Considerado um dos mais modernos da América Latina, o Polo Industrial de Manaus (PIM) mantém seu status de atratividade e continua sendo referência para grandes investimentos estrangeiros. Recentemente, o modelo foi recomendado a investidores internacionais pelo jornal britânico Financial Times, obtendo a melhor avaliação na categoria Grandes Arrendatários da América e nas categorias Sustentabilidade, Expansões e Novos Investimentos. A premiação reconhece as zonas francas mais promissoras.
A publicação, especializada em apontar oportunidades de negócios em diversos segmentos, destacou ainda a ZPE (Zona de Processamento de Exportação) do Ceará nas categorias de Grandes Arrendatários da América (Large Tenants – Americas) e Melhorias em Infraestrutura (Infrastructure Upgrades).
Foto: Walter Mendes/JC
Na avaliação do superintendente da Superitendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), Appio Tolentino, o resultado é o reflexo do trabalho realizado ao longo dos 50 anos do modelo. Ele destaca a atratividade de empresas mundiais para o PIM (Polo Industrial de Manaus) que, entre outros, concentra os maiores players do segmento de duas rodas. “Temos um polo industrial pujante, que mesmo diante da atual crise, abastece o mercado brasileiro, está expandindo as exportações e tem a segurança jurídica necessária para a atração de novos investidores”, afirma Tolentino.
Segundo indicadores da Suframa, o faturamento das empresas do PIM cresceu 6,90% nos primeiros oito meses do ano e contabilizou a cifra de R$ 50,8 bilhões. Em 2017, o Conselho de Administração da autarquia já aprovou mais de 40 projetos de implantação somando US$ 223 milhões em investimentos e novas vagas de trabalho.
Investimentos garantem atratividade
Para o presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, o destaque para o PIM é o reconhecimento do trabalho desenvolvido pelo modelo nos últimos anos. “O polo tem investido em tecnologias de manufaturados, formação e qualificação de mão de obra e ainda ampliado seus níveis de emprego e renda na região. Isso resulta em uma atividade comparada a qualquer outro grande parque industrial do mundo”, disse.
De acordo com o consultor empresarial, Hélio Pereira, atualmente a ZFM é um dos poucos lugares do mundo com várias multinacionais operando no pátio industrial. Ele atribui alguns fatores para a boa avaliação estrangeira do modelo.
“Acredito que a seriedade tratada pelos gestores aliada a segurança jurídica e a melhor equipe de profissionais tanto para avaliação industrial do país, quanto para orientar os empresários foram fatores determinantes para o destaque do PIM”, explica.
O especialista conta que há fiscalização anual por parte da Suframa para detectar entre as empresas incentivadas, quais cumprem o acordo firmado em projeto. “A partir disso é apresentado um relatório de acompanhamento desse projeto, onde tudo é verificado com rigor.
Por exemplo, quando a empresa inicia a produção e declara que o insumo será comprado aqui, mas usa um importado, já descumpre a legislação o que faz com que todo o produto seja invalidado com contaminação de um único componente”, comenta Pereira.
Conservação ambiental
O modelo também foi destaque na conservação ambiental, com o prêmio “Melhor Zona Franca para Sustentabilidade”. Para Tolentino, além de todo o pacote de incentivos fiscais, o PIM tem a vantagem de ser um instrumento de preservação ambiental na Amazônia. “Estamos trabalhando ainda no aproveitamento dessa biodiversidade para a criação de produtos pautados na sustentabilidade dos recursos”, ressalta o superintendente. Atualmente o Amazonas possui 98% da floresta preservada.
Gargalos: logística e PPBs
Périco aponta como entrave para maior expansão do polo industrial a questão da logística, mas reforça que ainda assim, o modelo é uma grande referência para investidores internacionais. “A logística atrapalha porque interfere na perda de competitividade no mercado, no entanto, o modelo é sucesso e tem valor agregado para o país”, afirma.
Outro ponto lembrado por Périco é a necessidade da aplicação dos Processos Produtivos Básicos (PPBs) para diversificar e atrair outros segmentos econômicos. “É importante destacar que temos que fortalecer o PIM através de investimentos em outras atividades para não dependermos tanto do setor, que foi duramente penalizado pela crise econômica nos últimos anos”, frisa o representante.
Já para Pereira falta apoio do governo federal para disponibilizar mais lotes direcionados a locação de novas empresas no Distrito Industrial. “Na minha avaliação o DI está abandonado e hoje não tem condições de implantar muitas indústrias. Isso porque as melhores áreas já foram ocupadas e as existentes são impróprias”, analisa o especialista. O consultor defende ainda uma maior estimulação para a vinda de multinacionais e também acredita que a demora na definição de PPBs trava o desenvolvimento do PIM.