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Sexta, 26 Abril 2024

Entendendo como funciona a mente de recrutadores

Entendendo como funciona a mente de recrutadores

Entender a mente das pessoas sempre foi um grande mistério. Desde sempre nós tentamos descobrir o que elas pensam, como reagem em suas essências e o que imaginam como possibilidades. Já pensou se conseguíssemos fazer isso na prática? Já pensou se alguém criasse uma máquina que pudesse nos dar essa visão, como uma bola mágica? Poderíamos tomar decisões mais acertadas, seja profissional ou pessoalmente. Mas enquanto não criam essa máquina, vamos trabalhar com a interpretação de comportamentos reais de acontecimentos do dia-a-dia.

Nesse artigo, traremos alguns exemplos práticos de situações que ocorrem todos os dias em processos seletivos. As interpretações que falaremos a seguir são reais e se reproduzem após colocações e afirmações de profissionais candidatos(as) a vagas de empregos.

Foto: Pixabay

Em uma entrevista, por exemplo, várias argumentações podem ser distorcidas ou até mesmo serem interpretadas de forma correta por quem recruta. Talvez por falta de conhecimento prático ou por pensarem que são afirmações que podem impactar, muitos profissionais as fazem sem perceber o resultado negativo que pode ocasionar. Veja algumas expressões e como são interpretadas:

“Preciso desse emprego para pagar a minha faculdade (ou curso)”: com uma colocação dessa forma, a tendência de desclassificação é enorme. Todo(a) e qualquer recrutador(a) não a interpreta muito bem, pois mostra apenas um objetivo de curto prazo. Além disso, pode demonstrar que o(a) profissional candidato(a) à vaga quer apenas passar um tempo na empresa até finalizar o seu curso. Ou seja: a interpretação de quem estiver recrutando é: “Provavelmente vai passar um tempo aqui e depois vai embora. Não tem planos de médio e longo prazo para crescimento aqui dentro. Não vai ficar conosco por muito tempo”. Se for, principalmente em uma empresa que tem plano de cargos e salários, o(a) profissional dificilmente será aprovado(a) para a próxima etapa. O ideal é que tenhamos projetos de longo alcance, que seja para terminar o curso, mas que seja também para usar todos os conhecimentos adquiridos no curso em prol da empresa, para solucionar gargalos, para logo em seguida fazer outro curso ou especialização de acordo com o que demanda o dia-a-dia, e assim ser promovido(a) e construir uma história de longo prazo, enfim. Um desejo único dificilmente despertará a iniciativa da contratação. Precisamos despertar o brilho nos olhos de quem estiver nos selecionando. Esse é o grande segredo.

“Tenho planos para seguir a área de docência”: se essa frase for dita em um processo seletivo para uma vaga fora da área educacional, a tendência também é de desclassificação. Muitos profissionais sonham em seguirem suas carreiras como professores, seja universitários, concursados, de cursinhos ou outros. E isso é muito válido. Porém, quando essa situação é colocada em uma conversa, a interpretação que o(a) recrutador(a) pode ter é: “Se o plano é dar aulas e ser professor(a), não vai querer ficar conosco por muito tempo. O nosso tipo de trabalho não é o objetivo real dessa pessoa”. Dessa forma, fica explícito que o objetivo real de querer aquele emprego é por qualquer outro motivo, menos o de querer crescer e ter um plano de futuro na organização. Normalmente, recrutadores(as) pensam em profissionais que possam dedicar-se integralmente para a função que está concorrendo, sendo 100% corpo e alma naquilo.

“Minhas opiniões são firmes, sou 8 ou 80 e sério(a) no que digo”: tudo que é radical dificilmente é bem visto, seja sobre os assuntos religião, esportes, política e tantos outros. Quando alguém faz uma colocação desse tipo mostra que tem um comportamento tendencioso para acreditar somente no que quer. A ciência comportamental comprova que podem ser pessoas inflexíveis. Dessa forma, o(a) recrutador(a) interpreta: “Uma pessoa aparentemente inflexível não vai aceitar conselhos, nem críticas, nem chamadas de atenção, nem novas adaptações. Posso ter problemas de relacionamento com o(a) chefe ou colegas de trabalho”. Num século que as empresas buscam gestores de conflitos, dificilmente um comportamento assim será aprovado. É claro que cada um de nós tem suas crenças e preferências. No entanto, no ambiente empresarial/profissional precisamos tentar equilibrar o máximo possível, para que assim nossas decisões não sejam tomadas com bases emocionais. No mundo corporativo, as decisões proliferadas de emoções podem nos levar a caminhos distorcidos da realidade. Precisamos ter muita cautela com isso. Caso contrário, poderá haver impactos negativos em nossos resultados e desempenhos.

“Tenho foco em resultados”, “Estou em busca de desafios”, “Gosto de pensar fora da caixa”: são frases de impacto, sem dúvida. E auditivamente soam muito bem. No entanto, muitas pessoas usam sempre essas mesmas expressões, que são consideradas clichês por quem recruta profissionais. Se você tem foco em resultados, ou busca desafios ou gosta de pensar fora da caixa, dê um exemplo disso, de como resolveu um problema e chegou aos resultados, de como encarou um desafio dado por um(a) chefe, de como você realmente pensa fora da caixa. Gestores empresariais gostam de ouvir casos reais e soluções. Assim, além de mostrar a parte prática de nossos comportamentos, poderemos deixar bem exposto como poderemos realmente ajudar a empresa a crescer em seus objetivos e diretrizes. Caso contrário, a interpretação que o(a) recrutador(a) pode ter é: “Sim, todos falam isso. Mas e a prática? O que pode comprovar que isso que está sendo dito realmente é verdade?”. Com uma dúvida dessa rondado a mente, dificilmente um(a) recrutador(a) dará a aprovação para a pessoa.

Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Articulista dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação e Reelaboração Curricular.

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