Conheça leituras indispensáveis de autores amazonenses que fazem sucesso dentro e fora da região

Milton Hatoum, Anibal Bessa e Marcio Sousa estão entre os autores amazonenses que têm grandes obras literárias a serem exploradas. Veja a lista!

Os mistérios da floresta e toda a magia que corre por entre os rios do Amazonas têm servido de inspiração e encantado milhares de artistas nas mais diversas regiões, principalmente para quem nasce nessas matas. Para Márcio Brás, diretor de cultura da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), a literatura dos clássicos escritores do Amazonas é um projeto de vida, que corre tanto em suas veias teatrais quanto literárias.

“Durante muito tempo a literatura do Amazonas ficou presa a um exotismo literário, o que interessa era a paisagem e não a pessoa, junto de um excesso de descrição. A partir de alguns romances, isso foi cortado. Os críticos literários começaram a ver a escrita amazonense com outros olhos, já que mesmo a Amazônia sendo a musa de romancistas como Milton Hatoum e Márcio Sousa, eles não se prenderam ao folclórico e ao exótico, quebrando essa barreira e compreendendo as relações sociais amazônicas”, explica o diretor.

Após desenvolver vários estudos decorrente da área, que vão até nomes como Sérgio Cardoso e Márcio Sousa, ele destaca algumas leituras indispensáveis dos manauaras que fizeram história. Confira:

Relato de um Certo Oriente – Milton Hatoum

Após um longo período de ausência, uma mulher regressa a Manaus, cidade de sua infância. Deseja encontrar Emilie, a extraordinária matriarca de uma família libanesa há muito radicada ali. Encontra a casa desfeita – como desfeitas para sempre estão as casas da infância.Situado entre o Oriente e o Amazonas, este relato é a busca de um mundo perdido, que se reconstrói nas falas alternadas das personagens, longínquos ecos da tradição oral dos narradores orientais.Com o sopro das obras que vieram para ficar, Relato de um certo Oriente apresenta ao público o talento de um escritor, a força de seu texto envolvente e, sobretudo, lírico.Recebeu em 1990 o Prêmio Jabuti de Melhor Romance e já foi publicado em vários países da Europa.

Foto: Divulgação

Dois Irmãos – Milton Hatoum

Onze anos depois da publicação de Relato de um certo Oriente, Milton Hatoum retoma os temas do drama familiar e da casa que se desfaz. Dois irmãos é a história de como se constroem as relações de identidade e diferença numa família em crise. O enredo desta vez tem como centro a história de dois irmãos gêmeos – Yaqub e Omar – e suas relações com a mãe, o pai e a irmã. Moram na mesma casa Domingas, empregada da família, e seu filho. Esse menino – o filho da empregada – narra, trinta anos depois, os dramas que testemunhou calado. Buscando a identidade de seu pai entre os homens da casa, ele tenta reconstruir os cacos do passado, ora como testemunha, ora como quem ouviu e guardou, mudo, as histórias dos outros. Do seu canto, ele vê personagens que se entregam ao incesto, à vingança, à paixão desmesurada. O lugar da família se estende ao espaço de Manaus, o porto à margem do rio Negro: a cidade e o rio, metáforas das ruínas e da passagem do tempo, acompanham o andamento do drama familiar.Prêmio Jabuti 2001 de Melhor Romance.

Foto: Divulgação

Galvez, O Imperador do Acre – Marcio Souza

Lançado originalmente em 1976, Galvez, Imperador Do Acre marca a estréia literária de Márcio Souza. Aclamado pela crítica nacional e internacional, o livro é uma novela folhetinesca, com todas as suas características: humor, aventura e uma causa a ser defendida. Mas sua maior qualidade é a capacidade de induzir o leitor a refletir, no relato de acontecimentos do passado, sobre o presente caótico da realidade brasileira e latino-americana.

Foto: Divulgação

Galvez, Imperador Do Acre conta a vida e a prodigiosa aventura de Dom Luiz Galvez Rodrigues de Aria nas fabulosas capitais amazônicas, e a burlesca conquista do território acreano contada com perfeito e justo equilíbrio de raciocínio, para a delícia dos leitores. Ambientado no fim do século XIX, mostra como o rápido avanço da revolução industrial multiplicou a demanda da borracha – motivo e fundamento do delirante boom amazônico, cujo monumento mais vistoso é Manaus, a capital da selva, a meca dos caçadores de fortuna, politiqueiros, rameiras de luxo e de outros gêneros, em suma, de visionários e aventureiros.

Mad Maria – Marcio Souza

O livro relata os episódios mais macabros e inacreditáveis dos registros históricos da construção da ferrovia focando-se num período de três meses, Márcio Souza força o leitor a confrontar o inferno. A ferrovia Madeira-Mamoré integraria uma região rica em látex na Bolívia com a Amazônia, mas encontrou obstáculos descomunais: 19 cataratas, 227 milhas de pântanos e desfiladeiros, centenas de cobras e escorpiões, a exuberância da floresta amazônica além da malária. As obras inacabadas deixaram um saldo de 3,6 mil homens mortos, 30 mil hospitalizados e uma fortuna em dólares desperdiçada na selva. O engenheiro inglês Stephan Collier comandava com mãos de ferro a construção da ferrovia, liderando um enorme grupo de homens de todo o mundo, indispostos entre si, no meio de uma floresta selvagem, ameaçados por toda a sorte de infortúnios.

Indo contra os interesses do seu idealizador, Farquhar, estava o ministro Juvenal de Castro, amigo pessoal do então presidente da República, o marechal Hermes da Fonseca. Planejando derrubar o ministro e tirá-lo do seu caminho, Farquhar descobre o romance extra-conjugal de Castro com a jovem Luísa, e tira proveito desse segredo. O livro teve sua adaptação para a TV na Rede Globo, também como minissérie.

Nova Subúrdios – Aldisio Filgueiras

Manaus é tema recorrente na obra poética e jornalística de Aldisio Filgueiras. O livro reúne poemas feitos entre 1997 e 2002, resultado do seu olhar crítico sobre a cidade onde nasceu. Os textos são marcados pelo experimentalismo linguístico e conteúdo de crítica social.

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Frauta de Barro – Luiz Bacellar

Há mais de 50 anos, a obra “Frauta de Barro” sagrou-se vencedora do Prêmio Olavo Bilac, no Rio de Janeiro. O concurso era nacional, atraiu poetas de várias partes do país. A comissão julgadora não poderia ser mais excepcional: Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade e José Paulo Moreira da Fonseca.

Foto: Divulgação

Ao olhar para a Manaus de sua infância e juventude, Bacellar, em sua obra, transcendeu matizes locais e ressignificou fatos do cotidiano de sua cidade. E foi esta observação privilegiada que conquistou a comissão, cujo parecer assim qualificou a poesia do amazonense: “Não estamos diante de uma poesia ‘confissão’, de uma poesia ‘desabafo’, porém face a uma contida estruturação do poema, face a uma escolha ‘consciente’ dos vocábulos. (…) O autor, em geral, sabe mesclar a ciência literária a uma efetiva capacidade de emocionar”.

Barro Verde – Elson Farias

A temática recorrente na obra do poeta Elson Farias é o universo vivencial do ribeirinho, seus mitos, sua existência de barro e água, seu perceber infinito e silencioso, verde. Sua poesia é um testemunho sobre o viver interiorano; o escritor captura nas malhas de seu canto a atmosfera e os sentidos do mundo Amazônico.

Foto: Divulgação

Suite Para Habitantes da Noite – Anibal Bessa

Reúne poesias do escritor amazonense Aníbal Beça. Especialista em tecnologia educacional na área de Comunicação Social foi diretor de produção da Televisão Educativa do Amazonas – TVE, Beça é também compositor de música popular e produtor de espetáculos e discos. Suíte para os habitantes da noite é seu sexto livro e faz parte da trilogia iniciada em 1987, com Noite desmedida e A palavra noturna. Entre seus livros destacam-se Hora nua (1984), Mínima fratura (1987) e Convite frugal.

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O Ler+1, programa do Amazon Sat inspirado no projeto da Fundação Rede Amazônica (FRAM), fala sobre essas opções de livros no episódio sobre Leituras Amazônicas. Assista:

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