Além de toda a aparelhagem necessária para um estúdio de TV, era necessário alguns quilômetros de cabo coaxial que levaria a imagem do estúdio à casa dos assinantes.
O ano de 1967, em Manaus, no Amazonas, possuía 167.343 habitantes e só existiam nas comunicações em massa o rádio de ondas médias (.am), jornais e livros. Na época, quando algo de urgente chegava pelo telex, todos corríamos para os aparelhos de rádios da cidade e ficávamos ansiosos para ler os jornais bem cedo com informações mais completas.
Um detalhe: existiam poucos aparelhos de telefones e se quiséssemos falar “para fora” de Manaus, teríamos que ir até a Avenida Getúlio Vargas, na antiga Telamazon, marcar um horário com a pessoa que queríamos falar e usarmos uma cabine especial quando chamado pela telefonista. Acredite, era assim as comunicações.
De repente, naquele ano, desembarca em Manaus um grupo de técnicos e empreendedores de São Paulo com o intuito de criar o primeiro canal de televisão: a TV Manauara, e a cabo.
Na bagagem, além de toda a aparelhagem necessária para um estúdio de TV, era necessário alguns quilômetros de cabo coaxial que levaria a imagem do estúdio à casa dos assinantes.
A TV estava nos altos na Rua Marcílio Dias, em um prédio da empresa T. Loureiro e Companhia. E assim foi feito. Porém, antes resolveu-se fazer um teste para a família Hauache, que seria a detentora em Manaus.
Na Rua Belém, n°544 , a residência do empresário Edgar Monteiro de Paula, toda a sociedade da cidade reuniu-se em um amplo salão, com equipamento instalado com cabos até nos muros da casa, ligados a dez monitores de frente para rua que já acumulava um público considerável para a época. Afinal, ali nascia a magia da televisão nunca antes vista por aqui.
Além das notícias da cidade de Manaus e explicar como funcionaria a TV a cabo, foi realizado um espetáculo de entretenimento com o grupo da Juventude do Olímpico Clube, dirigidos pela atriz Ednelza Sahdo e do jornalista Pedrinho Aguiar e, acredite, apresentei uma imitação do cantor americano Louis Armstrong. Sim! Eu estava lá e nem sonhava em ser jornalista. No fim, a experiência foi um sucesso.
Manaus passava a ter um canal de TV preto e branco a cabo. Porém o impensável ocorreu, os cabos coaxial eram cortados pelas “linhas com cerol dos papagaios” e reposição custava muito caro. A família Hauache desistiu da TV Manauara e partiu para transmissão por ondas UHF, nascendo assim a TV Ajuricaba, em 1969.
O resto da história eu conto depois. Eu estava lá , por isso eu conto!
FUUUUUUIIIIIIIIIIIIIIIIII!!!
Sobre o autor
Eduardo Monteiro de Paula é jornalista formado na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), com pós-graduação na Universidade do Tennesse (USA)/Universidade Anchieta (SP) e Instituto Wanderley Luxemburgo (SP). É diretor da Associação Mundial de Jornalistas Esportivos (AIPS). Recebeu prêmio regional de jornalismo radiofônico pela Academia Amazonense de Artes, Ciências e Letras e Honra ao Mérito por participação em publicação internacional. Foi um dos condutores da Tocha Olímpica na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.
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