O documento considera que “a Indústria 4.0 é uma fusão de tecnologias físicas, digitais e biológicas, com tecnologias simples e que já fazem parte do nosso dia-a-dia, conectados à rede mundial de computadores”, destacando, como cerne da indústria 4.0: internet das coisas, big data, impressão 3D, computação em nuvem, sensores e atuadores, novos materiais, sistemas de simulação, sistemas de conexos máquina-máquina, infraestrutura de comunicação, manufatura híbrida, robótica avançada e inteligência artificial.
Os impactos mais visíveis do desenvolvimento da Indústria 4.0 se evidenciam, de acordo com o documento, “na substituição dos trabalhos manuais e repetitivos por recursos automatizados, na transformação do mercado laboral, na demanda por novas profissões, em particular na área de TC, na necessidade de novos modelos de negócios, e no aumento da demanda por P&D. Mas, por sua vez, também evidenciam a oportunidade de gerar novas soluções”.
Desta forma, o que se deve ser feito diante desse cenário que a cada dia se consolida, levando em conta que a economia brasileira ainda enfrenta um baixo nível de desenvolvimento?, argui a Carta de Manaus, considerando como maior desafio o aumento da produtividade, posto ainda se encontrar “na fase de transição da Indústria 2.0 para a Indústria 3.0, estando portanto bem distante da realidade da Indústria 4.0”.
Em relação à Zona Franca de Manaus, a alternativa é a diversificação da matriz econômica, levando em conta a viabilidade de implantação plataformas de tecnologias disruptivas, transformadoras, padrão Vale do Silício, dedicada ao encontro de soluções para exploração sustentável da bioeconomia amazônica. Um caminho sem volta, a depender de políticas públicas adequadas que priorize a instituição de amplo programa de investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I) e o fortalecimento da universidade e centros de pesquisa como formadores de soluções revolucionárias e recursos humanos altamente especializados nos novos campos do conhecimento que se abrem no século XXI.
A premissa, consensual no meio técnico e científico, consiste em investir na formação de engenheiros e profissionais especializados de elevada capacitação para produzir soluções nos vastos campos subjacentes à nova matriz econômica derivada da exploração em bases sustentáveis da biodiversidade: produção de alimentos (peixes, frutas, carnes e laticínios, farinhas), recursos minerais, conforme reservas já identificadas e dimensionadas; polo de petróleo e gás, bioengenharia, nanotecnologia, biotecnologia, biofármacos, serviços ambientais, ecoturismo, agropecuária e manejo florestal sustentado.
Este é certamente o futuro da Zona Franca de Manaus e da economia amazônica. Ciência e tecnologia, com efeito, devem ser entendidas como catalisadores de respostas concretas nesses campos. A propósito, o reitor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Sylvio Puga, acompanhado do pró-reitor de Inovação Tecnológica, Valtair Machado, anunciou, em sua palestra durante o Enam, a assinatura de convênio com a Universidade do Porto para implantação dos cursos de mestrado e doutorado em indústria 4.0 ainda no decorrer de 2019. Certamente, um passo de alto significado a impulsionar a economia do Amazonas rumo ao seleto clube 4.0.