Acre decreta situação de emergência por agravamento da pandemia, surto de dengue, crise migratória e cheia dos rios

A medida possibilita mais rapidez ao estado na tomada de decisões, aquisição de equipamentos e insumos, contratação de pessoal

Enfrentando um ano completamente atípico e marcado por grandes desafios na gestão pública, o governo do Acre decreta situação de emergência a partir desta quarta-feira, (17). O crescente aumento no número de casos de Covid-19, surto de dengue, crise migratória na fronteira Brasil-Peru e a cheia dos principais rios acreanos motivaram a medida, que possibilitará mais rapidez ao estado na tomada de decisões, aquisição de equipamentos e insumos, contratação de pessoal, entre outras importantes ações.

A saúde pública atravessa o período mais crítico da história do Acre. Com a pandemia do coronavírus, mais de 53,5 mil pessoas testaram positivo para a doença. Até esta terça-feira, 16, 932 óbitos tinham sido registrados no estado.

Foto: Arquivo / Secom Acre

Com o aumento no número de internações, a rede pública hospitalar corre o risco de entrar em colapso, mesmo com os inúmeros investimentos realizados pelo governo estadual na construção de dois hospitais de campanha em tempo recorde, abertura de centenas de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI), semi-intensivos, e contratação de mais profissionais.

Outro agravante na área da saúde é o surto de dengue. Atualmente, 80% dos atendimentos realizados nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de Rio Branco são relacionados a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Somente na capital, são 8,6 mil casos suspeitos. Deste total, 1,5 mil foram confirmados.

O primeiro quadrimestre do ano é marcado pelos maiores volumes de chuvas. Com o aumento do nível dos rios nas principais bacias hidrográficas acreanas, vários municípios estão sofrendo com a enchente. Em Rio Branco, centenas de famílias foram surpreendidas com a cheia repentina de igarapés que cortam a capital. Além disso, o rio Acre está em situação de transbordamento.

Foto: Marcos Santos / Ascom Acre

No interior do estado, o cenário não é animador. Somente este ano, a população de Tarauacá enfrenta o segundo alagamento dos rios Tarauacá e Muru. Em Cruzeiro do Sul, a cheia do rio Juruá pode ficar marcada como a maior já registrada na cidade. Jordão, Mâncio Lima, Porto Acre, Rodrigues Alves, Santa Rosa do Purus e Sena Madureira também passam por transtornos causados pelo transbordamentos de rios.

Desde o último fim de semana, o clima é de tensão na fronteira Brasil-Peru. Cerca de 400 imigrantes, a maioria haitianos, tentam retornar ao país de origem. Porém, o acesso entre os dois países está fechado há quase um ano, por conta da pandemia de Covid-19. A retenção dos estrangeiros em Assis Brasil preocupa autoridades e moradores do município com um possível aumento nos casos de coronavírus.

Governo discute medidas emergenciais


Durante reunião na Casa Civil, nesta terça-feira, 16, secretários e membros do governo do estado debateram as principais ações que serão executadas a partir dos próximos dias, bem como a definição de estratégias que serão adotadas durante e após o período de emergência.

O comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Carlos Batista, espera que o reconhecimento da União a situação do Acre seja realizado com rapidez. “O Estado e os municípios não têm condições de arcar com todos os prejuízos causados pelas inundações. Precisamos de recursos complementares do governo federal para apoiar as ações que estão em andamento. Com a situação de emergência declarada, isso facilitará a questão de compras e contratações para fazermos o enfrentamento e assistência aos desabrigados”, declarou.

Foto: Diego Gurguel / Ascom Acre

O secretário Alysson Bestene pontuou que o governo não vem medindo esforços para prestar a melhor assistência possível a população acreana. “Toda a equipe do governador Gladson Cameli está trabalhando unida e integrada para desenvolver as melhores ações possíveis. O nosso principal objetivo é preservar a vida das pessoas e vencer essa batalha nesse momento de dificuldade que estamos vivenciando”, argumentou o gestor da Saúde.

O governador Gladson Cameli anunciou sua ida à Brasília, nesta quarta-feira, 17, para mostrar a atual realidade do Acre e solicitar o apoio emergencial do governo federal. Com a mediação do senador Marcio Bittar, duas reuniões com ministrados de Estado já foram confirmadas.

“Os ministros Paulo Guedes e Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, irão nos receber. Vou aproveitar essa oportunidade para relatar tudo que está acontecendo em nosso estado e solicitar o máximo possível de recursos e todo tipo de ajuda para amenizar o sofrimento do nosso povo”, afirmou.

O governo do Estado tem prestado assistência às pessoas atingidas pela enchente de rios e igarapés. Além da disponibilidade dos militares do Corpo de Bombeiros para remoção das famílias, centenas de cestas básicas e kits de limpeza estão sendo distribuídos gratuitamente a população.

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