Em hipótese alguma poderíamos sair da linha demarcada, mas Taner Freire de Verçosa quebrou o protocolo…
O ano era 1983. Pela primeira vez na América do Norte seriam realizados os Jogos Universitários Mundiais. Era a décima segunda edição e aconteceu na cidade de Edmonton, no Canadá. O dia: 1° de julho, Dia do Canadá. O Estádio Commonwealth recebeu mais de 60 mil pessoas, além de 2400 atletas de 73 países.
O padrinho dos jogos foi o Príncipe Charles da Inglaterra, que esteve na solenidade com sua esposa Lady Diana. Coincidentemente, a Lady Diana, popularmente conhecida como Lady Di, completava 22 anos. Foi o mais sonoro ‘Parabéns a você’ que ouvi na vida. Cantado por mais de 60 mil vozes.
Outra atração da competição foi a Delegação da China, que desde 1932, não participava de competições no Continente Americano. Nesta edição levou 200 atletas. A grande campeã dos jogos foi a delegação da União Soviética (hoje Rússia).
A equipe do Brasil, representada pela Confederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU), foi a única da América do Sul a entrar no quadro de medalhas. Ricardo Prado, recordista mundial dos 400 metros medley, ficou com a medalha de prata. Segundo ele, após receber a medalha, destacou: “Nem tinha me depilado”.
A medalha de ouro ficou com o voleibol feminino, que pela primeira vez na história conquistava um título mundial. A equipe era dirigida pelo professor Ênio de Andrade, que tive a honra de traduzir para o inglês na coletiva da equipe campeã, embora ele falasse fluentemente o inglês.
Na delegação do Brasil éramos quatro amazonenses: Roberto Gesta de Melo, presidente da CBAT; Taner Freire de Verçosa, presidente da CBDU; Wellington Nóbrega, recordista sul-americano dos 4 por 100, que conseguiu ir às finais e ficou no oitavo lugar; e eu, jornalista e diretor da CBDU.
Mas como a Lady Di colocou a CBDU no coração?
Horas antes da abertura dos Jogos, os dirigentes dos países foram convidados a um castelo, onde receberiam os comprimentos do Príncipe Charles e sua esposa Lady Diana. O Cerimonial foi bem claro: em hipótese alguma poderíamos sair da linha demarcada. Muito menos cumprimentá-los!
Durante a cerimônia, a Lady Di chegou em frente ao Taner, que quebrou o protocolo e esticou a mão para a Princesa. Ela foi receptiva ao cumprimento e, gentilmente, apertou a mão dele.
Ele não deixou por menos e foi além. Imediatamente, colocou na roupa da Princesa um PIN (broche) da Confederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU).
Assim, o amazonense e presidente da CBDU, Taner Freire de Verçosa, foi o único dirigente, entre todos, dos 73 países presentes aos Jogos Universitários Mundiais em Edmonton 1983 a apertar a mão da Princesa e, além disso, colocar um broche na roupa de um membro da realeza.
Então posso afirmar: este foi o dia que a Lady Di colocou a CBDU no coração. EU estava lá!
Por hoje é só! Semana que vem tem mais! Fuuuiiiiii!
Sobre o autor
Eduardo Monteiro de Paula é jornalista formado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com pós-graduação na Universidade do Tennesse (USA)/Universidade Anchieta (SP) e Instituto Wanderley Luxemburgo (SP). É diretor da Associação Mundial de Jornalistas Esportivos (AIPS). Recebeu prêmio regional de jornalismo radiofônico pela Academia Amazonense de Artes, Ciências e Letras e Honra ao Mérito por participação em publicação internacional. Foi um dos condutores da Tocha Olímpica na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.
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