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Sexta, 26 Abril 2024

Vazante dos rios no Amazonas reduz o transporte de carga em até 40%



MANAUS -
 O setor da navegação começa a sentir os impactos da vazante dos rios AmazonasSolimões e Madeira, principais rotas utilizadas no transporte de insumos e produtos industriais, GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), dentre outros. Devido à redução extrema no nível das águas e a dificuldade de navegação, as embarcações diminuíram em 40% a capacidade de carga transportada, com um acréscimo no tempo de viagem. Como resultado, o valor do frete poderá sofrer aumento de até 20%, ônus que deverá ser repassado aos contratantes dos serviços até o final deste mês. Balsas que chegam ou têm destino a Porto Velho já registram atraso de 15 dias na entrega. Enquanto os navios transportadores de gás contabilizam retardo de cinco dias no fornecimento.O presidente do Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas (Sindarma), Claudomiro Carvalho, conta que o setor fluvial enfrenta um período de dificuldades, após um semestre de boas condições de trafegabilidade proporcionadas pela cheia dos rios. Os meses mais críticos para o segmento, anualmente, segundo o presidente, são setembro e outubro. “Registramos atrasos nas cargas transportadas por balsas no trajeto Manaus/Porto Velho estimados em 15 dias, considerando o trajeto de ida e volta da embarcação. Em período de cheia esse trajeto acontece em 15 dias, sendo possível fazer até duas viagens ao mês”, explicou o presidente.As cargas de GLP transportadas por navios, registram retardo na entrega de sete dias, enquanto o transporte em período considerado bom para a navegação é feito em até cinco dias. De acordo com Carvalho, a redução no nível de água dificulta o transporte dos produtos e insumos. O transporte acontece, mas não conforme a capacidade plena operada no período da cheia. Há uma redução de 40% no volume transportado. Os problemas para a navegação e o consequente aumento no tempo de viagem, resultam no aumento no valor do frete. “Reduzimos a capacidade da embarcação, trazemos menos carga em uma viagem. Isso aumenta o custo e o tempo de transporte, o que afeta o valor do frete e também da mercadoria”, avalia. Carvalho explica que o rio Madeira é o corredor mais crítico com relação às condições de navegação por conta de encalhes em bancos de areia e colisões contra troncos de madeira. Segundo ele, na maioria dos trechos do rio é necessário haver o trabalho de dragagem (escavação de material do fundo dos rios), além da sinalização. Esses trabalhos estão sob a responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit-AM). “Sofremos com a falta de dragagem. Precisamos de condições para a navegabilidade e neste ano o Dnit não operou no rio Madeira. Agora não dá mais tempo. Ao cobrarmos, o departamento nos informou que os trabalhos não aconteceram em decorrência de limitações orçamentárias, mas que iriam realizar licitações no mês de agosto para que uma empresa fizesse o trabalho”, conta. “Agora, esperamos pela chuva para que haja um aumento no volume das águas e tenhamos melhor condição para navegar”, completou.Para efetivar o transporte, as balsas necessitam de um calado (parte submersa nas águas) de no mínimo, três metros. Porém, atualmente, as embarcações operam com 2,4 metros de calado, o que é considerado como situação extrema. Os terminais de passageiros dos municípios de Tabatinga e Benjamim Constant estão sem acesso às embarcações, devido à seca. Da mesma forma que os navios que saem de Coari com destino à cidade de Codajás; e navios que trazem insumos à Zona Franca de Manaus (ZFM) pelo oceano com destino a Paraná da Eva, também enfrentam problemas para ter acesso aos terminais. Solução? HidroviaPara o presidente da Federação Nacional das Empresas de Navegação Aquaviária (Fenavega), Raimundo Holanda, o gargalo da falta de acesso a alguns destinos estaduais, por meio fluvial, está na implementação de hidrovias. Ele informa que a categoria defende e luta pelas hidrovias há pelo menos 8 anos, mas que até agora, o governo federal não se mobilizou para tirar o projeto do papel. “É preciso aprofundar os leitos dos rios e isso é responsabilidade do Dnit. Lutamos por isso, no caso, para que seja feito no rio Madeira. O Dnit firmou contrato com algumas empresas, mas até agora nada foi feito. Também é preciso sinalizar a extensão”, disse. “A dragagem permitiria boas condições de trafegabilidade tanto no verão como no inverno”, completou.

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