A corrida pedestre tinha o propósito de elevar a autoestima dos amazonenses e movimentar o comércio da capital.
Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo estava estagnado e sem motivação para produzir. Mesmo com a alegria da vitória dos aliados, a economia estava parada. Nesta época, a comunicação no Amazonas era dominada pela família Archer Pinto. A sede do Grupo era na Avenida Eduardo Ribeiro (onde havia uma agência do banco Itaú), ao lado do Edifício Manaus Shopping Center.
Empresário de visão, o presidente do Grupo, Henrique Archer Pinto, teve a ideia de criar uma corrida pedestre nas ruas de Manaus. A competição, tinha o propósito de elevar a autoestima dos amazonenses e movimentar o comércio da capital.
O percurso: largada em frente da sede do Grupo, subindo a Eduardo Ribeiro, passando pela Ramos Ferreira até o Boulevard Amazonas, entrando à esquerda em frente ao Cemitério São João Batista, virando à direita na Rua Belém, subindo a Avenida Carvalho Leal até a Avenida Sete de Setembro, retornando ao local da largada na Eduardo Ribeiro.
Lamentavelmente, Henrique Archer Pinto não pôde ver a realização do evento, pois faleceu antes. Mas a corrida número UM foi um sucesso “tremendo”, com representantes de vários Territórios Federais: Acre, Rondônia, Roraima e Amapá, que ainda não eram Estados.
A corrida foi vencida por dois atletas do Pará: José Maria Souza Júnior e Benedito Frazão; e o Amazonas ficou no terceiro lugar com o atleta Jair Sampaio (o Mundinho).
Com o falecimento de Agnaldo e Henrique e o sucesso extraordinário da primeira corrida, a família criou a corrida ciclística Agnaldo rcher Pinto, que como a pedestre, virou sucesso.
Uma curiosidade: Manaus era calçada com pedra de paralelepípedo e circundada por trilhos de bonde, ou seja, a bicicleta não conseguia manter uma velocidade regular. Solução: a largada da prova foi na estrada de barro da ‘Ponte da Bolívia’ (hoje barreira da Torquato). Para ir até lá, o saudoso Seu Amadeu Teixeira, colocava todos em cima do seu carro pipa de vender querosene.
O percurso
Estrada da Ponte da Bolívia, passando por poucas edificações na estrada do bombeamento (hoje Constantino Nery), a saber: estação de bombeamento (hoje revendedora de carros América Ford), Hospital Eduardo Ribeiro, Bosque Clube (o mais antigo campo de futebol do Amazonas), até o Boulevard Amazonas. A partir daí, seguia pela antiga Avenida João Coelho, até a Sede do Olímpico Clube (na esquina da Epaminondas), até a Rua da Instalação (onde começava o calçamento em paralelepípedo e os trilhos), passava pela Sete de Setembro até a curva da Eduardo Ribeiro, onde muitos ciclistas caíam em função do piso. A despeito das dificuldades, nada tirou o brilho do belo lançamento da prova.
Detalhe: para o evento, foi convidado o maior ciclista do Brasil à época, o paulista Claudio Rosas, que chegou à frente de todos, com quase meia hora de vantagem. Chegou, foi ao hotel tomar banho, trocar de roupa e fazer um lanche. Ainda assim, esperou muito pela premiação.
Outra curiosidade é que Claudio Rosas criou a fábrica de bicicletas Caloi. Quando da criação da Zona Franca de Manaus (ZFM), como forma de gratidão montou uma fábrica da marca em Manaus.
Alguns anos depois, foi criada a primeira competição ciclística, exclusivamente para mulheres, fora de São Paulo: a prova Amélia Archer Pinto, em homenagem à esposa do Agnaldo.
O resto da história vocês já sabem: o Grupo Archer Pinto fechou e quando a TV Amazonas se estabeleceu, o Doutor Phelippe Daou e o Doutor Milton Cordeiro (crias do Grupo), restabeleceram as corrida como forma de gratidão. Mas esta história conto em outra oportunidade.
Por hoje é só! Semana que vem tem mais! Fuuuiiiiii!
Sobre o autor
Eduardo Monteiro de Paula é jornalista formado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com pós-graduação na Universidade do Tennesse (USA)/Universidade Anchieta (SP) e Instituto Wanderley Luxemburgo (SP). É diretor da Associação Mundial de Jornalistas Esportivos (AIPS). Recebeu prêmio regional de jornalismo radiofônico pela Academia Amazonense de Artes, Ciências e Letras e Honra ao Mérito por participação em publicação internacional. Foi um dos condutores da Tocha Olímpica na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.
*O conteúdo é de responsabilidade do colunista