Kart “made in Amazon”

No Amazonas, dezenas de pilotos começaram suas vitoriosas carreiras nesta categoria, como Antônio e Adriano Pizzonia.

Os amantes da velocidade sabem que, na maioria das vezes, a base para qualquer piloto de automobilismo é o kart. No Amazonas, dezenas de pilotos começaram suas vitoriosas carreiras nesta categoria. Dentre eles: Antônio Pizzonia, Adriano Pizzonia, Walter Neto, Márcio Pasaneli, Ruiter Rezende, Wigner Rezende, Rodrigo Penatti, dentre outros.

O que poucos sabem é que em Manaus, vivemos a aventura da criação de um Kart movido a diesel. Na década de 70, a MODIESEL era uma montadora de motores MWM de 9 a 2000 CV, nas versões estacionário, marítimos, grupos geradores e moto bomba.

Foto: Eduardo Monteiro de Paula/Acervo pessoal

Durante o período de funcionamento, a empresa tinha uma forte equipe de funcionários atletas, que dividiam as atividades (escola, esporte, lazer e trabalho) com as ideias do chefe. A equipe chefiada pelo Evandro era composta por: Estevão Monteiro de Paula, Henrique Mendes Jr., Carlos Augusto Ferreira e Lauro Rosas Monteiro de Paula. 

Repentinamente a ideia: projetar, criar e construir um kart a diesel, utilizando um motor de 1 cilindro, refrigerado a ar. Porém alguns desafios precisavam ser superados: adaptar e transformar o motor marítimo MWM de 4 a 6 cilindros em um motor veicular. Para o projeto, a equipe foi incansável. O desenvolvimento aconteceu nas horas de folga. 

Na construção foram utilizados: um motor MWM refrigerado a ar; embreagem industrial de fricção; 4 pneus com aros de Lambreta; bancos de Jeep; chapas de ferro; volante esportivo de VW; coxim para os motores; cantoneiras e; muita solda. Na bancada de testes a direção funcionou perfeitamente. Porém, o kart desligava a embreagem e parava.

No teste no pátio da fábrica, o volante trancou na curva à direita e colocou o “piloto” Evandro embaixo das caixas de motores. Ufa! Nas ruas do Distrito Industrial (à época sem asfalto na maioria delas), já com o volante consertado, era necessário ter um carro ao lado. Haja vista, com a ausência de velocímetro, era a única forma de saber qual velocidade alcançava.

Na primeira curva acentuada, o “piloto” Carlos Augusto (“peruquinha”), percebeu a ausência do freio e só conseguiu parar o veículo ao desligar motor. Por pouco não ocorreu um acidente grave.

Imaginem: um kart, com pouco mais de dois metros de comprimento, 80 centímetros de largura, pesando 60 quilos, mais o peso do piloto, rodando há 60 quilômetros por hora. Que susto!

Lamentavelmente, pelo elevado volume de trabalho na MODIESEL, o projeto ‘Kart a diesel’ teve que parar. Entretanto, o experimento mostrou o talento e a qualidade do operário amazonense.

Por hoje é só! Semana que vem tem mais! Fuuuiiiiii! 

Sobre o autor

Eduardo Monteiro de Paula é jornalista formado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com pós-graduação na Universidade do Tennesse (USA)/Universidade Anchieta (SP) e Instituto Wanderley Luxemburgo (SP). É diretor da Associação Mundial de Jornalistas Esportivos (AIPS). Recebeu prêmio regional de jornalismo radiofônico pela Academia Amazonense de Artes, Ciências e Letras e Honra ao Mérito por participação em publicação internacional. Foi um dos condutores da Tocha Olímpica na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

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