“Um ambiente limpo serve como barreira entre os animais peçonhentos e as moradias”. A recomendação é do biólogo e coordenador do Setor de Acidentes por Peçonhentos da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), Edson Cruz, a respeito dos acidentes que podem ocorrer neste período, quando as chuvas se tornam mais intensas na região amazônica.
Os cuidados são necessários porque a intensidade das chuvas faz com que escorpiões, aranhas, lacraias, cobras, entre outros, apareçam nas moradias. Edson Cruz diz que, durante o período de muitas chuvas, os animais saem em busca de locais seguros, por isso a população deve prezar pela limpeza.
Segundo o biólogo, a melhor forma de evitar o contato com esses animais é manter limpas as áreas próximas às moradias. “O local sujo, com entulho, vegetação alta, por exemplo, serve como corredor para o animal chegar até as casas”, adverte.
Outra orientação dele é evitar deixar restos de comida na pia durante a noite ou jogar no quintal, pois este material é atrativo para baratas e ratos que, por conseguinte, atraem escorpiões, aranhas, lacraias e ratos, sendo que este último pode atrair as serpentes.
“A população tende a usar produtos químicos para tentar eliminar estes animais, mas este não é o meio correto”, adverte o coordenador do Setor de Acidentes por Peçonhentos da Semusa.
Segundo ele, a prevenção pode ser feita com ações simples do dia a dia. “Antes de usar roupas, sapatos e toalhas, faça uma observação atenta. Também é recomendável distanciar as camas em pelo menos 15 centímetros das paredes. É importante fazer a limpeza embaixo de móveis e eletrodomésticos, no mínimo, semanalmente. Quem trabalha na zona rural deve, ao remover entulhos ou fazer jardinagem, usar luvas de couro e botas longas. Tudo isso ajuda a evitar acidentes com esses animais”, recomenda.
A higiene e limpeza, além de prevenir os peçonhentos também ajuda a controlar a presença do caramujo africano e do Aedes Aegypti (dengue, zika vírus e chikungunya) por causa da água acumulada.
Em 2020, em Rondônia, foram registrados no município 171 casos de acidentes com peçonhentos, sendo 50% por serpentes, aranha (21%), escorpiões (15,8), lagartas (4%), abelhas (2%), outros (4,7%). Já em 2019, foram 245 ocorrências.
A maioria dos acidentes foi registrada na área rural e bairros na área urbana. O principal motivo é o desenvolvimento de alguma atividade com pés ou mãos desprotegidos.
O balanço mostra ainda que na maioria dos acidentes foram atingidos pés e dedos dos pés, pernas, mão e dedo da mão. “O uso simples de uma bota de borracha, por exemplo, evitaria cerca de 60% dos acidentes. Já o uso de luvas evitaria 22% dos acidentes”, exemplificou Cruz.
Em 2021 foram registrados 31 acidentes, sendo: serpentes (17), aranhas (3), escorpiões (7), abelhas (2), outros (2). A primeira orientação em caso de acidentes é manter-se calmo, lavar o local da picada com água e sabão. Ainda é recomendado não fazer torniquete e não colocar nada sobre o ferimento e buscar atendimento médico.
Em Porto Velho, o local de referência é o Centro de Medicina Tropical de Rondônia (Cemetron). Se possível, o acidentado pode apresentar uma identificação do animal envolvido, que pode ser foto ou vídeo, desde que não cause nenhum tipo de risco ou atrase a busca médica. Quando há crianças e idosos envolvidos, são necessários cuidados redobrados.