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Sábado, 20 Abril 2024

Professora resgata jogos tradicionais de aldeias no Xingu que estavam sendo perdidos, no Pará

Professora resgata jogos tradicionais de aldeias no Xingu que estavam sendo perdidos, no Pará
Jogos e brincadeiras tradicionais de integrantes da etnia Kayapó-Mebengôkre foram tema de uma pesquisa desenvolvida pela professora Aucirlene da Silva, durante o seu Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia, no município de São Félix do Xingu. O curso foi promovido pela Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio do Plano Nacional de Formação de Professores (Parfor).

A professora ressalta que sua pesquisa surgiu após integrantes mais velhos da etnia Kayapó-Mebengôkre apontarem a extinção de jogos e brincadeiras tradicionais daqueles povos. "Os mais velhos questionavam que a escola não se preocupava em desenvolver os jogos da cultura deles", conta a professora.
Foto: Divulgação
Em sua pesquisa, a professora identificou e descreveu atividades como o Peikrã, um jogo tradicional Kayapó praticado por homens na aldeia Pykakoti, no qual uma "peteca" feita com palha seca de milho e penas é lançada para o ar entre o grupo de participantes e quem deixar a peteca cair sofre punição.

Na aldeia Ngomejti, Aucirlene identificou o Tyrytiprêk: jogo disputado entre duas equipes em que os integrantes de cada time devem lançar caules das folhas de bananeira contra os adversários. Os integrantes atingidos deixam o jogo até que uma equipe inteira seja eliminada e o time adversário seja declarado vencedor.

Ainda na aldeia Ngomejti, a professora descreveu a brincadeira conhecida como Bebé, na qual as meninas enfeitam mangaras (o "coração" da bananeira) com roupas e pinturas como se fossem bebês. O objetivo delas é cuidar dos bebês e protegê-los dos ataques dos meninos, que tentam roubá-los e destruí-los.

"Essa brincadeira retrata um tempo em que os indígenas eram ameaçados constantemente, quando os brancos invadiam suas aldeias e promoviam massacres para ficar com suas terras, o ouro, representando o genocídio dos povos indígenas. Os meninos representam os brancos e as meninas interpretam os moradores das tribos", explica a professora.

Aucirlene destaca, ainda, que, apesar de terem se tornado práticas esportivas, algumas modalidades como o arco e a flecha, a canoagem e o arremesso de lança são atividades relacionadas à pesca e à caça, por isso não são considerados jogos tradicionais pela etnia Kayapó-Mebengôkre.
Foto: Divulgação
Parfor

Aucirlene atua na educação escolar indígena do município desde 2013 e é uma das 20 concluintes da turma, que receberá a outorga do grau no próximo mês de maio. Com a formatura, o Parfor UFPA chega à conclusão de 97 turmas de Pedagogia no Pará durante os 10 anos do programa, formando 2.755 novos pedagogos no Estado.

"Por meio do Parfor, eu aprendi a associar a cultura indígena e a cultura não indígena, fazendo uma aula diferenciada. Por mais que o currículo escolar indígena não seja diferenciado, aprendi a elaborar minha aula de acordo com a realidade deles", conta Aucirlene.

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