Um desafio foi lançado aos nadadores do Atlético Rio Negro Clube em 1969: atravessar o Rio Negro a nado – do Cacau Pireira (Iranduba) até a Ponta Negra (Manaus). Desafio entusiasticamente aceito!
8h45m de um domingo ensolarado. Típico verão amazônico, na margem esquerda do Rio Negro. Dezesseis nadadores entram na água e escrevem uma História, que tem mais de 50 anos.
Antes de contar a história, voltemos aos primeiros meses do ano de 1969. O professor Waldir Oliveira lançou um desafio aos nadadores do Atlético Rio Negro Clube: atravessar o Rio Negro a nado – do Cacau Pireira (Iranduba) até a Ponta Negra (Manaus). Desafio entusiasticamente aceito! Imediatamente, a equipe começou a preparação e intensificou os treinos (manhã/tarde).
Afinal, teriam que nadar um pouco mais de dez quilômetros, rumo ao desconhecido. Sim, o desconhecido e querido Rio Negro: volume, velocidade, profundidade, temperatura, correnteza, peixes ou animais aquáticos. Além disso, os mais velhos contavam, que uma cobra grande, com mais de 14 metros, vivia no fundo do Rio Negro.
Como falamos dos anos 60, não existia, ainda, técnicas para nadar em águas abertas. Da mesma forma, como fazer o treino adequado, no sentido amplo da palavra. Mas nada disso diminuiu ou tirou o entusiasmo dos desbravadores nadadores. Aliás, nada disso passava na cabeça ou preocupava os destemidos atletas.
Explicações dadas, voltamos à 15 de novembro de 1969. Domingo típico de verão, céu claro, quase sem nuvens e sol escaldante. Lançam-se as águas escuras do Rio Negro, 16 nadadores do Atlético Rio Negro Clube cheios de garra e vontade de vencer o desafio.
Então, entra em cena o majestoso Rio Negro: águas escuras, de temperatura, correnteza e velocidade variada. Apenas um barco, com o professor Waldir Oliveira, que decidiu acompanhar a prova até o último nadador sair d’água.
Em uma distância de 10 km, chega-se a um ponto, onde não é possível enxergar uma referência, ou seja, tinha nadador nadando para todas as direções. Afinal, não era uma competição e sim um desafio.
Os 16 pioneiros não se intimidaram com as dificuldades e todos concluíram o “Challenge“. O primeiro a pisar nas areias da ponta negra (vazia, era 1969): Paulinho Rabelo, seguido de Aloísio Bittencourt, Taner Verçosa, Aly Almeida e dos outros nadadores.
O professor Aly Almeida explica: “levei mais de três horas para completar a travessia, mas nascia àquele momento, o maior desafio de águas abertas do continente americano: A Travessia do Rio Negro. Além disso, o desenvolvimento de técnicas para o nado em águas abertas”.
Lamento não lembrar o nome de todos: Paulo Rabelo, Kako e Patuka Caminha , Taner e Tales Verçosa, Aly Almeida, Antídio, Viete, Ely Paixão, Marcos Lourenço, Ricardo, Leopoldo Ponchê e o professor Waldir Oliveira (se o leitor lembrar dos nomes, agradeço a informação).
Este artigo foi escrito para homenagear este grupo de atletas, que conquistaram um espaço na História do Amazonas. Pois, após este desafio, foram mais longe na construção da história de outras modalidades esportivas.
Para contá-las necessitarei de muito mais espaço para escrever estas epopeias e, juro que o farei.
Por hoje é só, semana que vem tem mais! Fuuiiii!!!
Sobre o autor
Eduardo Monteiro de Paula é jornalista formado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com pós-graduação na Universidade do Tennesse (USA)/Universidade Anchieta (SP) e Instituto Wanderley Luxemburgo (SP). É diretor da Associação Mundial de Jornalistas Esportivos (AIPS). Recebeu prêmio regional de jornalismo radiofônico pela Academia Amazonense de Artes, Ciências e Letras e Honra ao Mérito por participação em publicação internacional. Foi um dos condutores da Tocha Olímpica na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.
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