Resultados de monitoramento do macaco-de-cheiro são apresentados em Manaus

MANAUS – Durante o 16º Congresso Brasileiro de Primatologia, o Instituto Mamirauá apresenta os resultados do monitoramento do macaco-de-cheiro-da-cabeça-preta (Saimiri vanzolinii). A espécie, endêmica da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, é considerada como vulnerável à extinção. A pesquisa, realizada ao longo dos últimos cinco anos, demonstra que a população desse primata vem se mantendo estável nessa unidade de conservação.”O monitoramento de espécies ameaçadas é uma das mais importantes ferramentas para a conservação, pois dados de longo prazo permitem avaliar tendências populacionais e auxiliam gestores na criação ou aperfeiçoamento de planos de manejo. Com esse estudo, a principal conclusão é que a população tem se mantido estável, sugerindo que os esforços para sua conservação na Reserva Mamirauá têm sido bem-sucedidos”, afirmou uma das autoras do estudo, a pesquisadora do Instituto Mamirauá Fernanda Pozzam Paim, doutoranda da Universidade Federal de Minas Gerais.O monitoramento do macaco-de-cheiro foi possível com o método de amostragem de distâncias pela implantação de nove trilhas, com tamanho aproximado de dois quilômetros cada. As trilhas foram percorridas no período da cheia, entre maio, junho e julho, e no período da seca, entre setembro e janeiro. O monitoramento foi realizado em três áreas da Reserva Mamirauá: setor Mamirauá, Jarauá e Cauaçu.Em cada um desses setores, pesquisadores percorriam as trilhas uma vez por mês. Segundo a pesquisadora, a distância perpendicular (observador-trilha) do primeiro animal avistado era registrado e sua distância perpendicular até a trilha medida. Também foi registrado o número de animais em cada grupo e o seu habitat. Entre 2009 e 2013, as densidades variaram de 255,88 a 452,75 indivíduos/km².  Fernanda observou que os valores de densidade estão superestimados e, portanto, não possuem alto sentido biológico. Esse fato é atribuído à dificuldade de observação de primatas de pequeno porte e com grandes grupos sociais, como Saimiri, em florestas tropicais, especialmente na Amazônia. Dessa forma, métodos alternativos para a estimativa de densidade de primatas deveriam ser considerados. No entanto, os resultados demonstraram que não há flutuação populacional significante e que a população tem se mantido estável. Por tratar-se de uma espécie vulnerável a à extinção, o monitoramento contínuo deve ser considerado.O nome científico do macaco-de-cheiro-de-cabeça-preta (Saimiri vanzolinii) é uma homenagem ao compositor e zoólogo paulistano, Paulo Vanzolini, feita pelo primatólogo José Marcio Ayres, responsável por descrever a espécie e também pela criação da Reserva Mamirauá. Vanzolini foi orientador de mestrado de Márcio Ayres e o acompanhou em diversas viagens a Mamirauá. Além de criar composições inesquecíveis, Vanzolini formulou a Teoria dos Refúgios, que ajuda a explicar a grande biodiversidade da região amazônica. A espécie apresenta alto grau de endemismo. Sua área total de distribuição soma, aproximadamente, 870 km², sendo a menor área de distribuição entre os primatas neotropicais conhecidos. Referência em conservação de primatasDurante o congresso, o Instituto Mamirauá participa de duas mesas-redondas. Na terça-feira, dia 10, Felipe Ennes Silva, pesquisador de uacari do Instituto Mamirauá, participa da mesa-redonda “Lacunas de Conhecimento na Primatologia Brasileira”, tratando principalmente das “lacunas na primatologia da Amazônia”. Na quinta-feira, dia 12, o diretor-geral do Instituto, Helder Lima de Queiroz, participa do workshop “Conservação de primatas amazônicos”, apresentando “A ação do Instituto Mamirauá voltada à conservação de primatas amazônicos”.”O desenvolvimento de pesquisas voltadas a subsidiar a conservação da biodiversidade, é parte da missão do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Nos últimos 15 anos,nós desenvolvemos ações contínuas, bem como programas específicos, ambos relevantes para a conservação de primatas amazônicos, com maior ênfase nas espécies ameaçadas”, afirmou Helder.
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