A solução encontrada foi procurar a Confederação Brasileira de Desportos Universitários (CBDU), que à época era dirigida pelo amazonense Taner Freire de Verçosa.
Há alguns anos, os mais importantes judocas do Brasil se mobilizaram para acabar com a hegemonia e a eterna sucessão da família Mamede na direção do judô brasileiro. A participação em eventos internacionais representando oficialmente o Brasil, necessariamente e obrigatoriamente, precisava do respaldo técnico da Confederação Brasileira de Judô.
O movimento cresceu, pois os judocas estavam sem opções e sem poder participar de competições em outros países, visto que dependiam da anuência desta família. Durante a situação de conflito, houve um torneio Brasil X Japão e os atletas insatisfeitos queriam participar.
A solução encontrada foi procurar a Confederação Brasileira de Desportos Universitários (CBDU), que à época era dirigida pelo amazonense Taner Freire de Verçosa.
Como a CBDU é uma Instituição reconhecida internacionalmente, o governo japonês aceitou a participação desta Seleção Brasileira de Judô, sob a Coordenação da CBDU. O ano era 1990.
A Delegação Brasileira foi composta por grandes nomes do judô nacional, destaques internacionais e alguns medalhistas olímpicos e mundiais, a saber:
Chefe da Delegação: Onodera Ikuo
Diretor Técnico: Luís Carlos Novi
Técnico: Walter Carmona
Preparador Técnico: Henrique Simon
Atletas: Sérgio Pessoa, Rogério Sampaio, João Brigante, Ezequiel Paraguassu, Wagner Castropil, Aurélio Miguel, Frederico Flexa e Alessandro Púglia.
Por algum motivo, que não recordo, o Taner ficou impossibilitado de sair de Manaus. Como eu era diretor da CBDU, ele me encarregou de representar a presidência da confederação nesta honrosa missão.
Embarquei um dia após a Seleção Brasileira, que saiu do Rio de Janeiro. No aeroporto de Nagoya, em Tóquio, peguei (dentro do aeroporto) um trem bala direto para o evento.
Grande foi a dificuldade com a língua japonesa. Felizmente, meu inglês “quebrou o galho” e pude representar muito bem, mais uma vez, o Amazonas e o Brasil.
Na manhã seguinte fomos recebidos pelo senhor Honda (o dono da Honda) e sua diretoria, patrocinadora do encontro internacional. Em seguida, nos dirigimos ao histórico Tatame de Jigoro Kano (o Pai do Judô), na Escola Kodokan.
Vencemos desafios e opositores. Ganhamos de presente um fim de semana em um hotel tradicional em uma montanha gelada e coberta de neve. Experiência única em uma cultura milenar com a excepcional companhia de judocas de renome internacional que haviam vencido os japoneses no tatame deles.
O que aconteceu com o assunto da família Mamede? Na volta, em virtude do sucesso da missão, o movimento contrário cresceu! Eles continuaram mandando na modalidade por muitos anos. Foi uma longa briga. Qual acordo foi realizado entre os atletas e a família “dona” do judô brasileiro? Não sei, mas em 2000, dez anos depois, chegou ao fim a “dinastia” dos Mamede no judô do Brasil.
Por hoje é só! Semana que vem tem mais! Fuuuiiiiii!
Sobre o autor
Eduardo Monteiro de Paula é jornalista formado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com pós-graduação na Universidade do Tennesse (USA)/Universidade Anchieta (SP) e Instituto Wanderley Luxemburgo (SP). É diretor da Associação Mundial de Jornalistas Esportivos (AIPS). Recebeu prêmio regional de jornalismo radiofônico pela Academia Amazonense de Artes, Ciências e Letras e Honra ao Mérito por participação em publicação internacional. Foi um dos condutores da Tocha Olímpica na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.
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