O governador Wilson Lima, ao discursar em sua posse no Teatro Amazonas, anunciou que fará ampla reforma na estrutura administrativa pública estadual visando garantir eficiência na gestão, monitoramento e avaliação de políticas públicas. Na ocasião, enfaticamente afirmou: “Sinto-me encorajado a realizar as mudanças que o Estado e todo cidadão merece. Para este novo tempo minha equipe de governo acolheu, após avaliação do atual cenário, leitura e interpretação de dados, planejar a estruturação da administração estadual em três grandes eixos: gestão eficiente e responsável, desenvolvimento empreendedor e sustentável e um Amazonas com qualidade de vida”.
Tratando-se de reforma administrativa, cumpre levar em conta a empreendida pelo governo do Amazonas por meio da Lei 2330/95 que extinguiu a Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo (SICT), privando o Estado do órgão responsável pela política de incentivos fiscais e interface com SUFRAMA, SUDAM e áreas federais correspondentes. Também foi extinta, além da EMATER e CEPA (Comissão de Planejamento Agrícola), a Secretaria do Planejamento e Articulação com os Municípios (SEPLAM).
O governador Wilson Lima, por meio das reformas que pretende executar, tem a oportunidade de corrigir erros do passado e dotar o Estado de nova estrutura gerencial ágil, célere, livre de amarras político-eleitoreiras, compatível com as reformas em curso no âmbito do governo Federal. Passo que inclui a reestruturação da Suframa e da política de incentivos. A propósito, cumpre salientar que a Suframa ainda se rege por uma política de substituição de importações implantada pelo governo Militar em 1965. Quando de fato fazia todo sentido, mas não hoje. Sobretudo a partir da abertura da economia do governo Collor de Mello em 1990, ajustada às inevitáveis vinculações comerciais impostas pelo mundo globalizado.
Especular que a Zona Franca pode “acabar” face à nova vinculação ministerial não passa de renomada bobagem. Recorde-se: originalmente a Suframa vinculava-se ao Ministério do Interior, também extinto. Quando, em 2003, já vinculada ao Mdic, graças a sucessivos escândalos protagonizados no âmbito da autarquia, foi penalizada com a perda de sua autonomia financeira e de gestão, jamais resgatadas.O governo estadual, portanto, precisa estar de olho nas mudanças e apresentar ao governo Federal estudos e projetos que definam o que o Amazonas, não Brasília, espera da ZFM em sua caminhada rumo a 2073. De um ponto estou seguro: a nova subordinação significa o banimento de interesses partidários espúrios predominantes, regra geral, na escolha dos superintendentes do órgão.