Companheiros das Américas: o futebol amador abrindo horizontes

O programa consistia em trocar informações técnicas: um médico especialista em Coração, dos Estados Unidos, passava uma temporada no Amazonas, e um médico especialista em Medicina Tropical passava uma temporada nos Estados Unidos.

Durante o Governo de John Kennedy nos Estados Unidos da América, existia um programa denominado “Aliança para o progresso”, que tinha o propósito de acelerar o desenvolvimento econômico e social da América Latina. Após ajustes e melhorias, o programa passou a ser chamado de “Patterns of Americas” (em português: “Companheiros das Américas”).

O programa consistia em trocar informações técnicas. Exemplo: um médico especialista em Coração, dos Estados Unidos, passava uma temporada no Amazonas, e um médico especialista em Medicina Tropical, daqui, passava uma temporada nos Estados Unidos. Cada Estado americano correspondia a um Estado brasileiro. No caso do Amazonas, o Estado irmão americano era o Tennessee.

O intercâmbio era válido para qualquer profissão, desde que o profissional fosse graduado em Universidade e estivesse trabalhando na especialidade.

Fotos: Eduardo Monteiro de Paula/Acervo pessoal

Edgar Monteiro de Paula Filho, presidente dos “Companheiros” à época, teve uma ideia para divulgar e expandir o programa: reuniu um grupo de profissionais de diversas áreas e montou um time de futebol. A ideia era realizar em solo norte-americano uma série de palestras e jogos amistosos.

Naquele tempo, o futebol estava em crescimento nos Estados Unidos e, como o Brasil sempre teve fama de melhor futebol do mundo, a ideia foi imediatamente aceita pela organização do programa.

O ano era 1985 e a equipe foi composta pelos seguintes “Companheiros”: Ruy Elias, Bill Anthony, Antônio, Rogério, Lafayette Vieira, Jorginho, Valdir Correa, Haroldo Aly, Leitão, Paulo Preto, Omar Salum, Nato, Coronel Ilmar, Dissica, Olinto Cabral, Haroldo Braga e eu. Além do Presidente da SUDAM, o Coronel Alípio de Carvalho, como palestrante. Jogamos em várias cidades: Jacksonville, Knoxville, Nashville e Chattanooga.

Realizamos muitos jogos, armamos o time de várias maneiras e contabilizamos centenas de histórias destes maravilhosos amistosos. Vencemos muitas partidas, começamos a fazer fama e a receber convites para diversos lugares. Depois dos amistosos, o Ruy Elias foi convidado para ministrar aulas de futebol com outros professores estrangeiros em um International Soccer Camp (acampamento), em Knoxville, em abril de 1986.

No ano seguinte reunimos, basicamente, os mesmos atletas, com alguns reforços: Adriano Antony, Edson Rosas, Antônio Silva, o técnico do Rio Negro Professor Mancini e a maior “estrela” da equipe à época: o Fabinho, jogador profissional em atividade no Amazonas.

Novamente, muitos amistosos em várias cidades! Até que fomos surpreendidos e convidados para jogar uma partida oficial, com a Seleção Olímpica dos Estados Unidos, que estava em preparação para as Olimpíadas em Atlanta, no Estado da Geórgia.

Meu Deus, quanta responsabilidade! Nossa equipe era composta por veteranos e éramos na verdade, profissionais de outras atividades, que mantinham o futebol como hobby.

Fomos levados à um estádio de futebol, na torcida o Embaixador do Brasil, o presidente do Comitê Olímpico Americano e a formalidade do toque dos Hinos do Brasil e dos Estados Unidos. Foi um massacre inesquecível: um “vareio”, para eles.

Ali paramos de jogar no exterior. Na verdade, o objetivo era motivar as pessoas a participarem ativamente do Programa de Intercâmbio Técnico. 

Por hoje é só! Semana que vem tem mais! Fuuuiiiiii!

Sobre o autor

Eduardo Monteiro de Paula é jornalista formado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com pós-graduação na Universidade do Tennesse (USA)/Universidade Anchieta (SP) e Instituto Wanderley Luxemburgo (SP). É diretor da Associação Mundial de Jornalistas Esportivos (AIPS). Recebeu prêmio regional de jornalismo radiofônico pela Academia Amazonense de Artes, Ciências e Letras e Honra ao Mérito por participação em publicação internacional. Foi um dos condutores da Tocha Olímpica na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

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